segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Sephan Vassiliew



Sephan Vassiliew
Por Cíntia Follmann – novembro/2019

Finalmente o público leitor brasileiro pode desfrutar a melancolia presente nesta primorosa obra de Jules Laforgue, renomado escritor simbolista francês e belamente vertida ao português por Liliane Mendonça.
Escrita em 1881, Laforgue nos apresenta a jornada de Stephan, um menino aparentemente sozinho, sem família ou parentes, que foi jogado num internato de interior, onde passa cinco anos de silenciosa e triste solidão.
O narrador nos leva através de sua tediosa rotina, entre estudos, longas noites de solitária vigília, e os pequenos momentos de quase alegria nos passeios além dos muros da escola. Apesar de aparentemente ser de família de posses, em comparação aos outros alunos filhos de burgueses e camponeses, nunca recebia visitas, não encontrando consolo nos caprichos que seu dinheiro podia comprar.
Sua natureza solitária e desconfiada privava o jovem protagonista dos jogos e brincadeiras com os colegas, tornando-o ainda mais recluso em seus pensamentos. Este distanciamento da realidade é diminuído com a presença do narrador, um aluno do internato que, em alguns momentos, consegue se relacionar com “entediado” como Stephan era conhecido entre os colegas.
Com uma leitura fácil e muito fluída, esta delicada tradução nos permite desfrutar das inebriantes descrições das imagens vistas pelo protagonista, que despertam no leitor uma maré de sentimentos que nos aproximam ainda mais da angustiante vida de Stephan. O cuidado com a escolha das palavras, enfatiza a poeticidade desta obra, como destaca-se “E que trégua! Que alimento para as nostalgias dele, esses dias passados no esquecimento de tudo, em pleno campo, sob o vasto céu, diante do horizonte! ”. A dureza da realidade em oposição ao anseio da alma por liberdade se mantém na narrativa através dos jogos de palavras e descrições arrebatadas dos ambientes, artisticamente mantidas pela tradutora.
Com o coração pleno de lindas descrições e inundado de angústia somos levados até o final trágico do aluno, que termina sua jornada pelo internato assim como começou: solitário e triste!


3 comentários:

  1. Minha dedicação se sente recompensada em suas palavras! Obrigada, Cíntia, obrigada, Gilberto!

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  2. Agradeça a Jules Laforgue. Parabéns !!

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