A
ERA DA IMPACIÊNCIA
Diogenes da Cunha Lima
No confinamento da epidemia, o Brasil
convive com todas as eras humanas. A periodização das épocas históricas, que
ajudam o entendimento, não satisfaz aos aplicados impacientes.
Na
Amazônia, os indígenas vivem o período Neolítico ou da Pedra Polida. As universidades
e centros de pesquisas utilizam a inteligência artificial com descobertas e
criações. O ministro Fábio Faria está com a responsabilidade de trazer para nós
a revolução da informação com o G5. Não somos apenas da Era da Informação, somos
também da Era do Conhecimento.
Todavia,
os manuais continuam a dizer que vivemos a Idade Contemporânea nascida com a
Revolução Francesa de 1789. Na verdade, a Revolução que cortou o pescoço de
muita gente, que combatia o Cristianismo, supostamente adotou tudo aquilo que
Jesus pregava e representava: Igualdade, Liberdade e Fraternidade.
De fato,
a Idade Industrial, caracterizada pela revolução na indústria, terminou com a
chegada do homem à Lua (1969). A Idade Contemporânea é a da conectividade
imediata, desenvolvida sobretudo pela digitação online e pelo advento do smartphone em 2007. Esses instrumentos
tecnológicos deram voz ao homem do povo e ele passou a ser planetário. É nítida
a mudança da civilização. O impacto causado na história é semelhante à invenção
mesopotâmica da escrita.
Esta
mudança deu causa à adoção da imediatidade. Todo mundo tem pressa, ausência de
tolerância ao tempo solicitado, sentimento de urgência absoluta. A demora do
atendimento que se quer gera a incerteza, a dúvida na obtenção do que se deseja.
A
digitalização online e o smartphone
são um marco, provocaram mudanças na civilização. Semelhante ao produzido com a
invenção Mesopotâmica da escrita.
A
pandemia trouxe o medo coletivo. Levou até pessoas a duvidar de Deus: “Como é
que Ele permite que tanta gente boa esteja sofrendo, morrendo?”. Muitos não têm
a certeza de sobreviver ao cataclismo universal. A morte está à espreita. Mesmo
os que esperam a vacina salvadora. Os otimistas têm esperança na solução
trazida pelo avanço científico e tecnológico, do saber quântico. Espera-se a geração
e gestão do conhecimento.
A
virtude da paciência desapareceu. São Paulo a nivelava ao amor, à alegria e à
paz. E Monteiro Lobato pôs na boca de seu personagem Dona Benta que “não há obstáculo
que a paciência não domine”.
A
pandemia aumentou o nosso sentimento de transitoriedade, de finitude. Com isso,
aumenta a desconfiança no êxito desejado. É como se vivêssemos andando na corda
bamba sobre o abismo.
Sejamos
pacientes. Observemos que a natureza não tem pressa para que os frutos
amadureçam. Quando a natureza perde a serenidade, surgem os desastres, tufões, terremotos,
erupções vulcânicas, tsunamis. Por tudo isso, devemos adotar a arte da
paciência, utilíssima virtude.
Diógenes da Cunha Lima (poeta, prosador e compositor) é advogado e presidente da ANL (Academia Norte-rio-grandense de Letras). Alguns de seus livros: “Câmara Cascudo - Um Brasileiro Feliz”, “Instrumento Dúctil”, “Corpo Breve”, “Os Pássaros da Memória”; “Livro das Respostas” (em face do “Libro de las preguntas”, de Pablo Neruda); “A Memória das Cores”; “Memória das Águas”; “O Magnífico”; “A Avó e o Disco Voador” (infantil).
Foi Presidente da FJA, Secretário de Estado; Consultor Geral do Estado; Reitor da UFRN; Presidente do CRUB. Atualmente, dirige o seu Escritório de Advocacia e preside a ANL (Academia de Letras). Alguns de seus livros: “Câmara Cascudo - Um Brasileiro Feliz”, “Instrumento Dúctil”, “Corpo Breve”, “Os Pássaros da Memória”; “Livro das Respostas” (em face do “Libro de las preguntas”, de Pablo Neruda); “A Memória das Cores”; “Memória das Águas”; “O Magnífico”; “A Avó e o Disco Voador” (infantil).
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