segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O CAMINHONEIRO - Conto de Nailson Costa

 


O CAMINHONEIRO  

                - Lá vem Pajeta, João!

                - Já vooooou! - e João corre em disparada para dentro de casa.

                Era a única forma de D. Carminha, mãe de João Horácio Fogaça, garoto de 8 anos de idade, atender ao chamado dela, aflita com a desobediência de seu filho único aos seus chamados anteriores. Ele, João,  estava em pleno sol de meio dia, e  vivia  a correr, a pular e a brincar, sozinho, nos becos e ruas adjacentes da Santa Cruz de 1970. João tinha seu mundo próprio e era muito interessado nas descobertas que, por ventura, poderia fazer nessas suas fugas de casa. Pajeta era um velho negro que vivia à margem da sociedade, sobrevivendo de esmolas, não fazia mal a ninguém e perambulava manco pelos becos sujos, à procura de algo para comer, com o pé esquerdo enrolado em ataduras já há muito usadas e podres de uma infecção bem avançada.

                 Era comum João ouvir essa voz de sua saudosa e falecida mãe, enquanto olhava para o seu passado. Naquele dia, no crepúsculo dos idos de 2019, como de praxe,  João sentara no alto da varanda de sua casa, construída há pouco tempo a 100 metros do sangradouro do Açude do DNOCS e a 200 metros do Poço da Vaca, para apreciar o pôr do sol único, pra não deixar morrer na sua memória as aventuras de sua adolescência,  pra descansar a rotina de seu dia a dia, e, principalmente, pra curtir a beleza do entusiasmo de seus dois netinhos, Victor Luiz e Carolina Tereza, 8 e 10 anos, respectivamente, filhos de Marcelo Alves Fogaça, seu único e amado filho, quando este, raramente, deixavam-nos na companhia de seus avós.

                O silêncio deles dois só era interrompido pelos ruídos dos games nos seus smartphones e suas concentrações a competirem com seus colegas nesses violentos jogos virtuais chamavam a atenção de seu avô João Fogaça, pois ele percebia o quão diferentes eram os mundos infanto-juvenis e o comportamento dele e de seus netos, apesar da mesma cidade, do mesmo céu, do mesmo sol e do mesmo sangue. João olhava atento para Victor e Carol, e tinha a certeza de que eles nem sentiam a presença de seu avô naquela varanda, e isso despertava uma curiosidade e uma vontade de voltar a ser criança para ali estar a competir com eles também. A sensação do desprezo e a angústia do abandono decididamente não combinavam com João. Logo ele, que se interessava tanto pela biografia e pela árvore genealógica de seus avós.

                 João tinha sido um garoto hiperativo, sem ser portador do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e disso seus pais e amigos tinham certeza, tendo em vista que João era um menino inteligentíssimo, captava as informações e aprendizados com uma rapidez assustadora, e se aborrecia facilmente quando da repetição dessas informações por quem quer que fosse, principalmente com a sua professora. João não tinha paciência para esperar pelo tempo de seus coleguinhas nas atividades de sala aula. Inteirava-se das ciências físico-biológicas, do mundo geográfico, e não compreendia a razão das mazelas histórico-sociais  de seu mundo. Ele era um leitor contumaz! Com 10 anos de idade já tinha lido todos os gibis  lançados, Monteiro Lobato, Mário Palmério, Machado de Assis, lia quase todas as páginas do jornal dominical de seu pai e gostava de escrever as suas próprias historinhas no caderno da escola, com um lápis grafite, bem como fazer releituras orais dos faroeste do cinema daquela época.

                - Mulher, ele não é normal! Leve-o a um médico, Carminha. Ele está sendo inconveniente, fica mexendo com as outras crianças que não terminam as atividades no mesmo tempo dele e  anda me fazendo perguntas que eu nãos sei responder e isso está incomodando a todos - enredava a professora Célia à mãe de João.

                Fogaça não era apenas uma criança à frente do tempo normal de seu desenvolvimento nas habilidades intelectuais,  ele, com 12 anos, já tinha uma força física descomunal! Com um homem na outra ponta do saco de algodão de 80  kg, João  levantava esse peso, desproporcional à sua idade e físico, com facilidade do chão,  para jogá-lo em cima do caminhão. Ele queria  ajudar o seu pai no transporte da excelente safra desse produto, riqueza do semi-árido nordestino. Espantosamente muito forte, não se via nele a atrofia típica da musculatura dos adeptos dos esteroides! João era um garoto franzino e muito rápido. Ele tinha um reflexo invejável! Adorava correr todos os dias porque  se sentia livre, amava a brisa, o vento a beijar-lhe o rosto e, ao correr, ele amainava o peso de sua inquietação! Correr, para ele, era a melhor coisa do mundo, não passava um único dia sem correr, no mínimo, 10 km.

