quarta-feira, 22 de junho de 2016

ENTREVISTA em versos COM JOSÉ ACACI



ENTREVISTA em versos COM ACACI



GILBERTO:
Caro José Acaci
Poeta fenomenal
Nos fale um pouco de si
Nessa conversa informal
Em forma de poesia
Mostre-nos com maestria
Quanto é especial.



ACACI:
Sou um poeta alegreiro,
espalhador de alegria,
palavrador de palavra,
ortoador de grafia,
poemador de poema,
fonemador de fonema,
dizidor de poesia.

GILBERTO:
Fale-nos de sua infância
E lugar onde nasceu
Também em que circunstância
Seu dom se desenvolveu
As principais referências
as maiores influências
livros e cordéis que leu.

ACACI:
Eu nasci em Macaíba
terra de muitos primores.
De poetas, de artistas,
políticos e escritores,
que ficaram na memória
e são parte da história
dos nossos grandes valores.

Nasci de família pobre
no entanto tive a sorte
de ser filho de um poeta
firme corajoso e forte
que me ensinou a ciência
e foi minha referência
no Rio Grande do Norte

Meu pai foi Chagas Ramalho.
Enfrentei muitas porfias
assistindo ele escrevendo,
recitando poesias,
e andando pelas ribeiras,
vendendo cordel nas feiras
e fazendo cantorias.

“Meu Pé de Laranja Lima”
eu li quando era menino,
e foi o primeiro livro
que tive no meu destino.
Mas hoje eu leio de tudo
vou de Camões a Cascudo,
de Bilac a Severino.

Entre os cordéis que eu gostava:
Coco Verde e Melancia;
O Pavão Misterioso;
O Valente Zé Garcia;
Juvenal e o Dragão;
História do Boi Tungão,
São alguns cordéis que eu lia.

GILBERTO:
Eu sei que a sua história
É muito interessante.
Se recorresse à memória
Daria um cordel gigante.
Mesmo que de forma vaga,
Destaque na sua saga
O que julga impactante.

ACACI:
Eu lembro: A Casa de taipa;
o sol nas frestas entrando;
meu pai tocando viola;
a minha mãe costurando;
e eu muito introvertido,
sentado no chão batido,
fazendo arte e brincando.

Era comum nesse tempo
alguém morrer “de repente”.
Não por ser um “repentista”,
porém, por ser tão carente.
Qualquer gripe ou anemia,
Maleita, ou disenteria,
matava gente da gente.

Eu sou um sobrevivente
e me sinto abençoado
por não ser um preguiçoso,
por ser bastante esforçado,
enfrentar dias medonhos,
e acreditar nos sonhos
que um dia foram sonhados.

Lembro o sorriso de mãe
no momento que eu li
a lista dos aprovados
pra escola de Jundiaí.
Foi uma grande conquista.
tão poucos nomes na lista,
mas meu nome estava ali.

Eu lembro também do dia
que entrei pra faculdade:
Sem emprego e sem dinheiro,
com tanta dificuldade,
mas com garra pra lutar
e assim poder mudar
aquela realidade.

GILBERTO:
Você é preocupado
Com questões estruturais
Mostra-se muito apegado
Aos aspectos formais
Até mesmo com o papel
Que elementos num cordel
Você julga essenciais?

ACACI:
O papel é importante
como apresentação,
pra melhorar a estética
e a visualização.
Porém o que é relevante
e deveras importante:
métrica, rima e oração.

O que se chama cordel
na sua forma mais pura
não é o folheto em si,
nem sua xilogravura,
e sim a forma do texto,
centenário no contexto
e na sua estrutura.

GILBERTO: 
Fale-nos sobre a ANLIC
Ainda que brevemente
Da qual você, muito chic,
Veio a ser o presidente
Na sua avaliação
Esta instituição
Tem tudo pra ir pra frente?

