CIENTISTA ANGUSTIADO
Decidi deixar a pesquisa científica em
paz. Não vou precisar estudar os ratos. Fiquei decepcionado com as espreitas
desses animais para conseguir o que desejam. Ficam esperando todo mundo dormir,
para, na calada da noite, surrupiar seu alimento. Até aqui tudo bem. Alguém
pode dizer que irei fazer críticas ao modus operandi dos ratos. Mas
os ratos são estranhos mesmos. Ninguém deseja ter um de esgoto como animal de
estimação. Eu nem sei porquê eles existem. Alguém pode também dizer que eles
servem para constar nos livros como um dos responsáveis pela peste negra. Mas
vão mais além. Quem não gosta de Tom e Jerry? Supermouse. Ou mesmo o famoso
dispositivo de entrada do computador. Tudo em benefício do rato. Existem leis
de proteção aos animais, mas ninguém reivindicou a proteção dos humanos. Os
ratos estão em toda parte esperando alguém desfalecer para se apoderar da
carcaça. Eles são inteligentes. Procriam que é uma beleza. A cada período uma
ninhada. Isso todo mundo sabe. Mas o que não sabem é que têm direito a bolsa
família. E nem precisam. Seu alimento está assegurado por lei. A ecologia
determina que sejam preservados. A
cadeia alimentar precisa ser alimentada. E por aí vai... casa, comida, roupa
lavada...
Mas quem quer saber disso? No mundo
globalizado os ratos pouco importam. Haverá sempre um gato para caçá-los. Os
gatos são mais higiênicos. Lavam-se com lambidas, são carinhosos, bonitos e
além de tudo, caçam ratos. O meu ódio declarado é contra os ratos. Nos meus
pesadelos sempre tem um rato achando graça. Não sei de que eles tanto riem.
Sempre estão rindo. Acordo suado com um rato no pensamento. Nos meus pesadelos
os gatos são covardes. Correm com medo de ratos. Era para ser o contrário. Mas
a corrida prossegue em escala decrescente. Na parada quem manda são os ratos. O
gato se aproveita e morde o cachorro, como o marido humilhado no trabalho bate
na mulher. O cachorro estava quietinho no seu lugar. Já está reclamando a
publicidade da surra. Vou criar um pit bull. Este com certeza mata ratos. Aplausos
chegam do canil. A cachorrada está assistindo a produção dessa crônica. E o
pior: querem interferir na inspiração do autor. Mas tudo bem! Vamos trazer a
dondoca que dorme com seu cachorro. Ela está sempre acompanhada do cachorrinho
no passeio. Afasta intrusos e seleciona
os afeiçoados por cães. Ela não está preocupada com os ratos. Foi um deles que lhe
presenteou com seu animal de estimação. Seu pai, avô ou irmão não querem leis
contra os ratos... às vezes, o próprio é um deles investido em cargo público.
Autor: Heraldo Lins
Natal/RN, 16/11/2020
Heraldo é arte educador, mamulengueiro,
músico, como servidor público atua na mesma profissão de Pero Vaz de Caminha.
No whatsapp 84-99973-4114, rir de forma
inusitada. Assim : kkkkkkkkkkkk ou Rsrsrs.
Ótima e oportuna crônica, Heraldo Lins!
ResponderExcluirMassa! Hera sabe como ser cômico, irônico profundo! Dez!
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