                 As brincadeiras de criança, Agacha-Agacha, Balança-Caixão, Estátua, Caracol, Amarelinha (Academia), Passa-passa, Arranca-Rabo, Beijo, Abraço, Aperto de Mão, Boca de Forno,  Quente ou Frio, Passa o Anel, Pare ou Alto, Corrida de Saco, Pega-Pega (Tica), Queimada e tantas outras daquele  seu tempo sem TV e Redes Sociais eram o encontro diário nas noites daquela Rua Senador João Câmara, e as cadeiras nas calçadas, bem como as conversas aprazíveis de seus  pais com os vizinhos, pais das outras crianças, à espera da hora de se recolherem para o dia seguinte, eram a plateia daquelas alegres crianças. João Fogaça era a grande estrela, até ficava sem graça quando ele participava.

                João amava os filmes de Tarzan, de Guerra (Os Canhões de Navarone), os Faroestes  e os de ação com Terence Hils (Trinity é meu nome), John Wayne, Clint Eastwood (Sete Homens e um Destino), Giuliano Gemma, James Stewart, Kevin Costner, Franco Nero, Charles Bronson, Anthony Steffen, Gregory Peck, Bud Spencer, Antony Quinn e outros, mas destetava o filme A Paixão de Cristo, porque ele não conseguia entender como Jesus Cristo, o filho de Deus, não reagiria àqueles espancamentos, e, por isso, não tolerava esse filme.

                - Corre, lá vem Doidinho! - era o Bullying preferido de alguns de seus coleguinhas de escola. Apenas Jane não se sentia bem com essa rejeição a presença de João, pois seu coração feminino já tocava  a sinfonia dos acordes passionais por João. É que ele vinha correndo todo empolgado pra contar a novidade ocorrida pela manhã na sua rua, defronte aos Correios. Queria dizer dos três caminhões do Exército a despejar soldados com as suas fardas verde-oliva, seus fuzis nas mãos hábeis, suas obediências aos gritos de ordenança de seu comandante na formação e disciplina de seu pelotão. Queria dizer que achou lindo aquilo, que encheu os olhos de prazer, de curiosidade em ver cena tão bonita, mas que seu pai, de repente, apareceu assustado para estragar tudo, e, com um puxão no braço o arrancou dali para dentro de casa, fechou a porta e pediu silêncio a todos. Queria dizer que ele ficou sem entender aquela atitude de seu pai, ao dizer, mais tarde, que o Exército estava atrás de Lourival Anísio. Lourinho, sim, filho de seu grande amigo Arnaldo Anísio, e que nem seu pai saberia explicar o motivo daquela perseguição a um homem de família bem sucedida financeira e socialmente, conhecida na cidade e na região pela sua bondade e honestidade. Logo Lourival Anísio, rapaz bom, preocupado com o desenvolvimento sustentável da Região do Trairi e do Nordeste, amigo dos produtores  rurais de baixa renda, simpático, honesto, super dedicado às políticas sociais justas para com o povo, ser procurado pela Polícia do Exército, por ter sido incluído na lista de terroristas, assaltantes de banco e assassinos de criancinhas, e que estava querendo retomar o poder dos generais para implantar o comunismo no Brasil. Mas não teve tempo de contar a seus coleguinhas, pois todos fugiram da presença de João. Ainda bem que ele não levava a sério os bullying contra ele, simplesmente porque tinha consciência de sua força física. Um pequeno chega pra lá, um soco, um pontapé num coleguinha seria atingi-lo de morte, e isso ele jamais faria.

                Nos Jogos Escolares de 1975, João foi o motivo de muita controvérsia, bem antes mesmo do início  da competição. As demais Escolas concorrentes não queriam aceitar a inscrição dele naquele ano, pois há quatro edições ele vinha humilhando os outros estudantes, ao conquistar as "medalhas de ouro" nas principais modalidades de que participava, Natação, Cem Metros Rasos e com Barreiras, Levantamento de Peso, Xadrez  e outras. Depois de muita confusão, aceitaram-no no Salto Ornamental.

                 Essa modalidade se daria no Poço da Vaca, uma das perigosas cachoeiras do sangradouro do Açude do DNOCS, fase Classificatória.  A semifinal, seria realizada  no Chapéu do Açude do Alívio e a grande final na Ponte do Rio Trairi, que liga o Centro da cidade ao bairro Paraíso. As boas chuvas daqueles anos de 1974 e 1975  propiciavam a realização dessa dessa modalidade esportiva.

                A expectativa era grande, não pela medalha de ouro certa de João, e sim, pela sua desenvoltura,  as acrobacias novas, enfim,  seu salto de mais de 10 metros de altura. E a falta de estrutura adequada, como rampa, trampolim, somada ao lodo das pedras, a valentia da correnteza, bem como as muitas pedras próximas acentuavam a dificuldade do pulo, além do enorme perigo de alguém se machucar gravemente. Quem conseguiu chegar e se abancar nas cercanias do Poço da Vaca, esperava aquela que seria a melhor atração do dia daqueles Jogos.

                Seu Reinaldo e Dona Carminha, pais de João, tinham uma vida social e economicamente estável,  mas era o seu filho o maior patrimônio, orgulho e a certeza de que eles eram muito felizes por causa de João.

                João, entretanto, os decepcionou, após  a sua volta do serviço obrigatório ao Exército Brasileiro. Já adulto,  não mais queria viver dentro de casa. Recusara empregos interessantes, cargos comissionados no serviço público, conseguidos com a influência de seu pai junto aos políticos importantes do Estado do Rio Grande do Norte. João teria condições de sobra para ser aprovado em concursos públicos, como fora, no de Auditor Fiscal, em 1983 e não quis assumir.  É que ele sentia, cada vez mais, a necessidade de  conquistar outros  horizontes, e não seria preso a um emprego numa cidade que ele se sentiria bem.

                João, depois de muita briga com o seu pai, bateu o martelo e decidiu sair de casa para ser  caminhoneiro. Seu pai, depois de muito chorar, aceitou a decisão de seu amado filho e  lhe deu, como presente de despedida, um belo caminhão Mercedes-Benz 1313, zero km, 1983, mesmo sob os protestos do filho.

                 E João Fogaça correu o mundo! Conheceu o Brasil, o Chile, a Argentina, todos os treze países da América do Sul. Por onde andou fez amizades, ajudou a muitos com a sua generosidades e sapiência e deixou amores, sim, isso mesmo, João sabia ser cavalheiro, respeitador, amável, carinhoso, galanteador e arrebatador nas artes da paixão. Todas as mulheres com quem  ele teve um affair ou um único encontro sequer ainda hoje carregam no coração as melhores lembranças de João. Ele, porém, não tinha nascido para viver plantado feito uma árvore no chão, mesmo sendo essa árvore frutífera, de boa sombra, preservada, patrimônio natural da humanidade e protegida por todos. João gostava muito do filme Forrest Gump e dizia, brincando, que o diretor Robert Zemeckis e o roteirista Eric Roth esqueceram-se de incluir a sua vida na contação daquela linda e premiada estória.

                João estava em Porto Alegre - RS quando soube, através das ondas do Rádio Amador de amigos seus caminhoneiros, do falecimento de seu querido pai. João foi voando, mesmo querendo ter ido correndo, para chegar a tempo do sepultamento de seu pai, em Santa Cruz. Dois dias depois, despediu-se da sua amada mãe, com a promessa de estar de volta em uma semana para dela cuidar, mas antes enxugou as lágrimas de ambos com uma camisa de seu pai, e a levou para plantá-la debaixo de um pé de umbu, no Alto da Serra da Telha, de onde  se tinha uma bela panorâmica  do Sítio Baixa-Verde, em São Bento do Trairi, lugar onde seu pai nascera, fora criado, tinha propriedades rentáveis e ensinou os primeiros atalhos da vida a João Fogaça, além de fazer os gostos D. Carminha, já debilitada pelo acometimento do mal de Alzheimer, que levaria a acreditar que, ao plantar a camisa de seu esposo naquele local, Reinaldo Fogaça nasceria outra vez.

                João, que nunca dirigia à noite, decidiu cruzar o país de Sul a Norte, Porto Alegre - RS a Santa Cruz-RN, vazio, sem parar. Abdicou de suas noites bem dormidas na cabine de seu confortável Volvo 87, estacionado na segurança dos postos e restaurantes espalhados ao longo de todo território nacional, renunciou a sua corridinha  de 10 km, às 4 horas  de toda manhã e seguiu sem tomar anfetamina ou quaisquer outra droga capaz de deixá-lo alerta 12 horas seguidas.  Ao chegar a Paulo Afonso-BA, cidade no mapa do Polígono da Maconha,  ele não quis esperar pelo ônibus da São Geraldo, vindo de São Paulo com destino a Natal, uma vez que a empresa havia contratado seguranças armados para fazer a segurança deste até a cidade próxima, a 200 km, e desobedeceu ao conselho dos colegas caminhoneiros, que faziam fila à espera daquele ônibus para seguirem em comboio. João decidiu adentra numa uma rota menos violenta da já conhecida, mas, às duas da madrugada, um carro atravessado no meio da estrada o obrigou a parar, e quatro homens fortemente armados o abordaram. João não teve opção, parou e desceu de seu caminhão com o cano da metralhadora na sua cabeça. Tranquilo e infalível como Bruce Lee,  como cantou Caetano, João usou a arma de seu agressor para nocauteá-lo com o coice dado, sem os outros três percebessem. Depois, como Rambo, nocauteou, de forma surpreendente e rápida, os restantes. Parou diante de seus agressores apagados, agachou-se para sentir os pulsos deles e, para a sua decepção, estavam todos mortos. João ficou apreensivo, pois não queria aquele resultado, ele já tinha pensado em amarrá-los, colocá-los em cima do caminhão e entrega-los à polícia. Mas, estavam mortos!

                João olhou para o carro deles pra ver se havia mais alguém. Nada.  "E agora?", pensou ele. "Vou ser preso!", e isso o deixou atônito! Como pode João Fogaça ficar trancafiado numa cela, logo ele que faz da liberdade o oxigênio, o combustível de sua vida! Viver preso numa penitenciária seria o fim de Fogaça! Não! Isso não! Ele, na infância, tinha libertado mais de cem passarinhos de uma gaiola, criação de um vizinho. Ele tinha uma mãe doente para cuidar! Ele não abriria mão de fazer a coisa que mais ama, correr rápido  em caminhos longos, caminhões! E teve uma ideia, arrastou os corpos e o colocou bem sentados na poltrona do carro. Mas antes, ele viu que havia muitas bolsas com dinheiro, milhões de Cruzados Novos. "Porra, mais essa!" Entregar o dinheiro de um possível assalto a banco era o certo! Mas, havia quatro corpos mortos. João estava sem saída. O dia já amanhecendo, logo o movimento se normalizaria naquela estrada deserta. Resolveu! Colocou os corpos no carro, chupou combustível do tanque, espalhou pelos corpos e pelo carro, ateou fogo e empurrou o carro desfiladeiro abaixo. Ainda no trajeto ladeira abaixo e capotadas diversas, o carro explodiu, carbonizando tudo, exceto os milhões, pois João ficara com os pacotes.

                Atravessou as alfândegas policiais e sentiu uma sensação nunca antes tida, o medo de ser parado, revistado e descoberto. João passou de cidadão a ladrão. Isso mesmo, ladrão! Ladrão e assassino! E João nos dias seguintes não tinha mais paz. Vivia com medo de ser descoberto, tido como assassino e ladrão. O que diria seu pai?

                Há dois 10 anos do ocorrido, sua mãe já falecida, seu caminhão se acabava com a ferrugem e as teias de aranha. João mandara construir um galpão nos fundos da casa de seus pai para sepultar seu caminhão. Ele nunca usou o dinheiro duplamente roubado para absolutamente  nada. Até pensara em doar aos poucos a instituições de caridade, mas João era inteligente e saberia que a polícia rastrearia as cédulas e chegaria a ele. Ele ficou menos infeliz quando, em 1994, a moeda foi substituída por outra, o Real, e o Cruzado Novo perdera totalmente o valor. As cenas do assassinato de quatro homens, porém, não lhe saiam da cabeça, mesmo estes sendo ladrões, malfeitores, tinham tirado a sua paz. É que ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, dizia ele para ele mesmo, na solidão de seu segredo e na agonia de sua tristeza.

                João tinha, realmente, perdido a paz. Qualquer sirene da polícia lhe aumentava os batimentos cardíacos. João preferia morrer a viver preso numa cela feito um animal selvagem, e esperava, a qualquer momento, a polícia bater na sua porta e lhe dar voz de prisão por assassinato de quatro homens, ocultação de cadáveres e roubo de uma grande quantia monetária.

                E esse dia chegou! Era a polícia a bater no seu ombro,  mostrar-lhe o Mandado de Prisão e a lhe dar voz de prisão:

                - Vamos, João!

                E João fazia força pra dizer "Já voooou, já voooooooooou",  não conseguia pronunciar os fonemas, mas os ouvia dentro de sua mente "vooooo, voooooo".

                - Vôooo, acorde! - era a voz salvadora de sua neta Carolina Tereza, a lhe chamar para a entrevista com jornalistas, em função de ter vencido, mais uma vez, o Prêmio Jabuti, categoria prosa, de 2019, com o  seu romance psicológico " Havia uma pedra no salto de meu caminhão" e de despertar o interesse de um cineasta famoso de Portugal em querer adaptá-lo para o cinema.

                - Vamos, não precisa correr! Cuidado com o caminho - ordenara João!

              E Jane, que decidiu estudar enfermagem para cuidar da tetraplegia de João Fogaça, acidentado, aos 13 anos de idade,  no fatídico Salto Ornamental dos Jogos Escolares de 1975, empurra a cadeira de rodas dele com cuidado, carinho e com o amor que lhe dedicou desde sua adolescência,  até a sala da casa deles, isso mesmo, Jane tornou-se a esposa atenciosa e amorosa do famoso escritor, várias vezes premiado, J. H. Fogaça.

(Nailson Costa, in Contos in Dó Maior, p. 14, November, 2020)

 

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