VEGETAL VERTEBRADO
No mundo há flores e espinhos. Alguns os observam e se afeiçoam apenas a um deles. Comumente, a maioria escolhe o vermelho macio da flor, deixando o espinho ser enterrado. Ele fica escondido debaixo da terra, mas com apenas um chute volta a furar. O desafio é manter espinhos e flores respeitando-se, todavia há um agravante: as flores são mais frágeis e precisam conviver com insetos. Os espinhos odeiam insetos e nem sabem que precisam deles para nascerem em outras roseiras. É difícil se manter indiferente a essa falta de consciência do espinho. Para o inseto, o espinho não tem utilidade, entretanto para a rosa oferecer alimento ela precisa do espinho protegendo-a. É uma cadeia de necessidades e ajuda mútua.
A sociedade é uma roseira onde há “pessoas-espinhos”, “pessoas-rosas” e “pessoas-insetos”. Nem todos têm consciência dessa interligação. Abandonam os demais quando assumem um papel diferenciado do que estava acostumado. Vem daí a origem da falta de respeito e excesso de conflitos.
Nessa nossa historinha inocente o espinho quer se manter no poder sem ouvir rosas e insetos, apenas ficando com o bônus e dividindo o ônus. Essa diferença de entendimento salta aos olhos quando insetos ficam sem casulos, rosas sem pétalas e espinhos tornam-se quebradiços. Mesmo todos perdendo, o idiota espinhoso acredita que basta furar para se manter lá. Insiste em dizer que manda e que os demais devem obedecê-lo sem questionamentos. Ele nem tem consciência que na verdade é um acúleo posando de espinho com o objetivo de enganar. As raízes já descobriram isso e estão afrouxando a terra para deixá-lo sem chão.
Os radicais extremistas muitas vezes matam e morrem defendendo suas loucuras. O acúleo em questão adora defender os extremistas querendo que toda a floresta se adeque aos seus ditames. A floresta já está farta dele, não o reconhecendo como um vegetal, e sim, como um ser desviado da sua função. Sabemos que a floresta tem o objetivo de proteger mananciais de água doce, o ar e as pessoas, porém está difícil de defender o acúleo. Este, especificamente, está até contra a própria mãe natureza criando ratazanas para comerem rosas vermelhas.
Esse acúleo é tão psicopata que ataca seus próprios amigos. Se outro furar sem ele mandar, é expulso para uma roseira externa. Muitos dos que o apoiavam não conseguiam imaginar que ele chegasse a tanto. Não entenderam o discurso porque vivem polindo suas pontas e olhando para o próprio umbigo. Essas banais atividades incapacita-os em acompanharem a saúde da planta. É por isso que há uma preocupação geral em tirar esse ferrão danoso do nosso roseiral.
Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 30/06/2021 – 11:29
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