sábado, 2 de julho de 2022

ODE A MANOEL ONOFRE JR (Gilberto Cardoso dos Santos)










ODE A MANOEL ONOFRE (Gilberto Cardoso dos Santos)


Manoel Onofre Júnior

Dedicou-se a escreviver.

É um contador de histórias

Que nos dão grande prazer.

Pela sua inteligência,

Repertório e competência,

Vale a pena a gente  ler.

 

Ele escreve mais que vive

Ou melhor: vive escrevendo.

Semelhante a hábil aranha,

Seu texto segue tecendo.

A sua escrita coesa

Atrai e vai com destreza

A mais leitores prendendo.

 

Escreve porque lhe apraz,

Não por razões mercenárias.

Ler e escrever viraram

Prioridades diárias.

Lembranças entesouradas

Dão histórias bem contadas,

Ternas, bonitas e hilárias.

 

Escreve com qualidade

E quantidade também.

A vida como ela é

Nele um bom narrador tem,

Pois fala de sua gente

Com lirismo comovente,

Da maneira que convém.

 

Literatura pra ele

É uma consolação.

Ler, escrever e reler

Dão plena satisfação.

De bons livros desprovido,

A vida perde o sentido,

É como faltar-lhe o pão.

 

À semelhança de Kafka,

Escritor proficiente,

Manoel, formado em Direito,

Brilha literariamente.

Em sua mente e conceito,

Literatura e Direito

Casam-se perfeitamente.

 

Vive altruisticamente,

Sem maiores pretensões,

Falando de sua gente,

Das pessoais impressões

Sobre  pitorescas cenas.

Dá zoom em coisas pequenas

E assim nos doa emoções.

 

Decerto é maravilhosa

Sua história pessoal:

Vem de Santana dos Matos,

Donde é filho natural;

Para Martins se mudou,

Em Mossoró estudou,

Por fim, ficou em Natal.

 

Cedo viu desenvolver-se

Grande amor pela leitura;

Ler virou seu maior hobby.

Graças à literatura

E estudos aprofundados,

Produz textos elevados,

Úteis à nossa cultura.

 

Semelhante a Miguel Torga,

Outro contista excelente,

Por um porvir literário

Sacrifica o seu presente;

No entanto, sem pretensões:

Literárias ambições

Não torturam sua mente.

 

Decerto a literatura

Brasileira e nordestina

Deve muito a esse homem

Que a escrever se destina

E leva vida espartana.

Escritor simples, bacana,

Que a tanta gente fascina.


 Numa máquina de escrever

Daquelas de antigamente

Transfere para o papel

Os frutos de sua mente

Bem antiquada parece,

Mas é nela que enriquece

O computador da gente.


Amigo da solidão,

Dos demais não afastado,

É humano em demasia,

Mas bastante humanizado.

Do sertão mental retira

O seu mel de jandaíra

A todos nós ofertado.

 

Certamente nos espanta

A grande abnegação

De quem auxilia tantos

Leitores em construção

Com seu literário cofre:

Para Manoel Onofre,

Nossa eterna gratidão.

 

Gilberto Cardoso dos Santos

Santa Cruz (RN), 24.06.2022


Ouça o poema:

https://drive.google.com/file/d/1UGsCrqsMqU-zOxpp20jdAj0ki9J2Cq5d/view?usp=sharinghttps://drive.google.com/file/d/1UGsCrqsMqU-zOxpp20jdAj0ki9J2Cq5d/view?usp=sharing

 




















Obras de Manoel Onofre Junior listadas por Thiago Gonzaga:

MANOEL ONOFRE JR

Nota Biográfica escrita por Thiago Gonzaga:

