SISTEMA DE PRODUÇÃO LITERÁRIA
A obrigação é entregar dez páginas escritas por dia, mas não adianta só rabiscar e achar que a tarefa está concluída. A mesa julgadora está atenta para chibatar quem falhar na missão.
Os escritores permanecem tensos para evitar apanhar a largar o couro e depois tomar banho de água salgada. Há os que enlouquecem, os suicidas e os assassinados. Eles têm que se mudarem constantemente para evitar agressões verbais e ataques terroristas.
Cada país tem um plantel de espiões à cata de informações sobre o que estão escrevendo. Os textos são escritos em forma de códigos para evitar deixar pistas da localização real dos autores.
Cientistas, estudando o ato de escrever, perceberam que o que é registrado passa a dar choque, e, só aos poucos, é que se vai acalmando. Alguns textos se apagam, outros, são substituídos, e, quando em quando, somem sem deixar vestígios.
A engrenagem é tão perfeita que quando as palavras param de sair do forno é porque apresentaram ruídos. Ao acontecer isso, é preciso limpar a esteira, mas se deve ter cuidado porque enquanto está tudo quente, raios da vaidade mascaram o que está sendo criado e não tem como encontrar palavras com sentidos contrários e/ou sujeiras redundantes.
As dificuldades existem porque a máquina produtora de histórias funciona poucas horas por dia, e é nesses momentos que se deve ter cuidado para não se perder a maior parte do idealizado. Quando a página está ficando cheia, a máquina começa a dar sinais de que não consegue entregar mais ideias, e, quer se queira ou não, o fusível queima, expulsando o autor.
Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 02.01.2021 - 07:32
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