sábado, 17 de julho de 2021

CUITÉ, CIDADE MÃE - Poeta Daxinha








 CUITÉ, CIDADE MÃE


I

Cuité de nossas raízes

Desde os nossos primitivos

Dos escravos ou cativos

Dos tempos bons ou das crises

Nos destes a naturalidade

Onde a grande autoridade

Diz é verdade e dou fé

Usando a lei com seus termos

E dando o orgulho de sermos

Naturais e pertencermos

À cidade de Cuité.

II

Cuité, estás situada

Na planície dessa serra

És o orgulho da terra

Por Jesus abençoada

Carrego em minha lembrança

Quando ainda era criança

Que estudava no pré

Eu quase não entendia

O que a professora dizia

Que eu também pertencia

À cidade de Cuité.


III

Cuité, cidade serrana

Construída nesta chã

Confesso que sou teu fã

Desde a primeira choupana

Eu não era nem nascido

Mas conforme tenho lido

Não tenho dúvida que é

Dos lugares que andei

De todos que visitei

O melhor que encontrei

Foi você mesmo, Cuité.

IV

O que mais dignifica

É a nossa escola ETAC

Mas o verdadeiro destaque

É o Olho d’Água da Bica

Seu banho é medicinal

Quem diz é o pessoal

Que desce a ladeira a pé

Para obter uma cura

Vê-se em cada criatura

E, quando obtém, até jura

Não sair mais de Cuité.


V


Sai da fresta do rochedo

Esta água cristalina

O cientista examina

Mas não desvenda o segredo

Despenca de morro abaixo

Chega a espuma faz cacho

Na direção do Imbé

Essa fonte de riqueza

Doada da natureza

Faz realçar a beleza

Da cidade de Cuité.

VI


Quem faz uma caminhada

Às seis horas da manhã

Passa na Caboatã

No trinar da passarada

Descendo pelo Ingá

Indo até o Jatobá

Nem se lembra do café

Vendo os pardais e concriz

Beliscando os maturis

Se considera feliz

Por residir em Cuité.


VII

Quem vê o dia raiando

Do Campo de Aviação

As grutas da União

Quando o sol vem clareando

Na cordilheira da serra

Já vem aquecendo a terra

Do grotilhão ao sopé

Aquele ar fresco e puro

Vai expulsando o escuro

Daquele cascalho duro

Só pra clarear Cuité.

VIII


Não há mesmo que resista

Depois que sobe a ladeira

Tanque do Verde e Teixeira

E o bairro da Bela Vista

Seguindo na mesma pista

Vem o bairro São José

E a Rua Sete que é

A entrada principal

Por ela, o pessoal,

Vai ao Centro de Cuité.


IX

Na planície dessa serra

A brisa sopra macia

Com a temperatura fria

E o vento varrendo a terra

E quem desejar conhecer

Alguém que, só vendo crê,

E diz: Sou como São Tomé!

Não precisa ter receio

Nem duvidar, que é feio,

Resolva dar um passeio

Na cidade de Cuité.

X

Mas por curiosidade

A minha vontade é tanta

De homenagear a santa

Padroeira da cidade

Aquela que, na verdade,

O seu hino expressa a fé

Maria de Nazaré

A grande medianeira

Mãe puríssima e verdadeira

Que é a nossa padroeira

Da cidade de Cuité.


Autor: JOSELITO FONSECA DE MACEDO, vulgo, DAXINHA.

JOSELITO FONSECA DE MACEDO, mais conhecido como poeta Daxinha, nasceu em Cuité/PB, em 14/08/1938. Filho de José Adelino de Macedo e Maria Marieta da Fonseca, nasceu na zona rural de Cuité, mais precisamente no Sítio Boa Vista do Cais, popularmente conhecido como Sítio Pelado. Aos 20 anos, viajou para os estados de Minas Gerais e Goiás, onde trabalhou como agricultor e vaqueiro. Mas foi no estado de São Paulo que se fixou, trabalhando como metalúrgico nas principais usinas siderúrgicas da região do ABC paulista. Retorna à Paraíba em 1985, retomando suas funções de agricultor. Sempre gostou de poesia, sobretudo, do gênero cordel no qual, ainda menino, já escrevia seus primeiros versos. O retorno a Cuité aproximou-o ainda mais de suas raízes, fazendo-o mergulhar com mais fervor no mundo da poesia. Sempre convidado a se apresentar em eventos culturais da cidade, seus versos focavam, principalmente, no cotidiano das pessoas simples – como ele mesmo o era. Tem como obras publicadas um CD de poesias intitulado: “Poeta Daxinha – Um Amante da Poesia”, o cordel “O batente de pau do casarão” e uma participação póstuma no livro “APOESC em Prosa e Verso”, do também poeta Gilberto Cardoso dos Santos. Casado, pai, avô e bisavô, o poeta Daxinha faleceu em 04/05/2016, em Campina Grande/PB, vítima de insuficiência cardiorrespiratória. (Jaci Azevedo, filha)

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