ACACI:
A ANLiC está passando
por muita dificuldade:
não tem dinheiro, nem sede,
porém tem boa vontade
dos confrades a lutar
para conseguir mudar
a nossa realidade.

Temos CNPJ,
e registro no cartório,
ainda não temos sede,
e nem mesmo um escritório.
Discutimos cada tema
para que cada problema
seja um fato transitório.

Porém nem tudo é perfeito,
pois temos dificuldades,
e entre elas, a maior
é reunir os confrades
para tomar decisões
discutir opiniões
e aumentar as amizades.

GILBERTO:
Para alguém fazer parte
Desta instituição
Além de amar a arte
E ter boa produção
Como deve proceder
Caso queira recorrer
A uma colocação?

ACACI:
Quando existe uma vacância
é feita a convocação
por internet e jornal,
pra que qualquer cidadão
possa ler e conhecer,
e depois se inscrever
para uma seleção.

Um pretendente à vaga
precisa ser bem fiel
aos princípios necessários
na escrita de um cordel,
e ter cordéis publicados
pra serem avaliados
por poetas do plantel.

Os confrades da ANLiC,
em uma reunião,
definem todo o processo
pra que haja a seleção
dentro das normas legais
e dentro dos rituais
que diz a legislação.

GILBERTO:
Fale-nos sobre o cordel
E da tecnologia
Não mais restrito ao papel
Nas redes se anuncia
O que vê de positivo
E o que há de negativo?
Como você avalia?

ACACI:
O cordel esteve em alta
porém depois se escondeu.
quando apareceu o rádio
ele quase feneceu.
Teve gente criticando
e outros até falando
que o nosso cordel morreu.

Porém com a internet
a coisa foi diferente:
Ele ganhou nova cara
e espalhou-se de repente.
Passou a ser mais querido
e ficou mais conhecido
no meio da nossa gente.

O cordel ganhou o mundo
nos blogues de poesia;
na rede do Facebook;
nos sites de cantoria;
e não tem um que escape,
até no whatsapp,
o cordel se anuncia.

Eu acho muito importante
toda essa divulgação
nas redes de internet
e até na televisão,
mas devemos ter cuidado
pra que todo esse legado
se mantenha no padrão.

Eu comparo um cordelista
a um mestre do pincel,
escolhendo as cores certas
para pintar um painel.
Mas tem cordel publicado
sem o devido cuidado
pela arte do cordel.

GILBERTO: 
Dos muitos cordéis que fez
Com talento e maestria
Deve haver alguns talvez
Que lhe dão muita  alegria
Que têm ampla aceitação
De sua vasta produção
Quais os que destacaria?

ACACI: 
Antologia do Peido
é meu cordel mais vendido.
Conselhos Pra Juventude
é um cordel que tem sido
visto com muito carinho,
e O Sonho de Joãozinho
é bastante conhecido.


GILBERTO:
Você faz no dia a dia
Um trabalho excelente
Pois propaga a poesia
De maneira consistente.
Incentivando a leitura
E promovendo a cultura
Como Acaci se sente?

ACACI:
Eu aprendi logo cedo
que ao invés de reclamar,
devo arregaçar as mangas
e sair pra trabalhar.
Sonhando sonhos concretos
vou tocando meus projetos
para ver no que vai dar.

Aprendi que não existe
nem mágica nem forma certa.
Quando uma porta se fecha
vou procurar outra aberta.
Continuo na labuta,
mantendo minha conduta,
e a mente sempre alerta.

Sinto-me muito feliz
por tudo que sou e sei.
Agradeço a quem me ajuda
nesses sonhos que sonhei,
a quem me estendeu a mão,
que me deu a direção
pra chegar aonde cheguei.

GILBERTO:
Qual o seu lema de vida
E preocupações morais?
Acha que existe saída
Pros problemas atuais
Em nossa sociedade?
Sinta-se bem à vontade
Quanto às palavras finais.

