DESPEDIDA
I
Me despeço da fazenda
Com o peito amargurado
Não quero ser o culpado
É bom que o ouvinte entenda
Apesar de sua renda
Ser um pouco resumida
Mas parte de minha vida
Foi a ela dedicada
Pra mudar sem sentir nada
É uma farsa descabida.
II
Quero fazer um resumo
Da fazenda Boa Vista
Mostrar meu ponto de vista
E porque não me acostumo
Sua direção, seu rumo,
Não esquecerei jamais
Do lugar onde meus pais
Me carregaram nos braços
Se dei meus primeiros passos
Em Boa Vista do Cais.
III
Vejo os negócios fluindo
Já nos instantes finais
E eu não aguento mais
Fingir que não estou sentindo
Com esta separação
Até o meu coração
Também está dividido
Encara esta consequência
Sem esboçar resistência
Mas vai partir constrangido.
IV
A tristeza apoderou-se
Do velho peito cansado
E, pra ser mais castigado,
Veio a saudade, arranchou-se;
O destino encarregou-se
E fez a transformação
Vou dosar a emoção
E a pressão arterial
Vou dizer que estou legal
Mesmo contra o coração.
V
Começo a imaginar
No momento da partida
Sinto a alma entristecida
Me pedindo pra ficar
E na entrega das chaves?
Suportarei os entraves
Ou agirei com cautela?
Vai ser triste a despedida
Sair da terra querida
E da casa eu morei nela.
VI
A tristeza agora invade
O meu pobre coração
Porém a única opção
É ir morar na cidade
Mas quando apertar a saudade
Finjo que vou caminhar
Sabe onde vou parar?
Bem no cabeço da serra
De onde avisto essa terra
Depois o jeito é chorar.
Autor: JOSELITO FONSECA DE MACEDO, vulgo DAXINHA.
10/08/2005.
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