segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

A GUERRA FRIA CONTINUA QUENTE - Heraldo Lins

 


A GUERRA FRIA CONTINUA QUENTE

 

Alterar a genética para criar supersoldados é a ideia de alguns países ao redor do mundo. Antes que alguém diga que isso é apenas uma possibilidade hipotética, digo, por experiência, que é possível. O kit mutação com várias opções de alterações do DNA, eu já comprei. Coloquei o gene do macaco nas minhas pernas. Deu certo! Estou pulando nove metros de altura. Quando corro, o pulo vai para quinze. Vendi meu carro e chego ao trabalho em poucos saltos. Minhas referências mudaram. Quando pergunto a distância de um lugar para outro, quero saber em quantos saltos chego lá. De Natal a Santa Cruz são oito mil puladas, e trinta e cinco cambalhotas. As cambalhotas são para passar nas lombadas. Essa parte de deslocamento está resolvida. No kit também veio a opção de enxergar mais do que os felinos. Não contei conversa. Apliquei nos olhos os genes deles e consegui duas perfeitas visões infravermelhas. À noite enxergo tudo. Um veículo em movimento é como uma brasa correndo, vejo isso, mas percebo que com o tempo as imagens ficam com melhor nitidez.

A biotecnologia moderna me fez um super-homem. Para proteger meu coração apliquei o gene da tartaruga e criou-se uma capa ao redor das minhas costelas que nem uma munição de rifle consegue furá-lo. Fiz outros apliques íntimos utilizando a genética do jumento, mas essa mutação eu nem quero divulgar. O motivo é que não existe cueca de tamanho adequado para segurar o instrumento. Mas já que está feito, deixei. Os braços e abraços não poderiam ficar de fora. Escolhi o abraço da anaconda. Consigo espremer e tirar água de concreto, envergar aço e levantar trem. Além dessas mutações há possibilidades de integrá-las com os domínios da informação. A tecnologia a serviço dos mutantes nós fará seres dominadores e os seres humanos, nossos escravos. Quem não dominar esses avanços na ciência terá que continuar construindo pirâmides. Eu já me considero um mutante de carteirinha, é tanto que estou morando debaixo da terra. Encontrei por lá as tartarugas ninjas. Batemos um papo e as convidei para uma briga. Esse é o objetivo final dos avanços tecnológicos: fomentar a briga. A utilização desses avanços na medicina é secundária. O que importa é dominar, matar, tomar riquezas e tudo mais. Estou dentro. Alguém duvida?

 

 


 

Heraldo Lins Marinho Dantas (arte-educador)

Natal/RN, 04/01/2021 – 16:48

showdemamulengos@gmail.com

84-99973-4114

 

 

 

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