ACACI:
Quanto a meu lema de vida
digo nos versos finais:
Ser honesto e ser feliz,
e viver sempre na paz.
Ser pros outros um abrigo
e amar cada amigo
como eu amei os meus pais.

Sempre me preocupei
com toda essa conjuntura
da desvalorização
dos valores da cultura,
da música, da poesia,
do forró, da cantoria,
e nossa literatura.

A música sendo trocada
por um toque barulhento,
e as cores da cultura
ganhando tons de cinzento,
perdendo seu estandarte,
e os ícones da nossa arte
caindo no esquecimento.

Eu sou que nem Dom Quixote
pelo mundo pelejando.
Quando perco uma batalha
eu não fico reclamando.
Porque sei que nessa vida
minha única saída
é continuar lutando.

Eu agradeço a você
pela sua amizade
e por essas perguntinhas
tão cheias de qualidade
e digo de peito aberto:
─ Muito obrigado Gilberto,
pela oportunidade.


GILBERTO
Acaci, eu que agradeço
Por esta boa entrevista
Você é um grande artista
Por quem tenho enorme apreço
Desde que eu lhe conheço
Que tenho admiração
Você honra a ligação
Que tem com Chagas Ramalho
Parabéns por seu trabalho
Em prol da educação!


Biografia de Acaci:

José Acaci é professor, compositor, e poeta cordelista. Nascido em Macaíba/RN, herdou do pai, Chagas Ramalho, o dom e a paixão pela literatura de cordel, e da mãe, Dona Mariquinha, a sabedoria e a garra e para enfrentar as batalhas da vida sempre sorrindo.

O seu primeiro livro foi Histórias de Rio pequeno- Uma Viagem Poética sobre a História de Parnamirim”, Autor também dos CD’s Cordas e Cordéis e “Do Cordel à Embolada” e de mais de sessenta folhetos de literatura de cordel, Acaci lança agora a segunda edição de Conselhos Pra Juventude.

Desde 2006 o poeta trabalha no projeto O Uso do Cordel na Sala de Aula,que é aplicado em Escolas Municipais do Município de Parnamirim, no qual ele leva o incentivo à leitura, o estudo e a valorização do meio ambiente, o conhecimento da cultura nordestina, e a importância dos valores humanos e sociais através da literatura de cordel.

Semestralmente participa da Semana BNB de Oficinas Culturais. Projeto que leva às cidades do interior do Rio Grande do Norte, oficinas de Teatro, Rádio, Vídeo, Fotografia, Produção de Projetos e Literatura de Cordel. O projeto já foi aplicado nas cidades de Santa Cruz do Inharé, Sítio Novo, Parnamirim, Angicos e Caiçara do Norte.

Acaci é Membro da SPVA _ Sociedade dos Poetas Vivos a Afins do RN, e pela sua contribuição à cultura potiguar, já recebeu muitas homenagens de escolas públicas do RN, do SESC/RN e da Aliança Francesa, além dos títulos:

Mérito Cultural Luiz da Câmara Cascudo, concedido pela Academia Caxambuense de Letras/MG;

Mérito Poético Olegário Mariano, pela Sociedade Brasileira de Dentistas Escritores e,

Consul Poeta Del Mundo, pela Organização Internacional Poetas Del Mundo, com sede no Chile. - Fonte: http://espacodocordel.blogspot.com.br/2011/11/biografia-de-jose-acaci.html