Nascido em Santana do Matos, sertão do Rio Grande do Norte, a 20 de Julho de 1943, Manoel Onofre de Souza Júnior viveu quase toda a sua infância em Martins, terra de sua família, também no sertão potiguar. Fez o curso primário no Grupo Escolar “Almino Afonso”, de Martins, e o secundário, a princípio no Colégio "Santo Antônio — Marista”, de Natal, depois no Colégio Diocesano "Santa Luzia”, de Mossoró e no Atheneu Norte-rio-grandense, de Natal. Graduou-se pela Faculdade de Direito de Natal — UFRN (1967). Quando estudante universitário, foi professor de História do Brasil, repórter e colunista de jornais de Natal. Em 1º de Setembro de 1970, após breve exercício da advocacia, ingressou na magistratura do Rio Grande do Norte. Juiz de Direito, titular sucessivamente das comarcas de São Bento do Norte, Taipu, Pau dos Ferros, Martins, Mossoró (2ª Vara) e Natal (3ª e 6ª Varas Criminais. Na qualidade de Juiz integrou o Tribunal Regional Eleitoral do RN. Promovido, por merecimento, a Desembargador (1989), exerceu as funções de Corregedor da Justiça e membro do Conselho da Magistratura. Aposentando-se, passou a dedicar-se às atividades literárias. Autor de 37 livros e 3 opúsculos, mereceu estudo bibliográfico do escritor e professor Francisco Fernandes Marinho, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no livro “Manoel Onofre Jr. — 40 anos de Vida Literária — 1964/2004" e teve suas entrevistas sobre temas literários enfeixadas no livro “Literatura Etc. — Conversas com Manoel Onofre Jr," pelo escritor Thiago Gonzaga. É membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, sócio correspondente da Academia Mossoroense de Letras, membro da Academia de Letras e Artes de Martins, sócio honorário da Academia Ceará-mirinense de Letras e sócio do Instituto Cultural do Oeste Potiguar. Cidadão honorário das cidades de Natal, Martins e Umarizal.


OBRAS DO AUTOR

Serra Nova. Contos e crônicas. Natal: Edições Rumos, 1964.
Martins - Sua Terra, Sua Gente. Ensaio. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 1966.
Histórias de Meu Povo. Contos e crônicas. Rio de Janeiro: Cia. Editora Americana / Instituto Nacional do Livro, 1968.
A Primeira Feira de José. Contos e Crônicas. Natal: Fundação José Augusto, 1973.
Estudos Norte-rio-grandenses. Ensaios e notas. Natal: Fundação José Augusto, 1978 (Prêmio “Câmara Cascudo”).
Breviário da Cidade do Natal. Natal: Edições Clima, 1979. 2ª. edição revista e aumentada. Natal: Edições Clima, 1984.
Salvados. Ensaios e notas. Natal: Fundação José Augusto, 1982. 2ª. edição revista e aumentada. Natal: Edições Sebo Vermelho, 2002. 3ª edição revista e aumentada. Natal: Offset Editora, 2014.
Chão dos Simples. Contos. Natal: Edições Clima, 1983. 2ª. edição revista e aumentada. Natal: RN Econômico, 1998. 3ª edição revista e aumentada. Mossoró: Sarau das Letras Editora, 2014. 4ª edição, Recife: Editora Bagaço, 2018.
Guia Poético da Cidade do Natal. Natal: Nossa Editora – Fundação José Augusto, 1984.
Retretas, Serenatas. Ensaio. (Plaquete). Natal: Nossa Editora, 1984.
O Caçador de Jandaíra. Crônicas. Natal: Edições Clima, 1987. 2 ª. edição refundida, sob o título “O Caçador de Jandaíras”. Natal; Edições Sebo Vermelho, 2006. 3ª edição revista e aumentada, Natal: 8 Editora, 2019.
Os Potiguares — 1 - Contistas. Antologia. Natal: Nossa Editora, 1987.
O Diabo na Guerra Holandesa. Ensaios e notas. Natal: Nossa Editora, 1989.
MPB Principalmente. Ensaios e notas. Natal: Edições Clima, 1992.
A Palavra e o Tempo. Diário Íntimo. Natal: Edição do autor, 1994.
Ficcionistas do Rio Grande do Norte. Ensaios. Natal: CCHLA/UFRN, 1995. 2ª. edição revista e aumentada, sob o título Ficcionistas Potiguares. Natal: Edição do autor, 2010.
Guia da Cidade do Natal. 3ª. edição revista e aumentada do Breviário da Cidade do Natal. Natal: EDUFRN - Editora da UFRN, 1996. 4ª. edição revista. Natal: EDUFRN — Editora da UFRN, 2002. 5ª. edição. Natal: Edições Sebo Vermelho, 2009.
Espírito de Clã. Ensaios e notas. Natal: Edição do autor, 1997. 2ª. edição revista e aumentada. Natal: Edição do Autor, 2003. 3ª edição revista e aumentada. Natal: Offset Editora, 2013.
Literatura & Província. Ensaios e notas. Natal: EDUFRN - Editora da UFRN, 1997.
O Chamado das Letras. Cartas. Natal: Edição do autor, 1998. 2ª edição revista e aumentada, em parceria com Thiago Gonzaga. Natal: CJA Edições, 2015.
Poesia Viva de Natal. Antologia. Recife: Nordestal Editora, 1999.
Recordações do Paraíso. Crônicas. Natal: Academia Norte-rio-grandense de Letras, 1999.
Martins - A Cidade e a Serra. Ensaios e notas. Natal: Edição do autor, 2000. 2ª. edição revista e aumentada. Natal: Edição do autor, 2002. 3ª, edição revista e aumentada. Natal: Edições Sebo Vermelho, 2005.
Um Gentleman do Sertão. Ensaio (Plaquete). Mossoró: Fundação Guimarães Duque / Fundação Vingt-un Rosado, 2001. 2ª. edição revista e aumentada. Natal: Sebo Vermelho Edições, 2003.
Contistas Potiguares. Antologia. Natal: Edições Sebo Vermelho, 2003.
Coronel Cristalino. Ensaio. (Plaquete). Mossoró: Fundação Guimarães Duque / Fundação Vingt-un Rosado, 2003.
Umarizal — Síntese Histórica e Biográfica. Ensaios e notas. Natal: Edições Sebo Vermelho, 2004.
Imortais do RN. Fascículo para a obra Leituras Potiguares, coordenada por Rejane Cardoso. Natal: SECD-RN / Diário de Natal, 2004.
Simplesmente Humanos. Ensaios. Natal: Edições Sebo Vermelho, 2007. 2ª edição refundida, Natal; Edições Sebo Vermelho, 2019.
Portão de Embarque — Brasil, Brasis. Notas de viagens. Natal: Edições Sebo Vermelho, 2008.
Portão de Embarque-2 — Portugal. Notas de viagens. Natal: Edições Sebo Vermelho, 2009. 2ª edição revista e aumentada. Mossoró: Sarau das Letras Editora, 2012.
Conversa na Calçada. Crônicas. Natal: Edição do autor, 2011.
Alguma Prata da Casa Ensaios. Natal: Editora Nave da Palavra, 2012. 2ª edição revista e aumentada. Natal: 8 Editora, 2016.
A Servidão Diária. Jornal Literário. Natal: CJA Edições, 2014.
A Servidão Diária 2. Jornal Literário. Mossoró: Sarau das Letras Editora, 2015.
Humor no Conto Potiguar. Coletânea. Natal: 8 Editora, 2016.
Polycarpo Feitosa - O Excêntrico Dr. Souza. Natal: 8 Editora – Caravela Selo Cultural, 2016.
O Chamado das Letras II. Cartas em parecia com Thiago Gonzaga. Natal: 8 Editora, 2017.
Retratos de um Homem de Bem. Cicero Onofre, Cientista e Professor. (Org.). Natal: Edições Sebo Vermelho, 2017.
Os Onofres. De Portugal para o Brasil. Ensaio biográfico e genealógico. Natal: 8 Editora, 2018.
Antonio de Souza (Polycarpo Feitosa). Uma Biografia. Natal: 8 Editora,2020.
O Desafio das Palavras. Artigos e ensaios. Natal: 8 Editora, 2020.


