sábado, 13 de novembro de 2021

A MUDA - Liliane Mendonça



 A MUDA


É com muita alegria que trago a informação de uma publicação inédita: pela primeira vez a escritora iraniana Chahdortt Djavann chega ao Brasil com um de seus romances. Trata-se de “A Muda”.

O livro é intenso e prende a atenção do leitor do início ao fim, e é surpreendentemente compacto! Tudo se passa em apenas 91 páginas de tirar o fôlego! Como tradutora do livro, acredito na força dessa narrativa que tem tudo para cativar leitores independentemente de sexo, escolaridade, idade e cultura. É uma história muito envolvente, na qual a narradora tem um péssimo relacionamento com a própria mãe e o pai é ausente, mesmo morando com elas na mesma casa. A relação afetiva mais importante de Fatemeh, a narradora, é com sua tia muda, que cuidou dela para que sua mãe pudesse trabalhar fora, e que a ajudava em seus estudos, penteava seus cabelos, brincava com ela e estava sempre em casa.

“A Muda” chama a atenção para a violência contra meninas e mulheres. O que nos faz refletir sobre a situação da mulher contemporânea. Um assunto cada vez mais em voga no mundo inteiro, inclusive no Brasil. A autora mostra, mais especificamente, aquelas pessoas que têm seus direitos humanos sistematicamente cerceados pelas autoridades políticas e religiosas do seu país. Na história, Fatemeh conta como foi condenada à morte aos 15 anos após cometer um crime e conta também a história de sua relação com sua tia muda, que dá título ao romance. 

Eu não tenho dúvidas de que este livro tem tudo para emocionar os leitores, principalmente os que têm empatia e pensam a sociedade como um todo. Chahdortt Djavann faz um relato claro e forte de uma história inesquecível. Ao final da leitura ficamos pensando: “Essa história é verdadeira? Ou é ficção?” em várias entrevistas a autora fala que muito do que ela coloca em seus romances é baseado em fatos reais, mas que ela se reserva o direito de não revelar quais são nem em que livros estão... 

Em A Muda, a sucessão dos acontecimentos é habilmente conduzida pela autora e é justamente devido a esta condução fluida do texto que o objetivo de arrebatar o leitor é invariavelmente alcançado. Evidentemente não se pode ignorar o caráter de

denúncia dessa história, mas devemos apontar também a habilidade técnica utilizada pela autora.

Djavann, como muitas mulheres iranianas, deixa seu país para escapar das perseguições políticas e tentar uma vida mais digna no estrangeiro. Ela nasceu no Irã em 1967, emigrou primeiramente para Istambul, em 1993, onde permaneceu por pouco tempo e depois seguiu para a França. Ao chegar a Paris, não dominava a língua, e dedicou-se, então, a estudar o idioma que se tornaria sua ferramenta de trabalho e de expressão cultural.

A força narrativa do livro me encantou e pode encantar você também! Você vai se surpreender com a edição brasileira, que foi produzida com muito esmero. É um excelente livro para presentear e também para ler.


“Eu tenho quinze anos e me chamo Fatemeh, mas não gosto do meu nome. Em nosso bairro todos tinham um apelido, o meu era "a sobrinha da muda". A muda era minha tia paterna. Eu serei enforcada em breve; minha mãe me deu o nome de Fatemeh por que eu tinha nascido no dia do aniversário de Maomé, e como eu era menina ela me deu o nome da filha do Profeta.”


 Este romance foi publicado na França em 2008, e republicado em 2011. 

No Brasil, a publicação é da Editora Arte & Letra, em outubro de 2021. 

Site pra compra: https://www.arteeletra.com.br/loja


Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=J-_LcQ8rZJ8








6 comentários:

  1. Genial Patativa do Assaré!
    Vamos todos comprar, ler e presentear "A Muda". Expectativa de uma boa leitura com certeza!

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  2. Difícil não lembrar da comparação imortalizada por Julio Cortázar entre a leitura e uma luta de boxe, onde o romance venceria por pontos e o conto por nocaute, quando lemos "A Muda". O romance de Djavann se contrapõe à conclusão do grande escritor argentino, pois conduz a narrativa dando indícios de que vai vencer por pontos, mas "nocauteia" o leitor ao final! Ninguém fica incólume após ler "A Muda". O texto é arrebatador e indispensável. Uma ótima sugestão de leitura apresentada em uma edição de excelente nível gráfico e uma cuidadosa tradução. É simplesmente imperdível!

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  3. Um soco no estômago e um beijo na testa. Esse pequeno romance só é pequeno em número de páginas, mas é imenso no conteúdo, que me trouxe múltiplos sentimentos, sendo os mais recorrentes a ternura e a revolta!
    Muito bem escrito e bem traduzido.
    Recomendo!

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  4. "a muda" nos fala tanto e de maneira tão genuína.
    É um diálogo intenso do início e além do fim da leitura!

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  5. Muito oportuno neste cenário que estamos vivendo, uma vez que temos os supostos conservadores querendo desvalorizar as lutas históricas de mulheres e minorias. Devemos dar voz a essas mulheres. Parabéns Liliane!

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