 VEJA OUTRAS ENTREVISTAS EM VERSO:

entrevista em versos com o poeta ademar macedo - blog da apoesc


ENTREVISTA EM VERSOS COM DALINHA CATUNDA - blog da apoesc

















segunda-feira, 20 de junho de 2016

PLAGIADORES DE CORDEL

E falar em DIREITOS AUTORAIS, com a palavra os conhecedores, também temos este 'problema' na LITERATURA DE CORDEL. Com o advento da net, alguns 'poetas cordelistas' estão fazendo ctrl C-ctrl V, mudando os títulos e publicando como se seu fosse. Não é de hoje que um jovem poeta do Cariri cearense - JOÃO PERON - está multiplicando cordéis com o tema CANGAÇO, sem a autorização dos seus autores - CONCRIZ, ANTONIO FRANCISCO e KYDELMIR - que são de Mossoró... Copiando aos milhares e vendendo nas feiras populares de outros estados, menos do RN. Recebemos cópias de exemplares, através de amigos, adquiridos nas Feiras de Caruaru-PE, Salvador-BA, São Luís-MA e tivemos conhecimento destes em outros locais. Através da editora Queima-Bucha, do Gustavo Luz, sediada em Mossoró, encaminhamos carta protesto ao vendedor de cordéis o mesmo sequer teve a hombridade de respondê-la... Mas continua com a cara-de-pau d'um golpista que teima em copiar e vender ao seu bel-prazer. Pedimos que compartilhem entre os cordelistas, poetas e defensores de uma cultura ora tipicamente nordestina. E em respeito aos verdadeiros autores. Saudações cordelísticas. - 
Kydelmir Dantas



Veja também:

versos sobre roubo, plágio e reprodução - blog da apoesc





sábado, 18 de junho de 2016

CORDEL SOBRE A PIADA COM O ADVOGADO DE DILMA - Gilberto Cardoso dos Santos





Bela música e belo poema sobre a FLOR DA INGAZEIRA



"
A essência da flor da ingazeira/ faz lembrar as belezas do sertão"

MOTE: Onildo Barbosa

GLOSA:  Hélio Crisanto


O mugido da vaca bem magrinha
Se atolando na lama do barreiro
Um cabrito roendo um juazeiro
Um calango num pé de cabacinha
Serenata soturna de um golinha
Uma cobra brigando com um cancão
A saudade tem cheiro de melão
De velame, tingui e catingueira
A essência da flor da ingazeira
Faz lembrar as belezas do sertão.

Vavá Machado e Marcolino
"Flor da Ingazeira"




quarta-feira, 15 de junho de 2016

O RECOMEÇO - Professor Ismael André



Se o bem que te quero não é suficiente
Para alimentar em mim bons sentimentos
Não desejes assim um mal tão saliente
Destruindo numa vida bons momentos

Amei-te mais que próprio a mim
Hoje colho chorando a ingratidão
Arrancando no ódio, um amor sem fim
Oh alma, insana de compaixão!!!

Todo amor que plantei, terei colheita
Não será este mal, grande desfeita
Que apodrecerá o meu viver...

Erguerei a cabeça com altivez
Não haverá dúvidas, nenhum talvez
Que germinará jubiloso, novo SER!!!


Lembrando de uma história vivida... aos 15 dias de junho de 2016.

