quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

DEDICATÓRIA A UM GÊNIO - Poeta Daxinha





 DEDICATÓRIA A UM GÊNIO


I

Não sei por que o destino

Age assim desta maneira

Destrói uma vida inteira

De um cidadão genuíno

Faz velho perder o tino

Depois que a idade avança

A memória ou a lembrança

Aos poucos desaparece

O corpo inteiro envelhece

E a mente vira criança.

II

Uma inteligência ativa

Como foi a de Firú

Que aqui no Curimataú

Era o nosso “Patativa”

Uma faze negativa

Veio manchar sua história

Apagou sua memória

Levou sua consciência

Fez voltar à inocência

No final da trajetória.

III

Eu já me sensibilizo

Quando lembro de Osvaldo

Usando todo respaldo

No campo do improviso

Não se mostrava indeciso

Ao declamar poesia

Recitando, conseguia

Atrair simpatizantes

Os aplausos eram constantes

Nas palestras que fazia.

IV

Nos palanques dos comícios

Das acirradas políticas

Fugia sempre das críticas

Usando esses artifícios

Superava os sacrifícios

No período eleitoral

Quem diz é o pessoal

Firú como advogado

Era muito respeitado

Na área judicial.

V

Nos festivais das lapinhas

Era Osvaldo o locutor

Com seu jeito animador

Cativava as pastorinhas

Das Borboletas às Rainhas

Com suas declamações

Valorizava os Cordões

Incentivava a galera

Mas o Cordão Azul era

De suas reais pretensões.

VI

Firú foi um baluarte

Ao longo de sua história

Na derrota ou na vitória

Fez da poesia a arte

E quando fazia parte

De animador de um evento

Quem medisse o seu talento

Entre os declamadores

Pontuava os seus valores

Num índice de cem por cento.

VII

Firú, o grande poeta,

Firú, o rei das quadrinhas,

O potencial que tinhas

Fez que atingisse a meta

Tua memória completa

Demonstrava teus valores

Fostes um dos oradores

Pra quem eu tiro o chapéu

Simbolizando um troféu

Dos seus admiradores.

VIII

Na formação se constrói

O forte raciocínio

Com o tempo, o extermínio

E a célula se destrói

Mas Firú é sempre herói

De potencialidade

Que a minha maior vontade

É de ver teu nome um dia

No topo da galeria

Dos menestréis da cidade.


Autor: JOSELITO FONSECA DE MACEDO, vulgo, DAXINHA.

22/05/2004

JOSELITO FONSECA DE MACEDO, mais conhecido como poeta Daxinha, nasceu em Cuité/PB, em 14/08/1938. Filho de José Adelino de Macedo e Maria Marieta da Fonseca, nasceu na zona rural de Cuité, mais precisamente no Sítio Boa Vista do Cais, popularmente conhecido como Sítio Pelado. Aos 20 anos, viajou para os estados de Minas Gerais e Goiás, onde trabalhou como agricultor e vaqueiro. Mas foi no estado de São Paulo que se fixou, trabalhando como metalúrgico nas principais usinas siderúrgicas da região do ABC paulista. Retorna à Paraíba em 1985, retomando suas funções de agricultor. Sempre gostou de poesia, sobretudo, do gênero cordel no qual, ainda menino, já escrevia seus primeiros versos. O retorno a Cuité aproximou-o ainda mais de suas raízes, fazendo-o mergulhar com mais fervor no mundo da poesia. Sempre convidado a se apresentar em eventos culturais da cidade, seus versos focavam, principalmente, no cotidiano das pessoas simples – como ele mesmo o era. Tem como obras publicadas um CD de poesias intitulado: “Poeta Daxinha – Um Amante da Poesia”, o cordel “O batente de pau do casarão” e uma participação póstuma no livro “APOESC em Prosa e Verso”, do também poeta Gilberto Cardoso dos Santos. Casado, pai, avô e bisavô, o poeta Daxinha faleceu em 04/05/2016, em Campina Grande/PB, vítima de insuficiência cardiorrespiratória. (Jaci Azevedo, filha)




Um comentário:

  1. Obrigada, Gilberto!! O poeta Daxinha tinha uma admiração muito sincera por Oswaldo. Muitas vezes ele foi em nossa casa, pra longas conversas regadas a café e poesia. O poeta sentiu muito não somente a perda, mas o processo que culminou na passagem de Oswaldo; ver uma mente tão produtiva se esvair daquela forma... Não dá pra esquecer. Muito grata pela dupla homenagem!! 🙏

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