sábado, 11 de dezembro de 2021

PARABÉNS PARA SANTA CRUZ/RN - Heraldo Lins

 


PARABÉNS PARA SANTA CRUZ/RN


Santa Cruz pediu o divórcio de São José do Mipibu em 1876. A coitada era distrito daquele município e se achava muito discriminada. Coronel Mipibu, como era conhecido,  maltratava sua esposa dizendo que ela nunca iria se tornar município, permaneceria sendo vila por "séculos sem fim amém".

Quando ela era criança recebeu o apelido de Malhada do Juazeiro, exatamente porque gostava de comer juá trajando um vestido colorido. O tempo foi passando, os juás escasseando, até que com a puberdade colocaram-lhe o apelido de Santa Rita da Cachoeira tendo em vista que ela era muito boa e morava na fazenda Cachoeira. 

Mas ela nunca desistiu de fazer faculdade para se tornar uma cidade diplomada. Estudou os ramos das inharés, e entendeu que precisava fazer uma cruz com a madeira desta árvore para que pudesse prosperar, o que de fato aconteceu.

Depois desta cruz o nome dela passou a ser Santa Cruz do Inharé, entretanto, foi no dia catorze de novembro de 1914 que sua vida mudou quando ela bateu na mesa e disse: a partir de hoje eu sou Santa Cruz, nome até hoje preservado e lembrado como sendo a mãe maior dos indígenas tapuias.

O tempo foi passando e ela só retornou a ser lembrada com a enchente de 1981. Naquela ocasião, teve seu cabelo raspado por causa da quimioterapia, mas depois se reergueu dando a luz ao conjunto Cônego Monte. A partir de então a religiosidade foi crescendo a ponto de fazerem uma estátua de Santa Rita de Cássia no monte Carmelo. Seu plano é colocar um bondinho para melhor acesso à estátua e, com isso, fortificar o velacho de cidade santuário.

Hoje, ao nascer do sol, fogos de artifício despertaram os santa-cruzenses para lembrar a data do aniversário desta hospitaleira cidade.

As casas abriram suas portas e janelas para ver a banda passar sob o comando do maestro Camilo.

Detalhe que não fugiu dos observadores é que havia um cão acompanhando a banda, e, segundo testemunhas, aquele animal já é freguês das alvoradas. Se eu fosse budista diria que naquele vira lata há um músico reencarnado , mas, para um realista, o cachorro estava era com fome braba. Continuemos!

A permanência da banda em frente à igreja matriz de Santa Rita de Cássia, trouxe recordações da inauguração do relógio da torre na época em que o povo permanecia abrigado em barracas do exército, e via, nessa ação, uma esperança de que a vida estava voltando à normalidade. 

Hoje,  Santa Cruz completa 145 anos de emancipação política, e a esperança continua, só que desta vez é para que haja água nas torneiras.


Heraldo Lins Marinho Dantas

Santa Cruz/RN, 11.12.2021 - 11:00









5 comentários:

  1. Parabéns, Heraldo. Bela maneira de apresentar a história de Santa Cruz. Além disso, tive a oportunidade de aprender algo novo, das antigas. - Gilberto Cardoso

    ResponderExcluir
  2. Parabéns, Heraldo Lins! Um rápido passeio pela história de Santa Cruz recheado de boas informações,com um agradável tom e chamamento reflexivo para os dias atuais.

    ResponderExcluir
  3. Uma criança, uma menina, uma mulher emancipada, fotografada com as palavras estílosas de um grande escriba. Parabéns, Hera!

    ResponderExcluir
  4. Obrigado a Gilberto, Roberto Flávio e Nailson pelas palavras de incentivo...
    A luta continua...

    ResponderExcluir
  5. Um texto sobre a situação de Santa Cruz em relação ao abastecimento de água.

    Santa Cruz que teve o abastecimento de água, desde água salobra de péssima qualidade com captação da bacia hidráulica do açude santa cruz, atravéz do sistema de saneamento de água e esgoto de Santa Cruz, SAAE, fundado e construído em 1968. Depois do rompimento do açude que provocou a enchente, a captação para o fornecimento de água à população passou para o açude do Inharé, conhecido como açude do Alívio. A água era submetida a um tratamento convencional, com coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção e distribuição até 1993. Com uma grande seca no período os açudes secaram, e Santa Cruz passou a ter a distribuição de água através de caminhões-pipas em chafarizes até 1998. Durante esse tempo, vários movimentos populares, políticos e religiosos aconteceram em busca de soluções para a falta d'água no município, entre eles, a construção da adutora da lagoa do Bonfim até Santa Cruz, um projeto já com estudos de engenharia realizados, anos antes, o mesmo defendido pelo pároco de São Paulo do Potengi, monsenhor Expedito.
    Assim, aconteceu a construção da adutora que recebeu o nome de adutora monsenhor Expedito. O objetivo era atender as cidades das regiões Agreste, Potengi e Trairi, em especial, Santa Cruz, por ser, além da maior cidade, a pioneira nas movimentações e pressão para concretização da obra. A obra aconteceu após o pároco de Santa Cruz, monsenhor Raimundo, colocar uma faixa na frente da igreja de Santa Rita de Cassia, que dizia: "Adutora sim! voto sim!
    Adutora não! voto não"
    No entanto, a adutora foi construída, e resolveu o problema de falta d'água e Santa Cruz passou a ter água potável de boa qualidade nas torneiras todos os dias. Com o passar do tempo, mais cidades foram agregadas à adutora, as populações também foram aumentando e a vazão da água da adutora começou a ficar insuficiente para atender a população com água todos os dias.
    Desse modo, todos em Santa Cruz passaram a receber água em sistema de ródizio, no início demorava 2 dias para receber água, depois 3 dias, 4, 5, 6 e assim seguiu aumentando o período do rodízio sem água. Hoje fica de 10 a 15 dias, ou até mais sem receber água, e quando recebe o volume é insuficiente para o consumo devido ao tempo sem receber.
    Desse modo, Santa Cruz volta a ter problemas de falta d'água muito sério levando a população a recorrer ao abastecimento de água através de carros-pipas. Para não Repetir a história de ficar sem água outra vez, é preciso que o povo, os políticos, os seguimentos da sociedade organizada, os líderes religiosos etc, lutem para a concretização da nova adutora, denominada Adutora Agreste Potiguar que integra a adutora monsenhor Expedito, onde irá resolver de imediato o problema de falta d'água de Santa Cruz e das cidades atendidas pelas adutoras, uma concepção com estudos e projetos em andamento.
    Do mesmo modo, existe outra concepção em estudo, que parte da conclusão da transposição do rio São Francisco até a Barragem oitica atravéz do Rio Piranhas, onde o transbordamento irá encher o manancial Armando Ribeiro que dá origem a adutora das santas, que estudos apresentados beneficiaria Santa Cruz num horizonte futuro.
    Porém, segundo informações sem fonte oficial, tal projeto muda a concepção inicial e a adutora será construída até Currais Novos. Portanto, a ideia é que Santa Cruz deve continuar no projeto como uma solução futura no abastecimento de água.

    E Assim segue a história!!!

    IRIMAR VASCO
    Engenheiro Diretor Técnico do Saae.

    ResponderExcluir

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”