quarta-feira, 10 de novembro de 2021

EXEMPLO A SER SEGUIDO (Homenagem a Marília Mendonça)

 


EXEMPLO A SER SEGUIDO


Marília Mendonça foi vítima e eu também. No meu caso, por falta de conhecimento. Quando estava me consultando, o médico disse que há uma hora a “Rainha Da Sofrência” havia morrido em acidente de avião. Dei uma voada sem saber quem era ela. Depressa entrei na internet, e, ao vê-la em cena, tornei-me seu fã. Deu até para chorar antes do enterro. E foi o que aconteceu comigo ao saber da trajetória de Marília. 

Aos doze anos já compositora, fez de Marília uma artista muito além de uma criação da mídia. Entrando na puberdade, já mandava bem. Escondida por trás das canções, levou muitos a planarem mais alto do que imaginavam. Suas canções sendo sucesso na voz de outros famosos, fez Marília decidir entrar na chuva e molhar-se à vontade. Seu talento lhe proporcionou segurança para se tornar referência em sua especialidade. Ela estava sempre dizendo para que veio. Avançando em popularidade e entusiasmada com a vocação para compor, fez um grande favor para a humanidade: tornar a vida mais alegre.

Precisamos de pessoas assim que coloquem o cenário musical de ponta cabeça. Seus versos realistas e seu posicionamento como mulher forte numa sociedade machista, transformaram-na em um ponto de referência. Sua vocação artística lhe proporcionou vantagem em se fazer escutar.

A sutileza em dizer: “Me apaixonei pelo que eu inventei de você” nos faz ser coniventes com as fantasias que colocamos no objeto dos nossos desejos, e essa relação encontra em Marília um ponto que nos une. Ela também soube dizer que estava tudo acabado quando cantou: “Você virou saudade aqui dentro de casa”. São versos que encontram eco no cotidiano da relação entre duas pessoas, e essas duas pessoas podem ser a mais pura expressão do amor quando ela sai com uma pérola dedicada ao filho: “A felicidade que eu buscava tanto, descobri quando eu te senti chutar”. 

O rastro de saudades que ela deixa nos faz refletir o quanto é necessário a diversidade cultural. Junto-me a milhões de brasileiros e brasileiras que aplaudiram e aplaudem seu vozeirão afinado, transformando-nos em privilegiados por estarmos podendo usufruir do seu trabalho.

As fatalidades existem para nos fazer refletir o quanto precisamos nos doar mais, rechear nossa existência de esperança e motivação, seguir o exemplo da nossa Rainha. Seu sorriso encantador nos conduz para um outro patamar. Um patamar onde se acredita nos sonhos de liberdade sem traumas, onde o gênero nada altera na capacidade de discernimento. Era isso que ela transmitia ao cantar.

Obrigado, Marília, por ter nascido.


Heraldo Lins Marinho Dantas

Natal/RN, 10/11/2021 – 00:33



2 comentários:

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