INVENCIONICES
Recebi uma encomenda para produzir uma
bomba atômica. Seria, segundo os financiadores, uma bomba atômica ao contrário.
Em vez de destruir, construísse. Cada ponto a ser detonado precisaria de apenas
uma área para aquilo que se queria destruir, ou melhor, construir. Até que deu certo, porém, verificando melhor,
não encontrei nenhuma área que estivesse totalmente desocupada. A olho nu nem
conseguíamos ver a ocupação, mas verificando mais de perto percebi as formigas
organizadas fazendo protestos para suas casas serem preservadas. Os besouros,
caranguejeiras, sapos e até o mané-magro estavam insatisfeitos com a ação de
despejo. Mas o que se pode fazer? O humano detona tudo em nome do progresso. A
encomenda da primeira bomba era um parque de diversão. Liguei os fios ao meu
cérebro e tudo que pensava transferia para a bomba. Depois foi só chegar ao
local, chutar os macacos, guaxinins e tatu bola para fora do terreno e detonar
a bomba. Buuummmmmm. Lá estava o parque. Agora era só convidar os
frequentadores para vender ingressos. Surgiu outro problema. Os pretensos
frequentadores estavam todos ocupados em competir. Uns por dinheiro, outros por
conhecimento, pelo bíceps maior e alguns pela maldade. Não conseguimos
frequentadores para o parque. Bateram novamente à minha porta. Teria eu que
resolver. Não contei conversa. Inventei um comprimido que bastava tomar e logo a
pessoa começava a vivenciar as sensações de estar em uma roda gigante, lancha,
parapaint ... para todos os brinquedos existia o comprimido equivalente. A
procura foi maior do que por Máskara. Acabei
de receber uma ligação agora de Batman dizendo que Máskara é um bandido que só
ele e Robin podem procurar. Tudo bem... continuando... a procura foi maior do
que por máscara contra o Coronavírus. A Disney não achou nada legal a ideia. Eu
estava acabando com o negócio lucrativo deles. Fui preso. Mas não houve
problema. Havia inventado um outro comprimido. Bastava tomar que ficaria
invisível. Tomei e saí do corpo. Deixei o invólucro do espírito deitado lá e
fui ver, sem ser visto, as intimidades femininas. Alguém aí quer comprar esse
comprimido?
Autor: Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 18/11/2020
Heraldo Lins é graduado em Educação
Artística pela UFRN.
Zap:
84-99973-4114
Email: showdemamulengos@gmail.com
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