O Novo Normal
Estamos num mar de incertezas onde o pragmatismo vai precisar das sensibilidades.
Recebo e também proclamo o "quando tudo passar " ... uma espécie de tentativa de palpar,
retomar as nossas instalações de antes. Até mesmo as atávicas. Não há muita poesia para os
excessos de medo do hoje. Gatilhos de toda espécie de perigo são fustigados à exaustão. Penso,
incrédula, no "quando tudo passar" e chegar o nosso novo normal. Parafraseando Rosa:
Como retomaremos o humano que brotou em nós depois da travessia desse rio sem terceira
margem?
Agorinha (dêitico) alguém comungou o sentimento de outro dizendo: pensei que
somente eu estava assim... Não. Todos estamos vivendo coisas iguais dentro dos nossos
universos particulares.
Cá estou sendo outra, mesmo sendo a mesma. Faço coisas que não sei. Cometo
imperícias domésticas e negligencio a arrumação do guarda-roupa conforme manda a lei do
isolamento. Sou clichê na arte culinária. Faço bolos e pães. Tento amortecer os dias infindos.
Mato as manhãs e leio Clarice:
"Podemos morrer sem o benefício do aviso prévio"
Esses meus escritos são em vão. Não sei prever. Todo dia catapulto-me da cama e
busco o equilíbrio. O contato com o mundo externo treme, ruge, quebra, estrondeia, sacode ...as
notícias geram ansiedades que geram angústias que somatizam e adoecem sem nem precisar
ter forma de coroa.
Que pena não poder escrever coisas formidáveis! Acho que por muito tempo as lavas
desse Vesúvio estarão quentes e nós buscaremos a toda hora jogar o verde para colher o maduro.
Oxalá estejamos fortalecidos para esse novo normal e prontos para saber responder por
conhecimento de causa: Para que serve um amigo?
Parabéns, Luzia. O eu lírico que em seu texto aparece reflete a vida de muitos. Nota máxima.
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