quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

JOANITA VILLAR - Aldenir Dantas

JOANITA VILLAR

Joanita Villar
Uma Ladyl!
Morena, alta, esbelta, cabelos curtos e irisados...
Não seria difícil lhe supor detentora de uma árvore genealógica
enraizada nos altos píncaros da aristocracia.

Joanita Villar
Saias longas, sapatos e cintos coloridos, pantalonas,
cacharréis, brincos, colares, pulseiras...
Vestia-se, sentava-se e movia-se
com a graça e a leveza de uma nobre dama.
Seu nome preencheria, por si só,
qualquer coluna social.
Sua imagem, dispensava aparates para personificar
uma das misteriosas damas de Hitchcoock.
Joanita na cor, na leveza e no jeito calliente
de ser e viver.
Villar na postura altaneira, elegância, nobreza...

Joanita Villar
que, por um descuido, ou mero acaso do destino,
não valsou ao som de grandes orquestras
nos históricos salões europeus.
Nem assitiu a Shakespeare
numa noite de estreia no Municipal.
Não foi, portanto, assediada por Ibrahim Sued,
nem inspirou superproduções internacionais.

Joanita Villar
não voou os cinco continentes
porque foi pássaro de asas quebradas,
que jamais conseguiu ir além do Cabaré de Pedrinho,
na rua Sílvio Bezerra de Melo, em Currais Novos,
por onde se deixou ultrajar
para assegurar uma sobrevivência mesquinha.

Joanita Villar
em vez de caviar, comia um pão com um ovo dentro
e fumava um cigarro Belmont,
nas madrugadas frias,
enquanto cochilava nas filas do INSS,
nos seus 70 anos mal vividos.
Mas que jamais abriu mão de ser:
a lady, a colunável que o destino desviou da rota.

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