domingo, 26 de agosto de 2018

REFLEXÃO SOBRE DESABAFO DE CACAU-EX BBB - Lindonete Câmara


REFLEXÃO SOBRE DESABAFO DE CACAU-EX BBB

Lendo, relendo e ouvindo o relato da mesma, repensei no quanto a sociedade é
injusta, julgadora, cruel em todos os aspectos e principalmente quando se trata de
padrões de beleza e estética feminina. Com valores deturpados e incoerentes com o real
sentido de vida, a classe dominante e artificial cobra aparências superficiais que
desvalorizam e entristecem, causando sofrimento mental desnecessário à população em
foco. Em meio a essa cobrança desenfreada, toda pessoa tem sua singular história de
vida e sem muitos questionamentos, na maioria das vezes, se vê interiorizando
paradigmas alheios como se fossem os mais corretos, lhes causando imensa dor. Dor
que traz consequências irreparáveis ou demoradas para a cura da alma, do corpo e de
tudo que o sufoca, com ou sem palavras. Não se aprofundando nesse viés que é tão
extenso e intenso, quero parabenizá-la pela coragem de se despir de todas as formas,
principalmente por ter tirado as vestes da alma diante à plateia da vida. Por ter mostrado
quem realmente é, o seu verdadeiro corpo, sem as máscaras que o mundo hipócrita
exige, levando em consideração que é uma pessoa pública, onde a exigência da mídia é
exacerbada e piora ainda mais os conflitos interiores.

Reforçando o relato e toda verbalização exteriorizada, vejo esse assunto bem
sério, vai além da visão externa, requer cuidado e orientação, já que este pode
problematizar e acompanhar a pessoa para o resto da vida, caso não busque tratamento
ou alguma fonte de ajuda. A pessoa estando centrada em si, sabendo de fato quem é,
não cairá nessa armadilha apregoada pelos ditadores e manipuladores da perfeição
corporal e nem cobrará dos filhos (as), pois saberá o quanto é prejudicial e adoecedor.
Cláudia refere que teve bulimia ainda quando criança, isso não é brincadeira, a
bulimia é um transtorno alimentar grave, marcado por compulsão, seguido de métodos
para evitar o ganho de peso que prejudica o desenvolvimento de si na forma de enxergar
a vida e tudo ao redor, baixando a autoestima, além do aparecimento de inúmeros
sintomas fisiológicos. As atitudes demonstradas terão uma grande representatividade
social e encorajarão pessoas a se livrarem também, a partir do próprio exemplo. Não é
fácil, é uma doença de difícil recuperação, é preciso persistência, pois o tratamento é
complexo e abrange outros profissionais, dependendo do caso.

Espero que a solicitação de Cláudia em relação ao AMOR próprio seja de fato
alcançada, já que tudo começa e termina por aí. Quando o indivíduo se ama, tudo muda,
tudo melhora, tudo ganha forma. A conversa com o corpo é importante para que seja
realmente aceito, este não é desmembrado da mente e do espírito, somos o todo, um ser
biopsicossocial que merece completa atenção.

Para as pessoas que estejam passando por essa situação, busquem a si, amem-se
cada vez mais, adentrem na própria alma, não se contentem apenas com a aparência,
resgatem valores saudáveis que trazem bem-estar, sejam empáticos consigo mesmos,
desmistifiquem esses valores em favor próprio e cuidem dos sentimentos ruins. Cada
um é dono de si, responsável pelo próprio corpo, pelas atitudes, pelas escolhas, não
deixem que outros tomem decisões por você ou lhes digam o que deves fazer, que roupa
deves vestir e tantas outras coisas cotidianas. Precisamos lidar com essa exigência
medíocre de beleza, dizendo NÃO, buscando nossa flexibilidade na simplicidade da
vida. Se cuidar é natural e necessário, anormal é servir à escravidão que enquadra,
rotula, inibe e adoece. Devemos nos unir em direção à libertação de poderes rígidos,
distorcidos e ainda patriarcais e combatermos toda forma de insensibilidade humana,
sejam quais forem. Que toda lágrima aprisionada venha à tona, na missão de ser
transformada para ser o que quiser, independentemente do que falem ou respirem. Na
verdade, a fala e o posicionamento do outro é apenas dele, algo com ele mesmo, então,
que haja liberdade em toda forma de pensar, sentir e viver.

Cuidemos de nós!


Lindonete Câmara (Psicóloga e Assistente Social)
    26/08/18


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