Ano Novo, roupa nova?
Maria Marcela Freire
Há, ainda neste 31 de dezembro de 2020, um frenesi nas lojas de todo o Brasil. Pessoas com incumbências pessoais ou ditames sociais à procura de algo especial para ornamentar simbolicamente seu corpo, ordinário corpo, na virada de ano, logo mais à meia-noite.
A exemplo da véspera do natal, elas saem de suas casas com o compromisso de se satisfazerem ou satisfazerem a alguém comprando algo que, tradicionalmente, se veem “obrigadas” a fazerem, talvez para se sentirem bem consigo mesmas.
No natal, algumas mesas fartas. Sobremesa, rabanada; no Ano Novo, talvez, nas mesmas mesas fartas, faltará alguém ou alguma coisa que este ano não possibilitou ter ou acontecer. Desta forma, restando apenas a uma roupa nova, estrategicamente pensada numa cor específica, fomentar a esperança de desejos não sublimados que possam vir a acontecer no novo ano que está prestes a iniciar.
Que a roupa nova ou não que iremos vestir nesta entrada de ano novo seja uma nova roupa para as nossas pobres almas carentes de atenção, ouvidoria e cuidado, desprovidas de uma indumentária que nos acolha e nos dê o status de humanos que, há tempos, estamos a perder.
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