A CONSTRUÇÃO DA
SOLIDARIEDADE
Diogenes da Cunha Lima
Todos nós somos responsáveis pela preservação da
dignidade humana. Há, para tanto, razões jurídicas e filosóficas. A
Constituição Federal, em seu artigo primeiro, estabelece a dignidade do homem como
fundamento da nacionalidade. Sob outro prisma, é mandamento para quem pensa com
sabedoria.
Toda pessoa merece respeito, tem direito à honra, ao
exercício dos bons costumes, à vida cultural.
O nosso confinamento, como defesa sanitária, é povoado
por sentimentos e emoções, insegurança, medo, ansiedade e depressão.
Desemprego. Tudo isso alimenta a consciência da nossa fragilidade, o que incentiva
o reconhecimento do outro, a aproximação, bem como nos conscientiza da
necessidade de ajuda mútua, independente do nosso “lugar” na sociedade.
A expressão “estamos juntos”, usada como afirmação
de cumplicidade amiga, tornou-se planetária, evidenciando que nunca a
humanidade esteve tão próxima.
A imprescindível solidariedade há que ser construída
na família e na escola. Educar e aprimorar o sentimento dos jovens.
Na crise por que passa o País, podemos observar o
crescimento da solidariedade, notadamente nas pequenas e nas mais humildes
comunidades. Também se observa movimentos de cooperação das empresas e entre as
mais diversas categorias profissionais.
Um belo exemplo foi dado por cem fotógrafos
natalenses, sob o tema “Olhar Potiguar”, que doaram a sua arte em favor dos
mais necessitados.
A solidariedade pode ser manifestada das mais
diferentes formas. Usa-se a doação, o empréstimo, a participação no esforço
para a solução de um problema. Até mesmo com um abraço ou um sorriso.
Guardado na lembrança: Uma mulher de mais de noventa
anos que veio reclamar dos meninos da rua. Eles gritavam o seu apelido:
“Gasolina!”. Ela respondia com todos os nomes feios conhecidos. Meu pai a
confortou: “Não se preocupe, você não é Gasolina, você é Maria. Por isso, nada
responda”. Ela replicou: “Eu sou uma pobre órfã, não tenho pai nem mãe”. E ele:
“Você vai ser uma pobre órfã silenciosa. Porque não é Gasolina. Você é Maria,
mesmo nome de Nossa Senhora”.
O confinamento traz consigo, também, o sentimento de
solidão, mesmo em meio a outros, na multidão. Contudo, a solidão não é apenas
desvantagem. Ao contrário, é, muitas vezes, a razão de ser da criatividade e do
melhor uso da liberdade. Sozinho, o homem passa a monologar e nesse diálogo
consigo mesmo, reconhece a sua verdadeira função, limitações, o seu destino.
Ainda que não atinja a completa felicidade, afinal. É verdadeira a revelação de
Tom Jobim quando afirma que “ninguém é feliz sozinho”.
Na prática, o homem não consegue viver isolado. É do
seu espírito, de suas necessidades. Assim, comprova o poeta John Donne: “Nenhum
homem é uma ilha”.
Até Deus constatou, como está no livro do “Gênesis”,
não ser bom que o homem esteja só.
Há grande solidão cósmica, o homem estará sozinho?
Jesus ensinou que a Sua casa tem muitas moradas.
Devemos fazer da terra, nossa bela morada, a vida
solidária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”