domingo, 19 de janeiro de 2020

Paisagem do Sertão ( Jonas Borges)



Hoje ouvi o cântico do lagarteiro Que há muitos anos não o ouvia Pulando de galho em galho Caçando besouros num mato molhado As borboletas que nascia. O verde cobre as matas O tanque de água gelada Na fenda de um lajeiro As vingas do umbuzeiro Coco catolé seco e sem cor Um pedaço de rapadura Produzida do melaço da cana Na sombra da umburana Mata a fome do caçador. Teijú bicho ligeiro Correndo ao pingo do meio-dia O tatu-galinha comendo tanajura O mel da Cupira, incomparável doçura. A rouxinol estala uma cantiga de alegria Com toda àquela euforia fazendo ninho na brecha do alpendre A lambu chama diferente Na sombra do pereiro O cheiro do marmeleiro Umedece as nossas narinas As aves de rapina Enfeita o céu do sertanejo. O aroma suave da malva O sol reflete na sua flor amarela Fico vendo da janela A sabiá fazendo aquela farra A casaca-de-couro dispara Ao toque de som estridente O perfume se exala nas matas Meu sertão de caatinga acinzentada Que depois dessa chuvada Vira verde-oliva reluzente.


Autor: Jonas Borges

Um comentário:

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”