7 comentários:

  1. Maravilha de versejar!!! Parabéns confrade Gilberto !!!

    ResponderExcluir
  2. Manoel Onofre Jr. é um escritor que dignifica a cadeira que toma assento na Academia Norte-riograndense de Letras... Ele faz por onde merecer o título de "imortal" das letras. É um autor com grande contribuição à nossa literatura. Parabéns, amigo Gilberto Cardoso, por tão singela homenagem. Grande abraço.

    ResponderExcluir
  3. Excelente escritor e pessoa humana! (Nailson Costa)

    ResponderExcluir
  4. Belíssima e justa homenagem, revestida de lirismo doce como o mel de jandaíra... Nosso Manoel Onofre merece!!!👏👏👏👏👏👏👏👏👏 - Horácio Paiva

    ResponderExcluir
  5. Gente fina de escrita refinada.
    Conheci-o no programa Memória Viva (TVU); eu e ele fomos convidados para ladear o prof. Marinho.
    Oportuna e justa homenagem, feita pelas mãos poético-professorais do Gilberto Cardoso.
    Parabéns a ambos! - José da Luz Costa

    ResponderExcluir
  6. Parabéns, Gilberto Cardoso, por eternizar através do cordel uma figura tão importante para prosa e a crítica literária de nosso estado. Gilvan de Oliveira

    ResponderExcluir
  7. Muuuuito bom, caro Gilberto!👍👍 - Jomar Morais

    ResponderExcluir

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”