DEDICATÓRIA A UM GÊNIO
I
Não sei por que o destino
Age assim desta maneira
Destrói uma vida inteira
De um cidadão genuíno
Faz velho perder o tino
Depois que a idade avança
A memória ou a lembrança
Aos poucos desaparece
O corpo inteiro envelhece
E a mente vira criança.
II
Uma inteligência ativa
Como foi a de Firú
Que aqui no Curimataú
Era o nosso “Patativa”
Uma faze negativa
Veio manchar sua história
Apagou sua memória
Levou sua consciência
Fez voltar à inocência
No final da trajetória.
III
Eu já me sensibilizo
Quando lembro de Osvaldo
Usando todo respaldo
No campo do improviso
Não se mostrava indeciso
Ao declamar poesia
Recitando, conseguia
Atrair simpatizantes
Os aplausos eram constantes
Nas palestras que fazia.
IV
Nos palanques dos comícios
Das acirradas políticas
Fugia sempre das críticas
Usando esses artifícios
Superava os sacrifícios
No período eleitoral
Quem diz é o pessoal
Firú como advogado
Era muito respeitado
Na área judicial.
V
Nos festivais das lapinhas
Era Osvaldo o locutor
Com seu jeito animador
Cativava as pastorinhas
Das Borboletas às Rainhas
Com suas declamações
Valorizava os Cordões
Incentivava a galera
Mas o Cordão Azul era
De suas reais pretensões.
VI
Firú foi um baluarte
Ao longo de sua história
Na derrota ou na vitória
Fez da poesia a arte
E quando fazia parte
De animador de um evento
Quem medisse o seu talento
Entre os declamadores
Pontuava os seus valores
Num índice de cem por cento.
VII
Firú, o grande poeta,
Firú, o rei das quadrinhas,
O potencial que tinhas
Fez que atingisse a meta
Tua memória completa
Demonstrava teus valores
Fostes um dos oradores
Pra quem eu tiro o chapéu
Simbolizando um troféu
Dos seus admiradores.
VIII
Na formação se constrói
O forte raciocínio
Com o tempo, o extermínio
E a célula se destrói
Mas Firú é sempre herói
De potencialidade
Que a minha maior vontade
É de ver teu nome um dia
No topo da galeria
Dos menestréis da cidade.
Autor: JOSELITO FONSECA DE MACEDO, vulgo, DAXINHA.
22/05/2004
JOSELITO FONSECA DE MACEDO, mais conhecido como poeta Daxinha, nasceu em Cuité/PB, em 14/08/1938. Filho de José Adelino de Macedo e Maria Marieta da Fonseca, nasceu na zona rural de Cuité, mais precisamente no Sítio Boa Vista do Cais, popularmente conhecido como Sítio Pelado. Aos 20 anos, viajou para os estados de Minas Gerais e Goiás, onde trabalhou como agricultor e vaqueiro. Mas foi no estado de São Paulo que se fixou, trabalhando como metalúrgico nas principais usinas siderúrgicas da região do ABC paulista. Retorna à Paraíba em 1985, retomando suas funções de agricultor. Sempre gostou de poesia, sobretudo, do gênero cordel no qual, ainda menino, já escrevia seus primeiros versos. O retorno a Cuité aproximou-o ainda mais de suas raízes, fazendo-o mergulhar com mais fervor no mundo da poesia. Sempre convidado a se apresentar em eventos culturais da cidade, seus versos focavam, principalmente, no cotidiano das pessoas simples – como ele mesmo o era. Tem como obras publicadas um CD de poesias intitulado: “Poeta Daxinha – Um Amante da Poesia”, o cordel “O batente de pau do casarão” e uma participação póstuma no livro “APOESC em Prosa e Verso”, do também poeta Gilberto Cardoso dos Santos. Casado, pai, avô e bisavô, o poeta Daxinha faleceu em 04/05/2016, em Campina Grande/PB, vítima de insuficiência cardiorrespiratória. (Jaci Azevedo, filha)
Obrigada, Gilberto!! O poeta Daxinha tinha uma admiração muito sincera por Oswaldo. Muitas vezes ele foi em nossa casa, pra longas conversas regadas a café e poesia. O poeta sentiu muito não somente a perda, mas o processo que culminou na passagem de Oswaldo; ver uma mente tão produtiva se esvair daquela forma... Não dá pra esquecer. Muito grata pela dupla homenagem!! 🙏
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