O véu da tristeza desce
A poesia está de luto
Se despede mestre astuto
Daqueles que não se esquece
Mesmo triste a arte agradece
Em honra tira o chapéu
Pra sempre será troféu
Linguajar harmonioso
Deixa um rastro luminoso
Vai ser estrela no céu.
Mote: Gilberto Cardoso dos Santos
Glosa: Washington Ribeiro
Adeus a Xexęu o poeta passarinho .
Triste canto espalhou-se num murmúrio ,
Ouço ao longe, não sei que voz chorar.
Um vazio inenso engole a terra
Num anseio de saudade a palpitar
Encantou-se o poeta passarinho
Lá no céu foi construir seu ninho
Com os mestres da arte foi morar.
Quão ditosas canções de mimo e graça,
Os seus lábios proferiam ao recitar!
Que até mesmo as relvas das campinas,
Pensativas se calavam a sonhar.
Ao ouvirem-no relembrando a mocidade,
Num versejar repleto de saudade
A natura parava pra escutar.
Lá do alto da serra Micaela,
O velho coqueiro ao tempo resistiu
Triste balançando as quatro folhas,
Vem saudar o poeta que partiu
Recorda o vate em tempos floridos
Hó! Quantos beijos roubados escondidos
Do Xéxeu inda emplumado ele viu.
Hoje os sinos se dobram em agonia,
Geme a poesia pelo menestrel.
As árvores também como quem reza,
Enlutadas pranteiam no vergel
O Xexéu que cantava a natureza,
Por ser sábio e nobre com certeza,
Está regendo a orquestra lá do céu.
O canto hoje é no céu
Pois encantou-se Xexéu
Com o chamado do Senhor.
A poesia está pobre
Mas lá de cima ele cobre
Com versos feitos com amor.
Marcos Medeiros
Natal-RN
A morte levou Xexéu
está de luto o viveiro,
Iremos sentir saudade
desse grande companheiro,
Falta uma ave canora
no nordeste brasileiro.
Izaias Moura.
Várias vidas tem um gato
Mas não faz nenhum cordel.
Tucano tem bico longo
Mas nunca foi menestrel.
Na mitologia tem Pérgaso
Inesquecível corcel.
No estado potiguar
Encantou-se um aedo
Foi João Gomes Sobrinho
Dono de grande enredo
Na cultura popular
Eu digo sem nenhum medo.
Bateu asas o Xexéu
Deixou o canto gravado
Nas folhas dos seus cordéis
Será sempre bem lembrado
Seu legado não tem preço
É poeta consagrado.
Mané Beradeiro (Francisco Martins)
29 maio 2019
O coqueiro não deu coco
O preá não bagunçou
O pe de Mangueira Rosa
Parou no vento e murchou
As rolinhas se aquietaram
E os bem-te-vis não voaram,
Mas teve festa no céu
Pra receber com alegria
Com pompa e com honraria
Nosso poeta Xexeu.
José Acaci
João Maria de Medeiros (poeta e cronista)
O poeta partiu hoje
Mas a sua arte rica
Pra frente se eterniza
O Xexéu se petrifica
Correndo pelos Sertões
E nos nossos corações
Sua bela poesia fica!
João Maria de Medeiros (poeta e cronista)
Sente a morte de Xexeu
Vai para mansão Divina
Receber o seu troféu
É nós chorando na terra
Eles cantando no céu.
José Vieira
Calou-se a voz do Xexéu
Todo dia de manhã
Vou visitar meu Jardim
Conversar com minhas flores
Saber tim tim por tim tim
Como anda a natureza
Que as aves dizem a mim.
Acordei como eu acordo
No meu rancho todo dia
Ouvindo as vozes das aves
Sofejando a melodia
Das cantatas madrigais
Recriando poesia.
Enchi o meu regador
Para nutrir minhas flores
Quando veio em revoada
Quatro pássaros cantadores
Me avisar em tom fúnebre
Com mil acordes de dores.
Poeta... Grita o Campina
Com sua voz embargada
Vim lhe avisar com pesar
Que a mata está enlutada
Pois nosso Xexéu poeta
Terminou sua jornada.
O Graúna completou
Também em tom de tristeza:
Nós não pudemos salvar
Nossa maior maestreza
O Xexéu calou a voz
Calando a mãe natureza.
O Concriz disse: Poeta
Eu não serei mais feliz
Não pude da assistência
A quem sempre bem me quis
Quando deu-me a liberdade
No apelo do Concriz.
Eu não pude dizer nada
Ao ouvir esse relato
Só chorei por perceber
Do cruel assassinato
Que a morte calou a voz
De um poeta do mato.
O Sabiá já chorando
Disse: meu caro poeta
Xexéu não vai mais cantar
E a fauna está incompleta
Sem ter a sua presença
Nossa tristeza é completa.
Soltei o meu regador
E comecei a chorar
Espantei todas as aves
Pedi a DEUS pra voar
E chorei como um menino
Sem querer acreditar.
Mas porém era verdade
Como disse o passarinho
Morreu sim, nesta manhã
Mestre João Gomes Sobrinho
Conhecido por Xexéu.
Foi cantarolar no céu
Findou aqui, seu caminho.
29 de Maio de 2019
Para Deus fazer poesia
Nossa cultura ficou nais pobre
Por ter chegado esse dia
Os anjos do céu o receberam
Com muita luz e alegria
Ana Lucia
Lajes Pintadas, 30.05.2019
Bravo poeta! Xexéu merece.
ResponderExcluir