CUITÉ, CIDADE MÃE
I
Cuité de nossas raízes
Desde os nossos primitivos
Dos escravos ou cativos
Dos tempos bons ou das crises
Nos destes a naturalidade
Onde a grande autoridade
Diz é verdade e dou fé
Usando a lei com seus termos
E dando o orgulho de sermos
Naturais e pertencermos
À cidade de Cuité.
II
Cuité, estás situada
Na planície dessa serra
És o orgulho da terra
Por Jesus abençoada
Carrego em minha lembrança
Quando ainda era criança
Que estudava no pré
Eu quase não entendia
O que a professora dizia
Que eu também pertencia
À cidade de Cuité.
III
Cuité, cidade serrana
Construída nesta chã
Confesso que sou teu fã
Desde a primeira choupana
Eu não era nem nascido
Mas conforme tenho lido
Não tenho dúvida que é
Dos lugares que andei
De todos que visitei
O melhor que encontrei
Foi você mesmo, Cuité.
IV
O que mais dignifica
É a nossa escola ETAC
Mas o verdadeiro destaque
É o Olho d’Água da Bica
Seu banho é medicinal
Quem diz é o pessoal
Que desce a ladeira a pé
Para obter uma cura
Vê-se em cada criatura
E, quando obtém, até jura
Não sair mais de Cuité.
V
Sai da fresta do rochedo
Esta água cristalina
O cientista examina
Mas não desvenda o segredo
Despenca de morro abaixo
Chega a espuma faz cacho
Na direção do Imbé
Essa fonte de riqueza
Doada da natureza
Faz realçar a beleza
Da cidade de Cuité.
VI
Quem faz uma caminhada
Às seis horas da manhã
Passa na Caboatã
No trinar da passarada
Descendo pelo Ingá
Indo até o Jatobá
Nem se lembra do café
Vendo os pardais e concriz
Beliscando os maturis
Se considera feliz
Por residir em Cuité.
VII
Quem vê o dia raiando
Do Campo de Aviação
As grutas da União
Quando o sol vem clareando
Na cordilheira da serra
Já vem aquecendo a terra
Do grotilhão ao sopé
Aquele ar fresco e puro
Vai expulsando o escuro
Daquele cascalho duro
Só pra clarear Cuité.
VIII
Não há mesmo que resista
Depois que sobe a ladeira
Tanque do Verde e Teixeira
E o bairro da Bela Vista
Seguindo na mesma pista
Vem o bairro São José
E a Rua Sete que é
A entrada principal
Por ela, o pessoal,
Vai ao Centro de Cuité.
IX
Na planície dessa serra
A brisa sopra macia
Com a temperatura fria
E o vento varrendo a terra
E quem desejar conhecer
Alguém que, só vendo crê,
E diz: Sou como São Tomé!
Não precisa ter receio
Nem duvidar, que é feio,
Resolva dar um passeio
Na cidade de Cuité.
X
Mas por curiosidade
A minha vontade é tanta
De homenagear a santa
Padroeira da cidade
Aquela que, na verdade,
O seu hino expressa a fé
Maria de Nazaré
A grande medianeira
Mãe puríssima e verdadeira
Que é a nossa padroeira
Da cidade de Cuité.
Autor: JOSELITO FONSECA DE MACEDO, vulgo, DAXINHA.
JOSELITO FONSECA DE MACEDO, mais conhecido como poeta Daxinha, nasceu em Cuité/PB, em 14/08/1938. Filho de José Adelino de Macedo e Maria Marieta da Fonseca, nasceu na zona rural de Cuité, mais precisamente no Sítio Boa Vista do Cais, popularmente conhecido como Sítio Pelado. Aos 20 anos, viajou para os estados de Minas Gerais e Goiás, onde trabalhou como agricultor e vaqueiro. Mas foi no estado de São Paulo que se fixou, trabalhando como metalúrgico nas principais usinas siderúrgicas da região do ABC paulista. Retorna à Paraíba em 1985, retomando suas funções de agricultor. Sempre gostou de poesia, sobretudo, do gênero cordel no qual, ainda menino, já escrevia seus primeiros versos. O retorno a Cuité aproximou-o ainda mais de suas raízes, fazendo-o mergulhar com mais fervor no mundo da poesia. Sempre convidado a se apresentar em eventos culturais da cidade, seus versos focavam, principalmente, no cotidiano das pessoas simples – como ele mesmo o era. Tem como obras publicadas um CD de poesias intitulado: “Poeta Daxinha – Um Amante da Poesia”, o cordel “O batente de pau do casarão” e uma participação póstuma no livro “APOESC em Prosa e Verso”, do também poeta Gilberto Cardoso dos Santos. Casado, pai, avô e bisavô, o poeta Daxinha faleceu em 04/05/2016, em Campina Grande/PB, vítima de insuficiência cardiorrespiratória. (Jaci Azevedo, filha)
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