http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1133930-critico-ingles-ataca-opiniao-de-coelhosobre ulysses.shtml
PAULO COELHO E ULYSSES
Verônica, muito irritada, quase decidiu matar-se quando soube que Stuart Kelly fizera comentários negativos sobre seu escritor preferido, Paulo Coelho. Soube que o tal comentarista era um crítico e concluiu:
— Não gosto de críticos. Como o nome já diz, eles só sabem criticar.
Stuart Kelly começou sua temporada de caça ao Coelho, quando o mago opinou sobre o romance Ulysses, dizendo:
"Os autores hoje querem impressionar seus pares"; "Um dos livros que fez esse mal à humanidade foi 'Ulysses', que é só estilo. Não tem nada ali. Se você disseca "Ulysses", dá um tuíte."
Estando entre as primeiríssimas internautas que seguiram o perfil daquele que chorou às margens do Rio Piedra, Verônica entende bem do que seu mestre fala. “Twitter é tudo de bom”, diz ela.
Quanto a este Stuart Kelly, de quem ela nunca ouviu falar, deve ser um invejoso. Ferveu de raiva quando soube que para ele a obra de seu mestre não passa de "um caldo nauseabundo de ego e misticismo".
— Nauseabundo, que é isso? — riu Verônica. - Fale português, meu filho! Por certo ele tá querendo é dar a ... - e concluiu sua reticente observação com uma porção de kkk no Facebook.
Paulo Coelho, espertíssimo, apontou na crítica algo que ela nem havia notado:
"O que mais me surpreende é a argumentação banal de Kelly. Para defender Joyce (a quem não ataquei), ele me ataca pessoalmente. Para defender os leitores de Ulysses, ele ataca os meus leitores. Não retiro uma vírgula do eu que disse."
Sim! Isso mesmo, de algum modo ele havia atacado os leitores de Paulo Coelho, entre os quais se achava Verônica, leitora exemplar.
— Será que este Kely já leu algum livro de Paulo Coelho? Duvido muito que ele tenha lido o Manual do Guerreiro da Luz. Livro maassa, mulher! Já li umas 5 vezes! Olha só o que diz esse livro (recita com emoção):
Verônica é meio desmemoriada, mas, como vimos, tem na ponta da língua muita coisa dita pelo autor de O Alquimista.
— Fã que é fã, meu bem, tem que ler até decorar o que diz seu mestre.
Voltando à rusga: Paul Rabbit deixara claro que os seus leitores foram insultados; e ela, Verônica, não iria deixar sair de graça o desaforo: Iria passar o dia inteiro tuítando com as amigas do fã-clube e pediria aos seus contatos que compartilhassem no Facebook uma merecida resposta ao tal do Stuart. "Cancelem ele!"
Aleph, que pretende um dia peregrinar com a senhorita Prim no Caminho de Santiago, acatou a ideia e se pôs a repassar o protesto contra o idiota do Stuart.
Verônica lembrou-se vagamente de suas aulas de História. E comentou:
— O que foi que esse Ulysses fez pelo Brasil? Só era estiloso? Muito pouco, pelo que sei. Acho que nem tuitar sabia (kkkkk!).
— De que Ulysses tu tás falando, mulher? Perguntou Brida.
— Eu acho que seja o Guimarães, aquele político cujo avião caiu no mar... Até hoje não encontraram o corpo...
— Ah, tá. — Assentiu Brida, achando que entendera melhor o contexto da discussão.
Agá Lins e Santiago acompanhavam a discussão no Facebook. Sentiram o universo conspirando a fim de que clicassem simultaneamente no “Desfazer Amizade”, livrando-se das duas.
MC Bezerra ligou para fazer críticas à crônica:
“Gilberto, acho que você foi infeliz quando mostrou um feliz emprego do pronome cujo na fala de Verônica.”
Imediatamente pus um fim na pendenga, concordei com o dito cujo. Paulo Coelho ensinou-me em O Manual do Guerreiro da Luz que há horas em que “é preciso sentar com o inimigo para discutir uma trégua”.
Gilberto Cardoso dos Santos
Sócio-fundador da APOESC
Membro da ANLiC (Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel)
Mestre em Literatura e Ensino
Autor dos livros
Um Maço de Cordéis - Lições de Gente e de Bichos, Fábulas e Contos em Cordel e Os Miseráveis em Cordel.
Muito legal mesmo foi a trama que você acabou de tramar!! Rsrs
ResponderExcluirJoão Maria de Medeiros
Uma viagem...muito boa, por sinal...
ResponderExcluirParabéns Gilberto.
Muito bom meu amigo Gilberto.
ResponderExcluirTenho a visão de Patativa do Assaré,leio e percebo o maravilhoso conteúdo. Puco sei comentar, fico repetindo a leitura para maior percepção dos detalhes ...
Severino Bento da Silveira
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