Eu sou do tempo de antigas Veredas: – os estreitos caminhos tão aconchegantes, e tão verdejantes, e tão confortáveis, em seu suave frescor da fotossíntese para a oxigenação da natureza, quanto a brisa do mar que passava de leve suavizando o mais puro ar da respiração na terra onde nasci.
Eram os verdadeiros “leva-passos” da minha infância. Eram o que depois foram batizados de caminhos: – os meus primeiros “compassos”, imbuídos de ideias maternais, memoriais, vivas; os meus verdadeiros celeiros repletos da vida viva e natural, na própria Natureza, onde foram iniciados outros tantos aprendizados e que levaram os meus primeiros passos para outras tantas veredas, igualmente, preclaras da vida.
Cruzei, cruzei, cruzei tais veredas, as minhas Veredas, que, aos poucos, alargando-se, prolongaram-se em outros caminhos, atalhos para outras e outras tantas estradas que, por elas, e por através delas, passo a passo, fui me deparando com outros seres humanos que, também, cruzaram, por si, outras tantas verdadeiras veredas, outros tantos verdadeiros caminhos, outras tantas verdadeiras estradas: – vértices entronizadores do ser, por si, constituído mais humanizado, por sua cosmovisão, através do cimo da sua consciência, na observação de tudo aquilo que se planeza entre a relativização e o absolutismo do finito/infinito.
É
no momento da observação em que se fundem o sentir e o dizer: –
reflorescimento no “Real” do “Ideal”, que se re-manifesta através de
uma linguagem, mais ou menos, perfeita, dependendo do ato da
percepção no momento da observação. Assim, a coisa percebida traduz-se em um
tipo de linguagem da realidade pessoal. E esta
se manifesta através das suas mais diversas peculiaridades, das suas
regras, das suas verdades, como em o caso dos “Aforismos”, uma máxima ou sentença que exprime, de maneira sucinta,
o resultado de reflexões doutrinárias ou filosóficas.
Na História da Humanidade, poucos são os grandes pensadores, como Hipócrates, Bacon, Lichtenberg, Johann Görres, Schopenhauer, Nietzsche, Drummond que geraram aforismos, de suas observações, por tratar-se de um “gênero textual” caracterizado pela brevidade e pela precisão, por si, tão peculiares, que o fazem facilmente identificável.
Percebendo a relação, através da sua natureza reflexiva, em busca da conciliação entre Literatura e Filosofia, no viés determinante de um certo momento político, observou o Pensador J. Luz (José da Luz Costa) que alguns dos Aforismos traduziriam a realidade fragmentária dos muitos que já se encontravam “com o pé na estrada da vida, ansiosos por aventuras, e na esperança de conquistar o seu lugar ao sol”.
Assim pensando, condensou, “idiossincraticamente”, pérolas expressivas, que encerram, em si, verdades absolutas e, através de “nuanças de um humor belicoso, mas autenticamente popular e literalmente contemporâneo”, as transformou em seu “Discursos Instantâneos”, “desobrigado da competência retórica do filósofo” e “desvestido da postura contemplativa do pensador”, – fazendo-se luz, com “Gravetos”, e chegando-se ao seu destino, pelas amplas “Veredas” do conhecimento, – ou “impressões pessoais e simbólicas sobre as vicissitudes mundanas e sobre as reverberações místicas de nosso tempo”.
Eis o olhar do Professor/Doutor, sobretudo meu amigo, o Pensador J. Luz que, em sua genialidade, fecundou o seu livro “Gravetos e Veredas”, com um feixe de pensamentos políticos, literários, filosóficos voltados, principalmente, à observação,
à percepção, à reflexão, em regras, ou pensamentos, ou princípios, ou advertências, através de provérbios, ditados, adágios,
axiomas, sentenças, para possíveis resultados das reflexões doutrinárias
ou filosóficas, nas atividades “práticas” de cada pessoa humana.
Francisco Fernandes Marinho
Historiador, Filósofo, Pedagogo, Poeta e Prof. aposentado (UFRN)
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