terça-feira, 14 de junho de 2016

A importância da religião - Renan II de Pinheiro e Pereira



Como de costume, quando acontece algo com a gravidade desse atentado da madrugada de domingo, logo se levantam vozes revoltadas dizendo que "a religião é o que desgraça a humanidade" e conclamando, geralmente através de frases de impacto, que a evolução do pensamento reduza sua influência até que desapareça. E por incrível que pareça esse raciocínio é compartilhado até por pessoas de Fé, que fazem questão de dizer que a religião não é necessária para adorar ou conhecer a Deus. São opiniões fortes, ditas por convicção e que têm cada vez mais adeptos, mas serão verdadeiras?
Talvez não. É preciso reconhecer que em todas as religiões (inclusive as consideradas "politicamente corretas", como é o caso do budismo) existem os "sepulcros caiados", que querem posar de modelos irrepreensíveis de conduta mas tem personalidades intolerantes e opressoras, não aceitando ninguém que pense diferente delas por um milímetro que seja, e até nem são tão "puros" assim. E tampouco podemos esquecer que em muitos casos a religião foi usada como pretexto ou até incentivo para se cometer o mal, inclusive contra pessoas de Fé, como é o caso de Joana D'Arc. Mas penso que se basear apenas no que as pessoas religiosas fazem de mal para emitir esse juízo é se esquecer no heroísmo de inúmeros religiosos e leigos, desde os tempos do Cristianismo primitivo, como os missionários que viajam para diferentes partes do mundo, enfrentando todo tipo de privações, para difundir a palavra de Deus, não raro enfrentando o martírio, ou das ordens e associações religiosas que cuidam de doentes e famintos. Aliás, alguém esqueceu das pessoas que, por sensibilidade religiosa, ajudaram ou protegeram judeus e outros perseguidos durante a II Guerra Mundial, ou de Irmã Dulce, Dom Bosco, a Dra. Zilda Arns e o papa Francisco, entre tantos, que sem sombra de dúvida ajudaram ou ajudam o mundo a ser um lugar melhor?
Ah, mas alguém dirá: "São as exceções que só confirmam a regra". E onde está escrito que a Igreja vai ser sempre perfeita? O Novo Testamento deixa bem claro que o comportamento dos apóstolos enquanto Jesus era vivo muitas vezes era extremamente repreensível, e mesmo depois do Pentecostes eles muitas vezes precisaram se reunir para resolver conflitos. Se você só quer encontrar pessoas em estado de graça nos ambientes que frequenta, vai ter de ser paciente e esperar até chegar ao céu.
Sem mencionar que há uma coisa que poucos reparam: mesmo para quem declara que adora a Deus e não precisa de uma religião para isso, ele só conheceu a Deus porque alguém, seja pessoalmente ou por outro meio (livros, discos, Internet) apresentou-o a ele, e essa pessoa só o apresentou porque alguém já tinha feito isso com ela anteriormente, ou seja, através de um conjunto de crenças religiosas preexistente transmitido por mais de uma geração - traduzindo: UMA RELIGIÃO. Até porque, ao dar a Deus características excessivamente personalizadas ("criar" um sistema religioso próprio), o "fiel" corre o risco de tirar o D e o S de Deus e deixar só o "Eu", usando Deus apenas para satisfazer suas próprias necessidades. E principalmente, adorar a Deus só faz sentido se você se deixa tomar por ele para atuar de forma positiva no seu meio, algo que só ocorre de forma plena se você vive entre outras pessoas. E como católico, ainda tenho um argumento mais específico da importância da religião: é só no contexto de uma celebração religiosa que posso receber o Corpo de Cristo, dado por Ele aos fiéis na última ceia.
"E os países onde a religião está desaparecendo e parecem não ter problemas com isso?" Mas será que eles realmente são exemplos a serem seguidos? O "paraíso laicista" que é a Europa está sofrendo com a crise demográfica, pois os casais são tão individualistas que quase não querem ter filhos, e, sem algo em que se apoiar, principalmente nessa época de crise econômica, muitos jovens passam por crises existenciais graves, às vezes chegando ao suicídio, às vezes usando drogas, e a esterilidade intelectual parece progredir no velho continente através de movimentos iconoclastas na arte e na política, onde ninguém tem medo de ser gratuitamente ofensivo, como é o caso do Femen. Na verdade, o fato de que cada vez mais jovens estão demonstrando simpatia por grupos radicais islâmicos (alguns nem sequer sendo descendentes de árabes), pode demonstrar que a secularização aparentemente "salvadora" no fundo talvez não os satisfaça. Já há quem fale que futuramente a Europa "ateia" de hoje se tornará muçulmana. Só espero que da linha moderada, e não da xiita...

Talvez minha opinião seja incompleta, ou mesmo imperfeita. Mas, antes de qualquer teórico iconoclasta, prefiro ficar com o poeta abaixo. Podem me chamar de "simplório" ou "ignorante", mas em muitos aspectos essa música é o meu retrato e me orgulho disso: