terça-feira, 7 de janeiro de 2014

UMA PEQUENA ANÁLISE SOBRE A LIBERDADE SEXUAL (Por Alexsandro Costa Rodrigues)

Uma das maiores hipocrisias da humanidade – digo humanidade contando desde a idade média – sempre foi a liberdade sexual, aquilo que você, como ser humano detentor de vontade própria, possa fazer com o seu corpo, sem interferência de ordem externa, seja ela simplesmente de terceiros conservadores, ou do Estado. Ao adentrar nesse tema, percebemos que a liberdade sexual está necessariamente vinculada com o princípio constitucional da autonomia da vontade, ou seja, o Ser Humano civilmente capaz tem o direito, e a garantia, de poder dispor de seu corpo da melhor maneira que lhe agrade,não podendo o Estado, ente abstrato, dizer o que aquele pode ou não pode fazer, lógico que essa liberdade não é ilimitada, pois esbarra na garantia dada a outros princípios e garantias fundamentais, como a integridade física, a privacidade etc. Mas, no mais, desde que não venha ferir direito alheio, a liberdade sexual é um direito de todo o cidadão na sua abrangência dimensional como Ser Humano, não podendo esta ser tolhida por simples preconceitos de ordem religiosa ou histórica, pois no fundo todos os preconceitos são formas mascaradas de hipocrisia humana. Um dos exemplos mais latentes a respeito desse tema é a liberdade ou o direito de prostituir-se, tema polêmico até hoje, tratado de forma degradante pela sociedade civil, contudo, a prostituição é um fato social existente no mundo desde os tempos mais remotos, tendo status de “a profissão mais antiga do mundo”. Pois bem, a prostituição existe nos dias atuais, existiu no passado, e continuará existindo no futuro, sabe o por quê?? Porque estamos a falar de liberdade sexual, de autonomia da vontade, de direito de dispor do seu corpo da forma que bem entender... fechar os olhos pra isso é confirmar a nossa própria hipocrisia, é saber que temos a consciência de que desde cedo é o que todo o homem procura, o sexo fácil e, infelizmente, barato em sua grande maioria, pois as/os profissionais dessa área em nada são valorizados pelo que fazem. Não sabe os desinformados de plantão que desde 2002 o Ministério do Trabalho oficializou a profissão em sua Classificação Brasileira de Ocupações, item 5198, definindo quem a pratica como sendo a profissional do sexo, garota de programa, garoto de programa, meretriz, messalina, michê, mulher da vida, prostituta, puta, quenga, rapariga, trabalhador do sexo, transexual (profissionais do sexo) e travesti (profissionais do sexo). Isto permite que quem vive da prostituição possa recolher contribuições previdenciárias, como profissional do sexo, e garantir direitos comuns a todos os trabalhadores, como aposentadorias e auxílio doença. Esse debate serve para que façamos os seguintes questionamentos: “o que muda em minha vida se fulano ou fulana virar prostituta(o)?” “Ela está nessa vida forçada ou por vontade própria?”, porque aí gera um debate, se for forçada, não estou aqui a defender quem vive da prostituição porque não teve outra maneira de sobreviver, isso é falha do Estado que não possibilitou as condições mínimas necessárias de subsistência para que essa pessoa pudesse viver, mas em se tratando de estar na prostituição de forma livre, por vontade própria é outra coisa, é onde entra o tema dessa abordagem, que vem a ser Liberdade Sexual. Nesse caso, o Estado nem ninguém pode impedir que tal direito seja exercido de forma livre, plena, garantida e protegida pelo Estado, pois não foi pra ser o guardião da falsa moral e dos bons costumes que criamos o Estado, pelo contrário, criamos para que Ele nos permita exercer nossa liberdade sem atingirmos a liberdade do outro, garantindo a ordem pública. Outro ponto relevante sobre isso, é que aqueles que enchem a boca pra dizer que são contrários ao exercício da prostituição, principalmente os políticos e religiosos, são os que na calada da noite saem sorrateiramente a procura do sexo pago. Falácia da burguesia!! Temos que olhar para uma prostituta, vendo nela um ser humano, detentor de direitos, deveres e garantias fundamentais, não podendo o Estado simplesmente fechar os olhos para esses cidadãos que vivem do sexo, pois são cidadãos que exercem sua cidadania na hora do voto, portanto, não menos iguais a qualquer um outro. A liberdade sexual é apenas uma das muitas formas da liberdade em sentido lato, pois falar em liberdade nos dias de hoje talvez seja mais difícil do que na idade das trevas ou nas ditaduras, pois hoje, com o advento da internet e das redes sociais é algo que não se sabe muito onde começa ou finda... é uma verdadeira invasão de informações... de aparições.... de afirmações... de pitacos... Infelizmente isso é um mal criado pelo próprio bem (liberdade), ou sua busca... Mesmo sabendo que estamos no século XXI, que o mundo avançou sobremaneira na tecnologia, no avanço da medicina... entre tantas outras conquistas, ainda vivemos em uma sociedade medíocre, preconceituosa, falastrona, enrustida em um falso moralismo religioso, que de religioso nada tem... a não ser a ganância pelo dinheiro... vivemos nesse mundo onde é mais importante sabermos com quem fulano vai pra cama, do que com o que é feito com o dinheiro público... dinheiro nosso... dos nossos impostos... vivemos nesse tipo de sociedade... que assiste Big Brother Brasil torcendo para que os participantes façam sexo na casa para que seja televisionado, mas dizem que são contra uma pessoa vender seu prazer.... vivemos em uma sociedade que preferem que as crianças sejam criadas nesses orfanatos públicos, que mais parecem matadouros, do que sejam adotadas por casais do mesmo sexo... Sendo assim, não há como viver no meio dessa sociedade de forma inerte, passiva...como se nada tivesse acontecendo... não! Não há!! Como diria o Mestre Raul Seixas “prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Anarquista, eu?? !! Pervertido, eu?? Chamem a mim do que quiserem, pois tenho certeza que de alguma forma contribui na formação de um pensamento pra você que acaba de ler!!

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