quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O DIA EM QUE OS CARROCEIROS DERAM UMA LIÇÃO AOS PROFESSORES



Imagem meramente ilustrativa


Num dia de sol forte, caminhava eu ali próximo a Caixa Econômica Federal, quando percebi o barulho de pessoas, de carro de som vindo em direção à Prefeitura Municipal. Pensei comigo mesmo: deve ser um protesto, uma movimentação do sindicato dos professores, pois naquele período estava havendo mais uma greve dos educadores da rede estadual. 

Grande foi meu espanto, quando se aproximaram de mim não os professores grevistas daquele momento, com seus gritos de ordem, com suas bandeiras vermelhas, as cores da insatisfação , da revolta! 

Não eram eles; Mas sim os carroceiros; gente humilde. Ali não haviam bandeiras. A bandeira que defendiam não tinham cores partidária, mas a bandeira da defesa do direito ao trabalho, ao sustento, da defesa ao pão de cada dia!

Averiguei e soube o que estava ocorrendo. É que o Ministério Público Estadual exigia que a Prefeitura delimitasse uma área, fora do perímetro urbano onde os carroceiros passassem a prestarem seus serviços de fretes. Esse local ficaria muito distante da população, e consequentemente, traria para eles grandes dificuldades, praticamente o fim da atividade.

Apesar dos meus afazeres, parei para ouvir aquele ato. E que ato! Além de pacífico e ordeiro, eles deram uma demonstração de união, de convicção, de cidadania. Qualidades que gostaria de ver na categoria que forma opinião.

Passaram ali naquela rua entre a Caixa e o Banco do Nordeste e caminharam até a Prefeitura. Já lá, solicitaram que fossem recebidos pelo prefeito. O prefeito estava num evento no Bairro Maracujá. Fica acertado com sua assessoria que a comissão dos carroceiros seria recebida à tarde.

No outro dia, soube que o prefeito, juntamente com a Comissão dos Carroceiros foi na tarde anterior até a Promotoria Estadual e lá foi feito um acordo: os carroceiros ficariam no local onde sempre prestaram seus serviços, onde estavam, com uma condição de mantê-lo limpo.

Fiquei feliz demais por eles, mas triste com minha categoria.

**João Maria de Medeiros é professor, poeta e cronista.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”