quinta-feira, 19 de novembro de 2020

INVENCIONICES - Heraldo Lins

 


 

 

INVENCIONICES

 

 

Recebi uma encomenda para produzir uma bomba atômica. Seria, segundo os financiadores, uma bomba atômica ao contrário. Em vez de destruir, construísse. Cada ponto a ser detonado precisaria de apenas uma área para aquilo que se queria destruir, ou melhor, construir.  Até que deu certo, porém, verificando melhor, não encontrei nenhuma área que estivesse totalmente desocupada. A olho nu nem conseguíamos ver a ocupação, mas verificando mais de perto percebi as formigas organizadas fazendo protestos para suas casas serem preservadas. Os besouros, caranguejeiras, sapos e até o mané-magro estavam insatisfeitos com a ação de despejo. Mas o que se pode fazer? O humano detona tudo em nome do progresso. A encomenda da primeira bomba era um parque de diversão. Liguei os fios ao meu cérebro e tudo que pensava transferia para a bomba. Depois foi só chegar ao local, chutar os macacos, guaxinins e tatu bola para fora do terreno e detonar a bomba. Buuummmmmm. Lá estava o parque. Agora era só convidar os frequentadores para vender ingressos. Surgiu outro problema. Os pretensos frequentadores estavam todos ocupados em competir. Uns por dinheiro, outros por conhecimento, pelo bíceps maior e alguns pela maldade. Não conseguimos frequentadores para o parque. Bateram novamente à minha porta. Teria eu que resolver. Não contei conversa. Inventei um comprimido que bastava tomar e logo a pessoa começava a vivenciar as sensações de estar em uma roda gigante, lancha, parapaint ... para todos os brinquedos existia o comprimido equivalente. A procura foi maior do que por Máskara.  Acabei de receber uma ligação agora de Batman dizendo que Máskara é um bandido que só ele e Robin podem procurar. Tudo bem... continuando... a procura foi maior do que por máscara contra o Coronavírus. A Disney não achou nada legal a ideia. Eu estava acabando com o negócio lucrativo deles. Fui preso. Mas não houve problema. Havia inventado um outro comprimido. Bastava tomar que ficaria invisível. Tomei e saí do corpo. Deixei o invólucro do espírito deitado lá e fui ver, sem ser visto, as intimidades femininas. Alguém aí quer comprar esse comprimido?   

 

 

 

Autor: Heraldo Lins Marinho Dantas

Natal/RN, 18/11/2020

 

Heraldo Lins é graduado em Educação Artística pela UFRN.

Zap:  84-99973-4114

Email: showdemamulengos@gmail.com

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”