quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Memórias de um Leitor: Joel Cana Brava


Memórias de um Leitor: Joel Cana Brava

Tentando fazer uma viagem no tempo das lembranças, consigo encontrar-me no primeiro dia de aula chorando. Não queria ficar na sala de aula. Hoje se nomeia com nome bonito, Pré- I, Pré-II, Pré-III da Educação Infantil. Creche? Nunca ouvirmos falar. Nós aqui do Magu, região de um rio de mesmo nos longínquos distantes do Maranhão, chamávamos de Carta de ABC- fraca, forte e havia ainda a Cartilha que antecedia a 1ª série do fundamental. 

Na educação formal, tenho essas reminiscências- o que se aprendia? As vogais, as consoantes, o alfabeto completo e sua ordem, através de cópias e memorizações. Formar sílabas, palavras e os primeiros textos rudimentares. Tinha também a tabuada para os primeiros contatos com os números.Não tive tanto problema com a escola depois dos choros em consequência da primeira semana de aula.
Na verdade, meu contato com a leitura começa bem antes. Minha mãe era umas das professorinhas da escola na região- a única – só até a 4ª série. Então o contato era sempre com os livros, mas como disse dessa parte não tenho propriedade memorial para falar. Mas posso dizer que desde a  barriga da minha mãe já tive o contato com leitura. Ou quem sabe bagunçando, rasgando, molhando ou sujando com resto de comida os papéis dos alunos dela com os quais eu dividia o espaço da mesa.
Vejo-me também neste instante na casa da minha avó, revirando as caixas e caixotes com livros de quando minha mãe estudava o normal superior- peguei todos os livros para mim, uns até hoje guardados. Gostava de mexer nos livros católicos da minha avó que ficam no oratório dela: Bíblia de bolso e o catecismo com todas as principais histórias da Bíblia e da Igreja. Ainda hoje a Bíblia e a história das religiões me encantam.
Professora Silé (Salete, na verdade) e Francidenes na Carta de ABC e Cartilha. Elza, Jesus, Célia e Tia Socorro no fundamental. Lembro-me com tanto carinho de todas e dos meus colegas de sala e situações significativas. Socorro, Paulinho, Elza, Chaguinha, Eurideia, Nonata, Marcio e outros no Ginásio- época fantástica, inesquecível de amigos e professores da 5ª a 8ª série. Dessa época, tenho mais lembranças de grandes leituras: os contos fantásticos, os poemas, parábulas – com inúmeras dramatizações que fazíamos, havia os musicais.
É dessa época meu primeiro livro –“Histórias colegiais”  - tenho até hoje- proposta da professora Socorro Rocha de Português. Ela escreveu quando devolveu o livreto que eu digitei na máquina de datilografia da escola onde minha mãe trabalhava: “Queridos alunos, a vida é feita de oportunidades. Oportunidades, grandes, pequenas, sagradas e triviais. Alegrias e felicidades rondam à nossa volta, a cada hora. É melancólico demais jogar fora tantas chances de ter e SER MAIS!”. Não joguei fora aquele comentário no final do livro e eis-me hoje. Um grande leitor e arranhando na poesia e prosa.
Depois mais maduro, fui fazer outras leituras agora na cidade grande- Parnaíba-PI, pois no meu povoado só tinha até 8º ano. No médio, já era um leitor bem mais maduro. Já lia de tudo e escrevia poema, prosa. Nessa época minha grande paixão era mitologia. Sou fascinado por essas narrativas. Ela tem muita criatividade.
Hoje sou amante da leitura de maneira geral. Gosto de ler e escrever sobre minha região. Mas confesso, que tenho me dedicado mais de ler e ouvir memórias. Mais maduro, tenho me dedicado a elas. São mais fáceis depois de um tempo. É só fechar os olhos e deixar a pena teclado correr....



Um comentário:

  1. Parabéns, Joel! Que seu exemplo influencie a muitos, pois os efeitos positivos da leitura em sua vida são bem visíveis!

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