NUM INSTANTE
Sentando-se para a endoscopia digestiva, ao lado esquerdo, um “aperte a campainha” na porta que ele não viu quando entrou. Três mulheres no atendimento chegaram antes das 6h30min. Uma perguntou pelo meu acompanhante, aí quando você chegou…
Já pode entrar? Já! À frente, uma televisão desligada, graças a Deus! Foi difícil estacionar. Umas buzinadas atrás pela pouca velocidade no desembarque. Quanto tempo irei passar aqui esperando? No cantinho do café, um casal já estava sentado antes deles chegarem.
Uma das recepcionistas liga a televisão e lá está alguém dando entrevista. Quando será que essas entrevistas ficarão fora de moda? O senhor já pode entrar. Aqui está a documentação dela e tudo mais e vá ali entregar para isso e aquilo etc. Ufa! Tem que ter vocação para ser acompanhante.
Daqui a pouco a gente senta ela. As mulheres vestindo branco andam para lá e para cá. Uma gestante passa num bom-dia sorridente. Será que pensa que sou eu quem vou fazer o parto dela?
Na sala de recuperação, mais uma mulher chega para fazer não sei o quê. Daqui a pouco a gente libera, mas se precisar é só bater. É o ritmo industrial. Próximo! Ninguém perde tempo em deixar descansar por completo. A fila, literalmente, anda.
Um apito baixo é ouvido na sala ao lado de onde sai uma técnica de enfermagem. Respira fundo! Volta para a sala puxando a porta corrediça que tem um “por favor entrar só com máscara” escrito. São os avisos que quebram a rotina do branco das paredes.
Três camas-macas lhe fazem companhia. Numa delas, a mulher ressona. O apito agora ficou mais rápido: pi pi pi… Parou. Deve ter terminado o exame da mulher de saia colorida que acabara de entrar.
Na praia, os surfistas devem estar esperando onda. Ele sabe que não cabe pensar em surf… Vai já para casa, viu!, disse outra de branco que saiu da sala do pi pi pi.
Eu não vi quando passei dali para aqui. Oi? Eu… Ela repetiu porque a fala ainda está embaralhada. Passe na recepção para orientações. Um idoso puxa a idosa de forma carinhosa. Sente aí que vou buscar o carro.
Lá fora, uma chuva fina dita o ritmo lento do trânsito. Se quiser continuar dormindo, puxe o banco. São dez km até a residência. Um motociclista buzina; um caminhão passa por cima da calçada tentando ganhar tempo. Ela dorme chacoalhada pelos oitenta puxado. Muitas curvas e buracos desrespeitados. Gastamos duas horas, disse ele abrindo a porta diretamente para a cama. A sonolenta continua a maratona de olhos fechados.
Pronto, agora é a vez dele continuar o sono interrompido às
cinco da manhã.
Heraldo Lins Marinho Dantas Natal/RN, 12.07.2024 - 09h03min
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