sexta-feira, 25 de setembro de 2015
DEDICATÓRIA - Valdenides Cabral
Aos meus pais e irmãos, minha grande fonte de equilíbrio, minha força, a essência primordial
Devia ter um outro nome o meu estado de sítio,
essas paisagens, passagens de cerca de aveloz,
a casa em ruínas, o mato morto,
a água morta,
morta a infância.
Devia rever o meu umbigo ainda intacto,
enterrado na porteira do curral,
as vozes dos meus irmãos,
o meu pai e seus versos,
suas brincadeiras de pegar cobra verde,
as minhas irmãs trancadas,
brincando de bonecas,
a minha mãe ( e sua máquina )
a costurar oito vidas,
ponto por ponto pespontos,
arremates,
cerzidos,
moldados em sonhos
que nunca ousou revelar.
Devia doer menos em mim,
esse meu estado de sítio.
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