APRESENTAÇÃO (Gilberto Cardoso - Poeta, cordelista e cronista
Eu apresento a vocês
em forma de poesia
o cordel de João Maria
- professor de português.
O bom cordel que ele fez
fala de nossa cidade
com muita fidelidade
quanto aos acontecimentos
por isso meus cumprimentos
seu cordel tem qualidade.
Certamente ao estudante
há de ser de utilidade
Um cordel sobre a cidade
me parece interessante.
Sua ideia foi brilhante
ao escolher tal temática
de maneira muito prática
a história se desfia
em forma de poesia
facilitando à didática.
João Maria é professor
além disso ele é cronista
Pra se tornar cordelista
teve Acaci por mentor
Dedicou-se com ardor
a falar de nossa história
nem sempre cheia de glória
mas digna de se contar
para nos direcionar
rumo a melhor trajetória.
A HISTÓRIA DE SANTA CRUZ EM CORDEL
Autor: João Maria de Medeiros
Com licença, meus amigos
Para mostrar meu cordel!
Pra falar de Santa Cruz
Procurarei ser fiel
Depois de longo estudo
Ponho aqui neste papel.
Pra começo de história
Aqui já havia gente
Antes da colonização
Havia um bom contingente
Eram os índios Tapuias
Um povo forte e valente
E com o passar do tempo
A colônia avançando
Todo o esforço dos índios
Ia por terra ficando
Só restou àquele povo
Seu domínio entregando.
Em mil novecentos e trinta
Digo aqui com precisão
José Rodrigues da Silva
Começa a povoação
Alia-se a João da Rocha
E a Lourenço seu irmão.
O povo aglomerou-se
E o povoado aumentando
O seu nome foi mudado
Conforme o tempo passando
De Santa Rita a Santa Cruz
Do Inharé foi mudando.
Existe uma antiga lenda
Que o povo acreditava
Se quebrasse o inharé
A fonte d'água secava
Surgia uma assombração
Todo animal atacava.
Um santo missionário
Lembrou de fazer uma cruz
Dos ramos do inharé
Ele teve essa luz
Os malefícios cessaram
É isso o que se deduz.
Santa Cruz do Inharé
Por isso ficou chamado
Se não fosse aquela cruz
O mal não tinha passado
O bem superou o mal
Naquele tempo passado.
No ano de trinta e cinco (1835)
Instalou-se a freguesia
Com a Matriz de Santa Rita
Buscou-se a autonomia
O povo todo alegrou-se
Era tudo o que queria.
A luta foi muito grande
Pra mudar de povoado
Pra isso teve a ação
Do Senhor Ivo Furtado
E padre Antônio Rafael
Um sacerdote honrado.
Não se pode sequecer
Dois homens de valentia
Félix Antônio de Medeiros
E Trajano de Faria
Dois bons fazendeiros
Daquela ainda freguesia.
Dia 11 de dezembro
Santa Cruz foi desmembrada
Era setenta e seis (1876)
E consegue ser desligada
De São José de Mipibu
E ficou emancipada.
No ano setenta e sete (1877)
Não nos trouxe muita sorte
A seca foi muito grande
A chuva não veio ao Norte
Foi um período dificil
Causando fome e morte.
Chegando o ano quatorze (1914)
Uma lei é aprovada
Era trinta de novembro
Uma data comemorada
De Vila para cidade
Santa Cruz é elevada.
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Como em todo Nordeste
Aqui tinha um coronel
Que nasceu em Araruna
Seu nome era Ezequiel
Um homem de trato fino
E sempre muito fiel.
O Coronel Ezequiel
Um coronel diferente
Conciliador e paterno
Para toda sua gente
Do trato bom se detinha
Homem muito diligente.
Seu filho Gentil Ferreira
Foi Prefeito de Natal
O Senador José Ferreira
Foi destaque nacional
E Odorico de Souza
Bom gestor Municipal.
Dentre os fatos marcantes
Que não deixarei de lado
O padre Manuel Gadelha
Apoiou o discriminado,
Acolheu as prostitutas
E acabou denunciado.
Uma dose de veneno
Ele mesmo preparou
No dia nove de outubro
O próprio Padre tomou
No ano de vinte e seis (1926)
Um suicídio praticou.
O suicídio do padre
Nunca ficou explicado
Para algumas pessoas
Ele tinha se apaixonado
Mas há outra corrente
Que ele foi pressionado.
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Seu Theodorico Bezerra
Foi líder na região
Tudo se tornava ouro
Onde colocava a mão
Com um grupo organizado
Não perdia uma eleição.
Sob a sua indicação
Elegeu vários prefeitos
Durante alguns mandatos
Nem sempre foram perfeitos
Assim mesmo o Major
Deixava todos satisfeitos.
Um outro bom cidadão
Sempre muito respeitado
Era seu Miguel Farias
Muito calmo e educado
O carinho e o diálogo
Dele será bem lembrado.
Antes da construção
Da nossa Maternidade
Aqui havia três parteiras
Na nossa comunidade
Menininha e Moacir
São exemplos de bondade.
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Completando essa tríade
Um exemplo de devoção
Que tendia a todos bem
Com muita dedicação
Junto com o seu marido
Era Chiquinha Dadão.
Quando o povo precisava
Remédio de eficácia,
Pois o xarope caseiro
Era uma grande falácia
Muita gente
procurava
Sebastião da Farmácia.
