Uma
das maiores hipocrisias da humanidade – digo humanidade contando desde a idade
média – sempre foi a liberdade sexual, aquilo que você, como ser humano
detentor de vontade própria, possa fazer com o seu corpo, sem interferência de
ordem externa, seja ela simplesmente de terceiros conservadores, ou do Estado.
Ao adentrar nesse tema, percebemos que a liberdade sexual está necessariamente
vinculada com o princípio constitucional da autonomia da vontade, ou seja, o
Ser Humano civilmente capaz tem o direito, e a garantia, de poder dispor de seu
corpo da melhor maneira que lhe agrade,não podendo o Estado, ente abstrato,
dizer o que aquele pode ou não pode fazer, lógico que essa liberdade não é
ilimitada, pois esbarra na garantia dada a outros princípios e garantias
fundamentais, como a integridade física, a privacidade etc. Mas, no mais, desde
que não venha ferir direito alheio, a liberdade sexual é um direito de todo o
cidadão na sua abrangência dimensional como Ser Humano, não podendo esta ser
tolhida por simples preconceitos de ordem religiosa ou histórica, pois no fundo
todos os preconceitos são formas mascaradas de hipocrisia humana. Um dos
exemplos mais latentes a respeito desse tema é a liberdade ou o direito de
prostituir-se, tema polêmico até hoje, tratado de forma degradante pela
sociedade civil, contudo, a prostituição é um fato social existente no mundo
desde os tempos mais remotos, tendo status de “a profissão mais antiga do
mundo”. Pois bem, a prostituição existe nos dias atuais, existiu no passado, e
continuará existindo no futuro, sabe o por quê?? Porque estamos a falar de
liberdade sexual, de autonomia da vontade, de direito de dispor do seu corpo da
forma que bem entender... fechar os olhos pra isso é confirmar a nossa própria
hipocrisia, é saber que temos a consciência de que desde cedo é o que todo o
homem procura, o sexo fácil e, infelizmente, barato em sua grande maioria, pois
as/os profissionais dessa área em nada são valorizados pelo que fazem. Não sabe
os desinformados de plantão que desde 2002 o Ministério do Trabalho oficializou
a profissão em sua Classificação Brasileira de Ocupações, item 5198, definindo
quem a pratica como sendo a profissional do sexo, garota de programa, garoto de
programa, meretriz, messalina, michê, mulher da vida, prostituta, puta, quenga,
rapariga, trabalhador do sexo, transexual (profissionais do sexo) e travesti
(profissionais do sexo). Isto permite que quem vive da prostituição possa
recolher contribuições previdenciárias, como profissional do sexo, e garantir direitos
comuns a todos os trabalhadores, como aposentadorias e auxílio doença. Esse
debate serve para que façamos os seguintes questionamentos: “o que muda em
minha vida se fulano ou fulana virar prostituta(o)?” “Ela está nessa vida
forçada ou por vontade própria?”, porque aí gera um debate, se for forçada, não
estou aqui a defender quem vive da prostituição porque não teve outra maneira
de sobreviver, isso é falha do Estado que não possibilitou as condições mínimas
necessárias de subsistência para que essa pessoa pudesse viver, mas em se
tratando de estar na prostituição de forma livre, por vontade própria é outra
coisa, é onde entra o tema dessa abordagem, que vem a ser Liberdade Sexual.
Nesse caso, o Estado nem ninguém pode impedir que tal direito seja exercido de
forma livre, plena, garantida e protegida pelo Estado, pois não foi pra ser o
guardião da falsa moral e dos bons costumes que criamos o Estado, pelo
contrário, criamos para que Ele nos permita exercer nossa liberdade sem
atingirmos a liberdade do outro, garantindo a ordem pública. Outro ponto
relevante sobre isso, é que aqueles que enchem a boca pra dizer que são
contrários ao exercício da prostituição, principalmente os políticos e
religiosos, são os que na calada da noite saem sorrateiramente a procura do
sexo pago. Falácia da burguesia!! Temos que olhar para uma prostituta, vendo
nela um ser humano, detentor de direitos, deveres e garantias fundamentais, não
podendo o Estado simplesmente fechar os olhos para esses cidadãos que vivem do
sexo, pois são cidadãos que exercem sua cidadania na hora do voto, portanto,
não menos iguais a qualquer um outro. A liberdade sexual é apenas uma das
muitas formas da liberdade em sentido lato, pois falar em liberdade nos dias de
hoje talvez seja mais difícil do que na idade das trevas ou nas ditaduras, pois
hoje, com o advento da internet e das redes sociais é algo que não se sabe
muito onde começa ou finda... é uma verdadeira invasão de informações... de
aparições.... de afirmações... de pitacos... Infelizmente isso é um mal criado
pelo próprio bem (liberdade), ou sua busca... Mesmo sabendo que estamos no
século XXI, que o mundo avançou sobremaneira na tecnologia, no avanço da
medicina... entre tantas outras conquistas, ainda vivemos em uma sociedade
medíocre, preconceituosa, falastrona, enrustida em um falso moralismo
religioso, que de religioso nada tem... a não ser a ganância pelo dinheiro...
vivemos nesse mundo onde é mais importante sabermos com quem fulano vai pra
cama, do que com o que é feito com o dinheiro público... dinheiro nosso... dos
nossos impostos... vivemos nesse tipo de sociedade... que assiste Big Brother
Brasil torcendo para que os participantes façam sexo na casa para que seja
televisionado, mas dizem que são contra uma pessoa vender seu prazer....
vivemos em uma sociedade que preferem que as crianças sejam criadas nesses
orfanatos públicos, que mais parecem matadouros, do que sejam adotadas por
casais do mesmo sexo... Sendo assim, não há como viver no meio dessa sociedade
de forma inerte, passiva...como se nada tivesse acontecendo... não! Não há!!
Como diria o Mestre Raul Seixas “prefiro ser essa metamorfose ambulante do que
ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Anarquista, eu?? !! Pervertido,
eu?? Chamem a mim do que quiserem, pois tenho certeza que de alguma forma
contribui na formação de um pensamento pra você que acaba de ler!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”