CORRENDO EM VÃO
Está relembrando coisas que pensou para o amanhã. Não imaginava que estivesse fazendo este relato nesta data futura de ontem. O silêncio da alma corre solto no descampado das lembranças de sua vida padronizada que o faz ser comum dentre tantos outros.
O caminho, desbravado pela vontade de se firmar no prumo correto, deixa-o lento em suas ações. A cada amanhecer, fica olhando para a estrada que a humanidade tem que percorrer na sua essência.
Há uma frustração sendo arquitetada desde o início com tendência a ficar maior quando se avistar o final e perceber que nenhuma ideia marca este escrito, mas o importante é entender que as palavras correm para se agruparem perto do compasso da sonorização.
Este diálogo jamais seria possível na forma presencial. No primeiro momento o outro diria um "Até Logo" desfazendo a reunião. Mas aqui não! Há o fator curiosidade movendo a verdadeira busca por significados.
Eles precisam desta página como o morcego precisa de sangue. É o alimento de cada dia, o pão em forma de deleite para alimentar outros com a mesma fome de querer saber sem perguntar.
Navegar por estas linhas tracejadas ao léu é tão igual quanto passear de bicicleta elétrica. Aqui não há motivo para suar nem cansar-se. Pode-se parar a qualquer momento e dizer que teve a honra de não prosseguir. Quem desistir fica sendo o vencedor porque as frustrações são sinais de tentativas e ai daquele que não tentar. É a essência do vácuo da alma gritando que já chega de ser cobrada. É o vácuo deixado pela falta de espaço para sorrir. Quanta alegria há em escrever sem sentido! O que se pode fazer, de mais apropriado, é não ser. Tentar ser é trabalhoso. Estamos no final. Não há mais tempo em descobrir como ressuscitar. Já que não se consegue, termina-se, simplesmente, sem dizer nada.
Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 05.07.2022 – 22:07
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”