A NOTÍCIA DA GUERRA DE CANUDOS...
A guerra também se ganha com a informação, e, muitas vezes, esta é “plantada”.
Assim foi com a Guerra de Canudos, com o final, em outubro de 1897.
Toda a imprensa favorável aos republicanos, ao exército e à elite dirigente deste país, alardearam, que, os "jagunços" estavam lutando contra e colocando em risco o status quo da República dos Estados Unidos do Brasil, aliás, o termo "jagunço" era o tratamento dado aos conselheiristas de forma pejorativa.
Na realidade, o povo que acompanhava Antônio Conselheiro eram os deserdados da sociedade da época, ou melhor, os de baixo, os sem vez e voz, etc. Eles só queriam paz, um lugar para viver e rezar, pois, foi com esse objetivo que surgiu o Belo Monte.
Essa ideia de uma horda de “fanáticos” e “facínoras”, também, foi quase unanimidade nas letras, durante, mais ou menos, 50 anos após o fim da Guerra. Entre outros, incluem: Euclides da Cunha, Manoel Benício, Constantino Nery, Dantas Barreto e Macedo Soares.
Mas, a partir dos anos 50, do século XX, Odorico Tavares e José Calasans começaram a dar uma outra conotação na interpretação do Conflito Canudense, e, ouvindo os combatentes e n, pela ótica dos vencidos e pela fonte oralizada.
O eco do embate não foi muito diferente na imprensa do Rio Grande do Norte, pois o jornal A República, órgão noticioso do Partido Republicano, comandado pela família Albuquerque Maranhão e protagonizado por Pedro Velho, então, diretor do jornal, tinha uma linha editorial defensora dos militares, ampla e preconceituosa com os canudenses.
No jornal citado, aconteceu uma campanha de finanças em prol das viúvas dos militares mortos em combate, do 34º Batalhão, sediado em Natal, para a qual, movimentou toda sociedade endinheirada.
O militar Constantino Nery, participande da 4ª Expedição, da 2ª Coluna, comandada por Cláudio Savaget, na movimentação do percurso de Aracaju-SE a Queimadas-BA, narrou e registrou em forma de diário. Então, os escritos constantinos, foram publicados no jornal potiguar em forma de folhetim, num total de 82 fragmentos e intitulado A Quarta Expedição Contra Canudos..., de 31 de outubro a 24 de dezembro de 1897.
Nas comemorações da “vitória” republicana, através, do exército sobre os “jagunços” conselheiristas, por exemplo, teve passeata, bebericando cerveja e declamando versos em Santa Cruz-RN e um dos protagonistas foi o major Miguel Ferreira da Rocha, filho de Horácio Genésio Ferreira da Rocha e neto de Miguel Ferreira da Rocha, de família dirigente santacruzense, aliada do clã Albuquerque Maranhão e com atividade econômica de criação de gado e do cultivo de algodão “mocó”, nas fazendas Gangorra, Penafiel e Queimadas.
Infelizmente, assim é que funciona a roda de transmissão para o conforto dos poderosos até o presente momento...
Carlos Alberto
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