terça-feira, 30 de março de 2021

DESPEDIDA - Poeta Daxinha

 




DESPEDIDA


I


Me despeço da fazenda

Com o peito amargurado

Não quero ser o culpado

É bom que o ouvinte entenda

Apesar de sua renda

Ser um pouco resumida

Mas parte de minha vida

Foi a ela dedicada

Pra mudar sem sentir nada

É uma farsa descabida.

II

Quero fazer um resumo

Da fazenda Boa Vista

Mostrar meu ponto de vista

E porque não me acostumo

Sua direção, seu rumo,

Não esquecerei jamais

Do lugar onde meus pais

Me carregaram nos braços

Se dei meus primeiros passos

Em Boa Vista do Cais.


III

Vejo os negócios fluindo

Já nos instantes finais

E eu não aguento mais

Fingir que não estou sentindo

Com esta separação

Até o meu coração

Também está dividido

Encara esta consequência

Sem esboçar resistência

Mas vai partir constrangido.


IV

A tristeza apoderou-se

Do velho peito cansado

E, pra ser mais castigado,

Veio a saudade, arranchou-se;

O destino encarregou-se

E fez a transformação

Vou dosar a emoção

E a pressão arterial

Vou dizer que estou legal

Mesmo contra o coração.


V

Começo a imaginar

No momento da partida

Sinto a alma entristecida

Me pedindo pra ficar

E na entrega das chaves?

Suportarei os entraves

Ou agirei com cautela?

Vai ser triste a despedida

Sair da terra querida

E da casa eu morei nela.

VI

A tristeza agora invade

O meu pobre coração

Porém a única opção

É ir morar na cidade

Mas quando apertar a saudade

Finjo que vou caminhar

Sabe onde vou parar?

Bem no cabeço da serra

De onde avisto essa terra

Depois o jeito é chorar.


Autor: JOSELITO FONSECA DE MACEDO, vulgo DAXINHA.


10/08/2005.

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