domingo, 12 de abril de 2020

NOZINHO PEQUENO E SEUS ENSINAMENTOS - Por João Maria de Medeiros



Meu avô Nozinho Pequeno  e os ensinamentos que me deixou.

Bom dia, meu amigos, bom dia, minhas amigas!
Hoje, novamente volto a escrever, um de meus afazeres preferidos, mais agora nesta pandemia desgraçada, onde somos forçados a "ficar em casa" pela sensatez, por pensamos na nossa saúde, dos nossos familiares e pelos nossos verdadeiros heróis, os servidores do Sistema de Saúde.
Escrevo por prazer e, como sabemos, tudo que refletimos, que observamos dá um bom texto.
Num dia como hoje nascia Manoel Venâncio de Medeiros. Hoje faria mais de 100 anos se estivesse ainda vivo entre nós!
Além de ser meu avô materno, era irmão do querido Tio Dula (Paulo Venâncio de Medeiros), que vendia rapadura todo sábado, na feira, ali em frente à Vantajosa e era pai do  conhecidíssimo professor João de Dula e de Neta, funcionária da Prefeitura Municipal de Santa Cruz.
A família do meu avô é conhecida como um povo calmo, que não se estressa facilmente, nem  adquire inimizades. São pessoas de caráter, sensatas e de uma conduta invejável.  Sou suspeito em falar. Mas quem os conhece pode confirmar ou desmentir o que digo aqui.
Mas vamos voltar ao meu avô, Manoel Venâncio de Medeiros , mais conhecido como Nozinho Pequeno. Homem alto, magro e que gostava de tomar um aperitivo na hora do almoço. Desde pequeno que eu o observava, sentado ali na mesa de sua cozinha ao lado de minha avó. Nunca bebia mais que um gole grande da preferida dele, a "Pitu," com tira-gosto de bucho ou tripa de gado. Nunca vi meu avô bêbado ou falando coisas de bêbados. Isso me serviu de exemplo até hoje.
Por falar em exemplos, eu sigo ainda hoje muitos deles, observados por mim ao conviver com ele ou mesmo dados pelo meu avô.
Lembro - me como fosse hoje, num dia também de domingo, quando ele me  contou uma história de teimosia, que fiquei impressionado. Nunca a esqueci!
Dois senhores, um bastante estudado e sábio e o outro, bruto, insensato e ignorante, segundo meu avô,  pegaram uma teima tão grande, mas tão grande sobre um determinado assunto que entrou pela tarde inteira e só terminou quando, lá pra noite, cada um saiu chorando para suas casas, por não terem vencido a "batalha" mental.
Esta história ocorreu  onde meu avô nasceu , no  Sítio Impueiras, município de São Bento do Trairy.
No outro dia, o homem sábio e estudado procurou um compadre e lhe contou o acontecido do dia anterior e lhe  perguntou  se "tinha ou não razão".
Ao que o outro sábio falou:
- Compadre, sou seu amigo e sei da sua sabedoria e sensatez no que diz. Seu erro foi passar a tarde inteira, numa teima desnecessária com um homem bruto e ignorante como aquele!
Quando era vivo, escutei muitas histórias do meu avô, sempre me deixando muitos ensinamentos.  Hoje sigo muitos exemplos de vida dele.
Ele faleceu na cama, na casa dele, em paz, sem deixar um só inimigo, nem contas a pagar.
Sigo, como já disse, os bons  exemplos que me foram dados pelo meu avô. Mas na vida atualmente, com uma sociedade doente, cheia de maldades, há momentos em que deixo de seguir o  lado passivo dele, de evitar confrontos.
Infelizmente, é preciso sermos duros em alguns momentos, mesmo que venhamos a desagradar a alguém.
Mais ou menos o que disse Che Guevara:
 "Há que endurecer-se, mas perder a ternura jamais".


Educador, cordelista e cronista


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