TROVAS DE TADEU HAGEN COM A PALAVRA AMOR
UM intenso amor se fez
e nós DOIS, em nossas redes,
em breve seremos TRÊS
na paz de QUATRO paredes.
Nas mãos da tua inconstância,
o meu amor, sem querer,
foi carta sem importância
que tu rasgaste sem ler.
O amor de juras ardentes
nos traz, apesar da idade,
impulsos adolescentes
em plena maturidade!
O teu amor não passou
de um cheque falso, querida,
que o Destino apresentou
no saldo da minha vida.
Trata o amor com fantasia
para fazê-lo viver;
o amor que perde a magia
tem muito pouco a perder!...
O teu amor não passou
de um cheque falso, querida,
que o Destino apresentou
no saldo da minha vida.
Trata o amor com fantasia
para fazê-lo viver;
o amor que perde a magia
tem muito pouco a perder!...
Tu chegaste... e eu me comovo
ante o amor que ora bendigo.
Foi como se um rio novo
brotasse num leito antigo!
Sussurros à meia voz,
meia noite, à meia luz...
quando o amor brilha por nós,
o quarto inteiro reluz!
Solta as cordas do rancor
se queres a paz de volta.
Mais vale um laço de amor
do que mil nós de revolta.
Quis despertar teu ciúme
e hoje noto, em minha dor,
que, bem mais do que perfume,
eu desperdicei amor.
A saudade, às vezes, traz
contrastes deste teor:
vinho amargo que se faz
das uvas doces do amor.
Amor exige constância,
presença e continuidade;
quem tem amor à distância
mantém mais perto a saudade.
Conheci o amor maior
e, ao ver meu prazo finado,
duvido de um céu melhor
que o céu que eu tive ao seu lado.
Não lembro o amor que foi belo
e me esquivo da ansiedade
pois sempre perde o duelo
quem desafia a saudade.
Recordo a velha conquista
e pago, nesta ansiedade,
o amor à primeira vista
com prestações de saudade.
Não tive ao seu lado a sorte
que a um grande amor se destina.
Quem sonhou ser chuva forte
não foi além de neblina.
Da vitrine colorida
ao amor intransponível,
todo encanto em minha vida
tem sempre um quê de impossível!
Não li, tintim por tintim,
tua carta, por supor,
antes de chegar ao fim,
que era o fim do nosso amor.
Ao cordão tão perecível,
o amor de mãe acrescenta
uma corrente invisível
que força alguma arrebenta.
No amor não quero confronto,
me acovardo e, conformista,
altero, ponto por ponto,
meus velhos pontos de vista.
É nossa união perfeita
magia para os ateus;
se este amor for “coisa feita”,
foi coisa feita por Deus!
Teu amor é minha crença,
meu princípio, meio e fim
e, sem a tua presença,
sinto falta até de mim!
Merece este amor perfeito
desvelos de passarinho
que arranca as penas do peito
para aquecer o seu ninho.
Na minha vida de dor
nunca tive a liberdade:
Ontem – escravo do amor...
Hoje – refém da saudade...
Prometo estrelas... e é bom
não duvidar do que é dito;
seu amor me trouxe o dom
de pôr a mão no Infinito!
Sou pobre e mal me mantenho
mas, no amor que me ofereces,
tiro do nada que eu tenho
o tudo que tu mereces!
Sem o amor, que é minha crença,
sigo a trilha dos sozinhos
e já nem faz diferença
pisar flores ou espinhos!
Eu queimei todas as trovas
sobre o nosso amor risonho
para não guardar as provas
do assassinato de um sonho.
O amor de infância desfeito
merecia outro destino:
morreu num verso mal feito
que escrevi quando menino.
Que vale o despertador,
com sua sirene vã,
se as manhas do meu amor
me atrasam toda manhã?!
O amor que eu julgava infindo
de um triste fim se aproxima.
Que pena! Um verso tão lindo
e eu não encontrei a rima!...
Do amor que me fez chorar
vivo a fugir, com firmeza,
pois quem não sabe nadar
não se atira à correnteza.
Perdão algum tem valor
sem ter o amor por razão;
somente a força do amor
pode dar força ao perdão!
Leito seco por completo,
choro o amor que se perdeu
quando o mar do teu afeto
não quis o rio do meu.
No instante em que ela voltou,
retomando o amor perdido,
seu perdão cicatrizou
o meu orgulho ferido.
Sem que aceites as delícias
do amor, por caprichos vãos,
a mais doce das carícias
envelhece em minhas mãos!
Não me fazem sofredor
meus deslizes de mãos puras:
fiz loucuras por amor...
por amor... não são loucuras!
O amor nos faz esperar
em vigília permanente,
porque costuma chegar,
quase sempre, de repente!
Só porque não houve um templo,
um véu, um terno, um altar
batizam de mau exemplo
este amor tão exemplar.
Ser seu amigo é um valor
que, para mim, não compensa.
Para quem deseja o amor,
a amizade é quase ofensa!
Teu ciúme arrasador
é que amarga a minha vida.
Quem tem dúvidas de amor
não ama... apenas duvida.
Em nosso amor o pior
foi que o teu perdão sonhado
era um número menor
e não coube em meu pecado.
Quando o amor me contagia,
tem meu peito apaixonado
a animação e a alegria
de um parque no feriado!
No palco dos fracassados,
nós somos, em nossa dor,
artistas despreparados
vivendo um drama de amor!
Se os assuntos se definem,
eu te fito, sonhador,
para que os olhos terminem
nossa conversa de amor!
Enlevo é aquele desvelo
de com carinho ajeitar
cada trança do cabelo
pra o meu amor destrançar.
Lembrando o amor que a iludia,
minh’alma, feliz, revive...
Eu sei que foi fantasia
porém foi tudo o que eu tive!
Não lembro o amor que foi belo
para não sofrer dobrado,
pois sempre perde o duelo
quem desafia o passado!
Minha razão combalida
não consegue mais se impor:
perdi o pulso da vida
seguindo impulsos de amor!
Tenho vivido ao sabor
dos rumos de um vento incerto
que, em constância, o seu amor
lembra as dunas de um deserto.
Quem mergulha na paixão
não se afoga em águas rasas.
O amor que nos tira o chão
é capaz de nos dar asas.
Você senhora... eu senhor
e uma existência perdida.
O resgate de um amor,
às vezes, custa uma vida.
Do nosso amor que morreu
nós fomos, sem perceber,
elos que a vida rompeu
pelo prazer de romper.
Uma paixão com fervor
não se oculta facilmente
porque mistérios de amor
vazam dos olhos da gente.
O nosso amor foi somente
simples prefácio bonito
de um livro que, infelizmente,
não chegou a ser escrito.
A saudade, em minha face,
insiste em querer mostrar
que, por mais que o tempo passe,
este amor não vai passar.
Eu vejo nesses fedelhos
que esmolam amor profundo
o futuro de joelhos
pedindo uma chance ao mundo.
Eu te imploro, por favor,
não insistas neste adeus...
Se não for por meu amor,
fica pelo amor de Deus!
Trovas extraídas do livro RETRATOS 4X7, contemplado com o TROFÉU LUIZ OTÁVIO, pela Ube Rio de Janeiro, em 1° LUGAR.
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