O Jogo
No fim do jogo, o rei e o peão voltam para a mesma caixa
(provérbio italiano). Se no fim o encaixe é igual para todos, o mesmo não se dá
durante a travessia. Do início ao fim, mais especificamente nesse ínterim,
muitas lutas são travadas, encontros e desencontros, se dão. Observando-se o
início, é bem visível que os personagens do jogo da vida não saem da mesma
caixa, comparando-se a uma simples corrida, poderíamos dizer que muitos queimam
na largada. No decorrer da partida e nos movimentos das peças, a vida acontece!
Depois do fim, o que importa, algo importa? O ato da ressurreição de Jesus,
seria uma prova cabal de que mesmo depois do fim o jogo continua? O Jesus
humano, em sua trajetória, representa muito bem o percurso, ruas, becos,
veredas e vielas no tabuleiro da vida da imensa maioria dos jogadores (peões).
Advindo de uma família simples, num contexto de disputa por espaços em campos
diversos, Jesus nasce refugiado e no decorrer da vida sofre as perseguições
próprias, dos que se insurgem. No jogo da vida não lutou para vencer, não
almejou a glória pessoal, sonhou um pódio para todos. Germinou depois do fim, nasceu para amar e
morreu para esperançar. Numa sociedade de desfavorecidos não existe vencedor,
meritocracia sem equidade é blefe! “Navigare necesse, vivere non est necesse”.
Frase atribuída ao general romano Pompeu (106-48 a.C.). Nesse vai e vem das
ondas da vida, navegar é preciso! Na vida, assim como no canto de Zeca
Pagodinho: “camarão que dorme a onda leva”. Estar acordado, atento, conectado,
engajado e em movimento é pressuposto para permanecer no jogo. Jogar é preciso!
A estada é individual, mas também é coletiva. Na escalação do time, muitos vão
apontar e tentar definir o seu lugar, sua posição “natural”, onde supostamente
você renderia mais. Mais ou menos como na canção, Portas. “nesse corredor
portas ao redor(...) tentam decidir qual é a melhor”. Daí vem os questionamentos: “por que uma
única porta, se todas dão em algum lugar, se todas servem para sair ou para
entrar, se todas servem para ventilar o corredor? No jogo da vida é necessário
questionar, lutar, não aceitar jogar um jogo de cartas marcadas, previamente
escolhidas, rotuladas, posicionadas, etc.
Em seu livro, Uma Terra Prometida, Barack Obama descreve sua
trajetória na política e também na sua vida pessoal. Estão entrelaçadas,
obviamente. Para mim a maior lição a extrair dessa história, é exatamente a
sabedoria do escritor (Obama). Cite-se: como se portar em cada ocasião,
aproveitar as oportunidades, encarar os desafios (muitos), ser audacioso, rever
conceitos, dialogar, dentre outros. Enfim, focar nos objetivos traçados, sem
perder a luz de sua essência, plantar e esperar o tempo certo da colheita,
chorar e sorrir, quando necessário. Nos versos do compositor Guilherme Arantes,
estaria o resumo da ”ópera da vida”? “Vivendo e aprendendo a jogar, nem sempre
ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar.” No jogo da vida seremos eternos aprendizes,
nada de entregar o jogo ou antecipar vitórias, avante!
O desamor, a falta de caridade, a incompreensão, a ganância e
arrogância desumanizam o homem, embolam o meio de campo, jogo não flui de forma
justa. “E mesmo que tudo tenha dado
errado, eu ficarei bem aqui diante do senhor da música, com nada em minha
língua a não ser aleluia” (Leonard Cohen). Após travar lutas diárias,
atravessar mares tenebrosos, romper a escuridão e não nos restar mais nada, nem
mesmo forças, fiquemos com o Senhor da Vida. Feliz Ano Novo!
Seu texto deu-me a oportunidade de conhecer a música PORTAS e as janelas por você abertas me trouxeram mais luz ao eu. Felicíssimo 2022! - Gilberto Cardoso
ResponderExcluirVocê é um poeta muito sensível, um amigo maravilhoso! Obrigada por tudo, feliz ano novo!
ExcluirQue texto verdadeiro e ao mesmo tempo sensível. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirMuito obrigada, felicidades!
ExcluirExcelente texto, Goretti. Feliz 2022 para você, Júnior, seu Marido, e o casal de filhos.
ResponderExcluirMuito obrigada, Heraldo! Você com sua arte encanta a todos, felicidades e um próspero ano novo.
ResponderExcluirQue texto ma-ra-vi-lho-so! Fico admirada, professora Gorete, com tanta sabedoria. Não perco a oportunidade de ler, procuro fazer a leitura bem devagar e degustar de cada reflexão apresentada. Seus textos aguçam minha curiosidade. Que possamos sempre seguir no jogo da vida carregando dentro de si o Senhor, o dono da vida. Muito obrigada por compartilhar seus textos inspiradores.
ResponderExcluirFeliz ano novo!
Muito obrigada, que bom que vc gostou, fico feliz por poder manter esses diálogos! Um abraço.
ResponderExcluirBelíssimo texto Goretti.
ResponderExcluirMuito obrigada, Sandro! Um abraço.
ResponderExcluirTexto elegante, inteligente, preciso, bonito e profundo. Sempre uma alegria ler você, Goretti.
ResponderExcluirQuantos elogios lindos, coisas de poeta! Muito obrigada, feliz ano novo!
ResponderExcluirBelo texto, bem contextualizado.
ResponderExcluirCada dia mais, escrevendo melhor.
Parabéns.
Belo texto, bem contextualizado.
ResponderExcluirCada dia mais, escrevendo melhor.
Parabéns.
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Que belo texto, como sempre. Parabéns Goretti. Feliz ano novo! Sempre é tempo de desejarmos coisas boas para os nossos. Beijos.
ResponderExcluirJoseni Santos
Obrigada minha amiga, um bjo!
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