domingo, 19 de abril de 2020

O Maior dos Medos é o da Morte - por João Maria de Medeiros



O Maior dos Medos é o da Morte

Olá, meus amigos, olá , minhas amigas.

Um assunto que há muito tempo reluto em escrever é sobre os nossos medos. Um tema complexo e que exige de quem escreve bastante cuidado, sensatez e equilíbrio. Mas hoje decidi e vou enveredar por essas linhas e espero inspiração para bem tratar deste assunto.

O medo acompanha a humanidade desde o princípio de tudo.

Nós temos muitos medos. Medo da violência, medo de perdermos  o emprego, de perdermos  as pessoas que amamos, de irmos pro inferno (medo muito comum a quem é religioso). Uns têm medo de cobra, outros de sapo, dentre tantos outros medos que nos acompanham.

Mas nosso maior medo mesmo, é o medo da morte. Este medo é tão grande, que quando falamos com alguém sobre a morte, sobre “quando chegar o nosso dia”, "que todos um dia morreremos", que "o que temos de certo nesta vida é a morte", geralmente, alguns dos interlocutores da conversa, dizem que "é melhor mudarmos de assunto!"

E por falarmos na morte, esta coisa que nos aterroriza,  atualmente, experimentamos um momento crucial, onde a vida passa a ter muito valor, frente às incertezas que se aproximam de nós. Gente morrendo aos milhares diariamente no mundo inteiro. Máquinas cavando sepulturas, hospitais lotados, onde médicos precisam tomar decisões difíceis: quem ficará pra trás (morrerá) ou quem fica pra ser cuidado e, possivelmente curado?

Este é o ponto a que chegamos em vários países do mundo, e pelo que supomos, pelos desdobramentos de escolhas feitas,  em breve ocorrerá também aqui no Brasil. Torço que não. Mas sinceramente, não vislumbro outra perspectiva. Tomara que estejamos enganados, "para o bem de todos e felicidade geral da nação!"

Durante toda a  minha vida passei perto da morte, tive perdas importantes na vida, como a da pessoa que me fez ser o que sou hoje: minha mãe querida.

Confesso: tenho muito medo. Medo da morte.

Mas há alguns consolos que nos são dados ou deixados, por quem acredita na continuação da vida mesmo após a morte, como nos versos do poeta Nicanor Bessa da Silva:

A morte não é o final!
A morte não é o começo!
A morte é só o sinal...
Que a vida tem o seu preço!

Outro argumento de que a morte é necessária, vem do grande escritor  Português, José Saramago. Para ele,  a vida sem a morte perderia todo seu sentido. Vejam o que nos transmite  sobre a morte:
Em " As intermitências da morte", ele imagina um mundo onde ninguém morre. Essa é a prerrogativa dessa história, criada pelo gênio da literatura portuguesa.

Nesse mundo fictício, o autor faz uma ampla divagação sobre inúmeros temas, como a vida e a morte, o amor e o sentido e, claro, sobre a nossa existência. Em um mundo no qual ninguém morre, existem muitos problemas, como a falta de leitos nos hospitais, a falta do sentido das religiões e, claro, a superlotação de pessoas “quase mortas” — enfermas gravemente, mas que não podem morrer (já que a morte não existe) e ficam presas em um sofrimento sem fim. Embora esse seja um livro bastante crítico sobre a nossa sociedade, ele nos ajuda a refletir sobre a importância da morte e da nossa vida ter um fim, ajudando a tornar esse momento menos impactante.

A conclusão de tudo isso, de assunto tão complexo,  é de que devemos  viver  com toda plenitude, fazendo o bem, respeitando nosso semelhante , sendo solidários uns com os outros,  porque depois da morte,  o que ficará aqui de bom para os que deixamos mesmo é a saudade dos nossos bons exemplos.

É o que diz Bráulio Bessa na poesia abaixo:

SEMPRE HAVERÁ ESPERANÇA

Enquanto o amor pesar
mais que o mal na balança,
enquanto existir pureza
no olhar de uma criança,
enquanto houver um abraço,
há de haver esperança.

Enquanto nosso perdão
for mais forte que a vingança,
enquanto se acreditar
que quem acredita alcança,
enquanto houver ternura,
há de haver esperança.

Enquanto você sorrir
por uma boa lembrança,
enquanto você lutar
com uma força que não cansa,
enquanto você for forte,
há de haver esperança.

Enquanto a canção tocar,
enquanto seu corpo dança,
enquanto nossas ações
forem nossa grande herança,
enquanto houver bondade,
há de haver esperança.

Enquanto se acreditar
numa sonhada mudança…
pelo fim da violência,
pelo fim da insegurança,
enquanto existir a vida,
há de haver esperança.

Esperança no amanhã
e no agora também.
Tenha pressa, é urgente,
não espere por ninguém.
Não adianta esperança
se você não faz o bem.

Transforme sua esperança
em algo que não espera.
É no meio da maldade
que a bondade prospera.
É justo no desespero
que a paz chega e impera.

É quando se está sozinho
que um abraço tem valor.
Repare que é no frio
que a gente busca o calor.
E é justo onde existe ódio
que tem que espalhar amor.

Não adianta assistir,
não adianta observar,
se você não se mexer,
as coisas não vão mudar.
E até a esperança
vai cansar de esperar.

O mundo já lhe esperou
desde a hora de nascer.
Lhe apresentou a vida
e fez você entender
que se o problema é o homem,
o homem vai resolver.

Afinal, a gente nasce
sem trazer nada pra cá,
na hora de ir embora
o mesmo nada vai levar.
O que importa de verdade
é o que a gente vai deixar.


Joao Maria De Medeiros (Cordelista, cronista e educador)

5 comentários:

  1. Muito bom! Dá gosto de ler. Excelente!

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  2. Reflexão mais que oportuna, amigo João. Parabéns! Neste tempo pandêmico sentimos a morte bastante próxima. Como não temê-la, se fomos programados para a vida? Abraços.

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  3. Verdade, poeta. Diz-se muito quando se faz duas coisas boas ao mesmo tempo:"juntamos o útil ao agradavel. Não vale pra este caso juntei o útil ao desagradável. Rsrs

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  4. Verdade, poeta. Diz-se muito quando se faz duas coisas boas ao mesmo tempo:"juntamos o útil ao agradavel. Não vale pra este caso: juntei o útil ao desagradável. Rsrs

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