Sonhei com os meus avós
Quase morro de saudade
No sítio onde eu vivi
A minha primeira idade
Neste sonho positivo
Eu vi o meu avô vivo
Cheio de felicidade
No sonho encontrei a casa
Daquela antiga maneira
A sala cheia de santo
Um banco de aroeira
Com a lata de torrado
Padrinho Trajano sentado
Na mesma espreguiçadeira
Entrei na sala do rádio
Onde eu armava a rede
Um oratório de santo
Embutido na parede
Pra aumentar minha mágoa
Mais pra frente um pote d’água
Onde eu matava a sede.
Depois eu entrei no quarto
De Tatá e de Tantão
Vi a banca, vi a cama
Vi debaixo o “capitão”
De porcelana azul
Do outro lado o baú
Enfeitado de botão.
Vi em cima do fogão
Prato de barro e panela
Vi no baú de Tantão
A mesma rede amarela
Que não me sai da lembrança
Quando eu era criança
Muitas noites eu dormi nela.
Jasmim, a goiabeira
No terreiro da cozinha
No sonho eu vi Diana
Vi tia Ziza e Leninha
Vi madrinha Conceição
Bem sentadinha no chão
Com a cuia de algodão
E o fuso fazendo linha
Tinha no oitão direito
O enfeite do terreiro
Grande pé de baraúna
E outro de juazeiro
Que de lembrar não me canso
Quando armava o meu balanço
E brincava o dia inteiro.
O sonho foi passageiro
Rapidamente acabou
Pois já eram quatro horas
O relógio despertou
Acordei olhando nele
Quase eu quebrava ele
Porque ele me acordou.
Acordei, não vi ninguém
Pois o tempo foi veloz
Não vi mais o meu avô
Com a sua cansada voz
Nem a casa, nem Tantão
Nem a rede e os lençóis
Nem o rádio Nord-son
Só sei que foi muito bom
Sonhar com os meus avós.
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