ROXINHA, A FRANGA VIRADA
(escrito em linguagem matuta)
I
No miado de São João
A minha véia falou:
“Já que a terra moiou,
Me dê uma opinião
Vai havê mio e feijão
Vou deitá uma galinha!”
Ajuntou uns zovim que tinha
Na galinha que chocou
Um bocado inda gorou
Mais tirou cinco pintinha.
II
Cum trei ou quato sumana
As bichinha já crescida
Passava o dia escondida
Nas foia da jitirana
A véia, muito bacana,
Tratava cum muito gosto
Muitas vez o só já posto
Ela ia buscá na saia
E dizia: “Pode sê que a chuva caia
E dá prejuízo e desgosto”.
III
As bichinha se criano
Cumeçô nascê peninha
Abandonaro a galinha
Já tavam cacarejano
As cucuruta omentano
Conde eu chamava elas vinha
Azulada, Pintadinha,
Cajaquinha e Sabiá
Mais pra nus atrumentá
Foi uma tá de Roxinha.
IV
As zota quatro crescida
A Roxinha, mais miúda,
Mais safada e abiúda,
Semveigonha e inxirida
Quis dá uma de sabida
Se infregano em Miguelão
Caqueles baita isporão
Pegôla disprivinida
Que ela ficô ritrucida
Agaxadinha no chão.
V
Essa cena aconteceu
Lá dibaxo do pulêro
Cu galo véi do terrêro
A Roxinha se perdeu
Adispois entristeceu
Cuma quem ficô cum medo
Anda na ponta dos dedo
Já se nota a diferença
Tudo isso é quem num pensa
E cai na vida muito cedo.
VI
Agora a franga assanhada
Nem acompanha as irmã
Todo dia, de menhã,
Fica alí discunfiada
O só sai e ela atrepada
Nem do pulêro num sai
E quando anda é só atrai
Nem liga pas irmãzinha
Num é franga nem é galinha
Se perdeu nova demai.
VII
As zôta quato donzela
Parece que intendêro
De lá pra cá resorvêro
Nem sequé andá mais ela
Todo dia é uma novela
O Miguelão de amô novo
Eu, ai vez, inté me comovo
E penso: “Vai sê lamentáve
No dia que essa miseráve
Fô pô seu premero ovo”.
VIII
A véia fica zangada
Puique todo dia eu falo
Num boto a cuipa no galo
Só sei cuipá a coitada
Diz: “Dêxe a franga assossegada
Vá cuidá da sua luta!”
Eu digo: “Véia, me iscuta,
O queu sinto é muita pena
Dessa pobi tão pequena
Já na vida de prostituta!”
Baseado em fatos reais kkkkkkkk Muito obrigada pelo espaço, querido Gilberto!! 😉
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