Muitos cidadãos daqui
Não devem ser esquecidos
De Fugão a Mané Fava,
Alice com seus pedidos,
Amado Batista e Mano
Do povo sempre queridos.
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Por todo esse período
A poesia chega aos lares
Com Gastão, Antônio Borges,
Letácio e Adonias Soares
Estes até já morreram
Às famílias meus pesares.
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Durante a repressão
Do Regime Militar
Um nosso concidadão
Dele não pode escapar
Se chama Maurício Anísio
Um cidadão exemplar.
Maurício hoje é um símbolo
Que deve ser respeitado,
Ele pagou alto preço
Por não ter se acomodado,
Enfrentou a Ditadura
E por ela foi torturado.
Hoje o Brasil está livre
Do regime opressor
Muitos deram suas vidas
Sem direito a uma flor
Outros desaparecidos
As famílias sentem a dor.
O mito da educação
Em Santa Cruz é Ribeiro
Nunca em cima do muro
Declarava-se primeiro
Grande comunicador
Do rádio nosso timoneiro.
Ribeiro sabia muito
Sua opinião era forte
Dominava todo tema
Línguas, política, esporte
Cumpriu bem tudo o que fez
Pena que lhe veio a morte.
Um dos fatos importantes
Que veio a acontecer
Foi a energia elétrica
Que Santa Cruz passa a ter
A João Goulart e Aluízio
O povo quis agradecer.
Santa Cruz foi a primeira
A receber neste Estado
Vindo lá de Paulo Afonso
A ficar eletrificado
Era sessenta e três (1963)
Dois de abril inaugurado.
Por aqui também passou
Um pacifista do mundo
Um homem sacramentado
Chamado Padre Raimundo
Cumpriu com o seu dever
Sério, reto e profundo.
E na luta pela água
Da Lagoa de Bonfim
Vendo a coisa demorada
O padre disse assim:
“Adutora não, voto não.
Adutora sim, voto sim”.
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No ano oitenta e um (1981)
O lugar foi arrasado
Causando grande aflição
Principalmente do lado
Da ponte do Paraíso
Levando todo o Mercado.
Uma enchente medonha
Causou o desabamento
Foi lá em Campo Redondo
Que caiu chuva com vento
Desceu com aquele açude
Demorado sofrimento.
Mais um fato importante
Merece ser relembrado
Foi a chegada da água
De Bonfim daquele lado
O povo deste lugar
Estava necessitado.
O Governo Garibaldi
Botou o plano em ação
O Prefeito Dr. Cabral
Exerceu boa pressão
E Monsenhor Expedito
Grande mobilização.
Não podemos ser injustos
E não mostrar a coragem
De um homem lutador
E que tem grande bagagem
Formando opinião
Levando sua mensagem.
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Junto com o Monsenhor
Fez a coisa acontecer
Mobilizou toda gente
Pra aquela água trazer
O grande Hugo
Tavares
A quem quero agradecer.
Ainda me lembro o dia
Que isso aconteceu
Era trinta de setembro
Em Noventa e oito se deu (1998)
A água chega à cidade
Grande festa ocorreu.
Lugar bom pra se viver
E área de transição
Entre o sertão e o mar
Já foi terra de algodão
Temos na agropecuária
Hoje nossa ocupação.
É vizinho de Japi
De São Bento bem pertinho
Divisa com Sítio Novo
E Tangará no caminho
De Natal a capital
Terra que tenho carinho.
Não podemos esquecer
Outras cidades decentes
Coronel e Jaçanã
Situados mais a frente
Campo Redondo e Lajes
Terras de povo contente.
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A feira de Santa Cruz
A maior da região
Há tudo que se procura
Na feira não falta pão,
Verduras, frutas, farinha
E lugar de diversão.
Depois de falar da feira
Falaremos de cultura,
Pois havendo incentivo
Haverá desenvoltura
Nossos artistas locais
Fazendo cultura pura.
Existe aqui cantadores
E artistas de verdade
Grupos de capoeiristas
E bois-de-reis na cidade
A poesia aqui tem vez
É de muita qualidade.
Aqui a nossa homenagem
A dois Antônios especiais
Seu Antônio da Ladeira
O boi-de-reis ele faz
E a seu Antônio Borges
Que da poesia é às.
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Ao grande José Antônio
Que é um bom cantador
Aqui nossos cumprimentos
Por demonstrar o valor
Da poesia popular
Que ele é defensor.
Outros grandes escritores
Merecem ser bem lembrados
Hélio Crisanto e Marcos
Cavalcanti são falados
Zé da Luz e Maroquinha
São Poetas respeitados.
Outro grande expoente
Da cultura popular
É Gilberto Cardoso
Que veio a despontar
Dentro da Literatura
Em todo solo potiguar.
Quero aqui encerrar
Este primeiro cordel
Pra falar de Santa Cruz
Agradeço a Deus do céu
Que me deu inspiração
Pra cumprir este papel.
Parabéns João Maria...
ResponderExcluirFicou bom de ler com seis versos...
Essa inovação de colocar a data entre parênteses ficou muito bom, ainda não tinha visto.
Não ficou cansativo e já repassei para um bisneto de Theodorico que é casado com minha sobrinha.
Bravo!
Muito obrigado, Heraldo Lins.
ResponderExcluirMeu pai , José Estevam Neto tambémé é de Carnaúba do Dantas.