O cego "Carrañaca", 1915
O CANTO DOS CEGOS
A feira na minha freguesia, era no domingo. Para nós meninos avulsos, a feira era um dia de certa forma cheio de novidades. O propagandista, no meio da feira, vendendo literatura de cordel, pavão misterioso, a princesa Teodora, os "Doze Pares de France", bem essa era uma das novidades.
Dentre muitas coisas que apareciam, naqueles domingos, uma não se perdera na fuligem do esquecimento: Os cegos cantando, cantos tristes, ladainhas pedindo uma esmola, rogatórias invocando a bondade de Deus, para motivar as pessoas a lhes ajudarem.
Retrospectando a História Antiga, lembremos do bardo cego da Grécia, ou melhor das ruas de Atenas, HOMERO. Esse que deixou o maior legado da oralidade, os poemas: A Odisséia que conta as peripécias do herói de Ítaca Uisses e a Ilíada, que narra a Guerra de Troia, com seus ícones, Heitor, Paris, Menelau, Aquiles, o velho Príamo, e não esquecer Helena raptada.
Bem, voltamos ao miolo do assunto, os cegos cantadores, pedintes, contando as proezas, os feitos, de heróis que depois passariam para a História Universal. Nessa aselha, de lembrar os cegos cantadores dos Balcãs, na Idade Média.
Esses heróis anônimos, morreram na miséria que lhe acompanharam a vida toda, mesmo assim são o grande estuário da história.
J E.S.
Admiro demais a maneira como escreve o grande homem do Direito!!
ResponderExcluirSempre usando termos da língua do povo sertanejo, como "voltando ao miolo.da história". Rsrs
Parabéns por "encarnar" nos textos a alma do povo nordestino!!
João Maria de Medeiros Dantas