O livro Conto Crônicas com Dó Maior foi escrito por alguém que conheço há décadas, a quem muito admiro. Nailson é conhecido como alguém de refinadas habilidades literárias e dotado de mente privilegiada. “Toda unanimidade é burra”, disse o também cronista e contista Nelson Rodrigues, mas quanto ao que eu afirmei acima, estamos diante de uma exceção. Quem o conhece de perto sabe o quanto ele merece ser escutado e lido. Aliás, quase todos os textos impressos nesse livro passaram pelo crivo de exigentes leitores em espaços virtuais e/ou em jornais e antologias impressas. Muitos e positivos foram os feedbacks. Algumas dos textos presentes no livro foram utilizados por mestres em eventos pedagógicos e inseridos em atividades estudantis de diversas escolas.
Nailson exerceu por décadas a profissão que mais admira. Foi um
educador de êxito, lembrado por muitos com saudade. Como professor, exaltou a
cultura de sua região como ninguém. Por sinal, sempre pareceu altruisticamente
mais interessado em promover outros autores que a si mesmo. Não foi sem
relutância que decidiu, após décadas de cobrança, publicar algo seu. Sem pedantismo ou pretensão de ensinar,
continua a instruir-nos através de suas produções. Trata-se de um nome
relevante na literatura do Trairi, uma voz necessária, que corresponde às
necessidades ético-literárias de nosso tempo, um escritor digno de projeção em
todo o país.
A crônica propriamente dita é um texto que se situa entre o jornalismo e a literatura. As produzidas por Nailson atendem plenamente às características do gênero. Digo isto porque na atualidade vemos crônicas que parecem não fazer essa ponte com o dia a dia. Comumente, o autor desse livro se volta para temáticas relevantes e as desenvolve com envolvente lirismo, poesia, bom humor e tiradas filosóficas que surpreendem. Seus textos direta ou indiretamente fazem ponte com pautas humanitárias, mas de modo algum são panfletários.
Num tempo em que muitos se põem a escrever sem ter o que dizer,
você tem a oportunidade de ler a obra de um prosador e poeta que antes de tudo
é um grande leitor; alguém que se interessa por tudo que acontece ao seu redor
e deseja contribuir para um mundo melhor. Em alusão ao que disse Tolstói,
diríamos que ele “canta sua aldeia” e torna-se universal sem ter a pretensão de
sê-lo. Nailson Costa, antes de ser um bom escritor, é alguém que ama muito sua terra
e sua gente; um colecionador de lembranças que extrai poesia e alegres lições
de tudo que já viveu. Antes do pensador, vemos o homem que sente e revive com
intensidade situações aparentemente banais ao olhar desatento, mas que ganham
profundidade e despertam nosso interesse em suas crônicas e contos.
Tenho
tido há vários anos o privilégio de ler seus textos à medida que vão sendo
produzidos e antes que venham a público. Releio-os com interesse e vejo que
não perdem a atualidade. Sou um dos muitos que têm insistido há décadas para
que ele reúna suas produções e as transforme em livros. Finalmente ele nos
presenteia com esta obra tão esperada, composta por textos que se tornaram
clássicos em nossa região, com acréscimo de crônicas e de contos inéditos.
Portanto,
nas páginas dessa obra o leitor se deparará com tudo que se pode esperar de um
bom contista ou cronista. Ironias inteligentes e críticas necessárias
direcionadas ao alvo certo, prosa poética e narrações bem humoradas; aqui acolá
o registro de expressões regionais engraçadas etc. Conto Crônicas com Dó Maior despertará em
você reflexões necessárias e lhe proporcionará bons momentos de lazer. Mãos e
olhos à obra!
Gilberto
Cardoso dos Santos
(Gilberto Cardoso Dos Santos)
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Nailson pode, mesmo que num futuro ainda distante, se candidatar à imortalidade. Pois, acaba de passar, são e salvo, por um batismo de fogo!
ResponderExcluirKkķkkk vamos de mãos dadas, Dr. J. Luz.
ExcluirObg, mestre Gil, pelas lindas palavras!
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