JOGO NO RIACHO DO FEIJÃO
No último domingo o jogo de vôlei foi disputadíssimo. Dois a dois e partimos para a “Nega”. Ponto vai, ponto vem, discussões acaloradas, dezenove a dezessete, numa partida de vinte e cinco pontos, estamos falando dos "finalmentes". A partir daí as reclamações triplicam: foi bandeja; rede; invasão; dois toques. Cada um fazendo dos argumentos uma arma para tomar ponto do outro. Não tem jeito. O espírito guerreiro entrou na quadra de areia e os apelidos vieram naturalmente: vai, Preguiça; corre, Pé de Bolo; adianta, Melissinha. Nessas discussões sadias, porém acaloradas, surgiram palavras de provocações: aqui não, papai; vai errar, Mão de Alface; pega essa, otário!
A turma que estava contabilizando os pontos também se envolveu nos xingamentos e esqueceu de fazer o registro. Lá em cima, do outro lado da tela de proteção, a arquibancada estava lotada, tanto de gente quanto de gritos.
Eu, com o pé machucado, jogando lá atrás e pensando: já faz mais de meia hora que ninguém grita o placar, esse negócio não vai terminar hoje não? “Lá pras tantas” alguém perguntou:
_Quanto está?
_Vinte e quatro a dezenove para o time de cá.
_Ah, não, estão roubando! Nós estávamos na frente! Que negócio é esse? Vão roubar outro!
_O placar é esse mesmo! Está certo! Vocês acham que essa “ruma” de gente ali está enganada? Um dos nossos disse apontando para a turma responsável pela contabilização dos pontos.
Finalizamos a partida como vencedores, entretanto, a dúvida persistiu até altas horas. No grupo do WhatsApp ainda ouvi alguém dizer:
_Vocês roubaram, ladrões!
Assim que finalizou a partida um amigo, que estava no outro time, chegou rindo e disse:
_Rapaz, essa contagem ficou meio atrapalhada.
Um dos registradores argumentou:
_ É que o placar eletrônico deu um apagão.
Mesmo sendo um encontro entre amigos, os argumentos não convenceram. Os “derrotados” saíram num blá blá blá que permanece até hoje.
Lá é assim: quando nós não ganhamos pela habilidade, ganhamos na contagem. Domingo tem mais!
Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 24/11/2021 – 05:38
Kkkkkk parece um futibó de lá in nói, na caiçarinha de Afonso Boca Rica. nos idos de 1970. Muito bom, meu caro Hera!
ResponderExcluirObrigado Nailson Costa...
ResponderExcluirÉ complicado, amigo Heraldo. Um escritor querer fazer operações matemáticas, ainda mais de forma mental.
ResponderExcluir😂😅
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