Sephan
Vassiliew
Por Cíntia Follmann – novembro/2019
Finalmente o público leitor brasileiro
pode desfrutar a melancolia presente nesta primorosa obra de Jules Laforgue,
renomado escritor simbolista francês e belamente vertida ao português por
Liliane Mendonça.
Escrita em 1881, Laforgue nos apresenta
a jornada de Stephan, um menino aparentemente sozinho, sem família ou parentes,
que foi jogado num internato de interior, onde passa cinco anos de silenciosa e
triste solidão.
O narrador nos leva através de sua
tediosa rotina, entre estudos, longas noites de solitária vigília, e os
pequenos momentos de quase alegria nos passeios além dos muros da escola.
Apesar de aparentemente ser de família de posses, em comparação aos outros
alunos filhos de burgueses e camponeses, nunca recebia visitas, não encontrando
consolo nos caprichos que seu dinheiro podia comprar.
Sua natureza solitária e desconfiada
privava o jovem protagonista dos jogos e brincadeiras com os colegas,
tornando-o ainda mais recluso em seus pensamentos. Este distanciamento da
realidade é diminuído com a presença do narrador, um aluno do internato que, em
alguns momentos, consegue se relacionar com “entediado” como Stephan era
conhecido entre os colegas.
Com uma leitura fácil e muito fluída,
esta delicada tradução nos permite desfrutar das inebriantes descrições das
imagens vistas pelo protagonista, que despertam no leitor uma maré de
sentimentos que nos aproximam ainda mais da angustiante vida de Stephan. O
cuidado com a escolha das palavras, enfatiza a poeticidade desta obra, como
destaca-se “E que trégua! Que alimento para as nostalgias dele, esses dias
passados no esquecimento de tudo, em pleno campo, sob o vasto céu, diante do horizonte!
”. A dureza da realidade em oposição ao anseio da alma por liberdade se mantém
na narrativa através dos jogos de palavras e descrições arrebatadas dos
ambientes, artisticamente mantidas pela tradutora.
Com o coração pleno de lindas descrições
e inundado de angústia somos levados até o final trágico do aluno, que termina
sua jornada pelo internato assim como começou: solitário e triste!
Minha dedicação se sente recompensada em suas palavras! Obrigada, Cíntia, obrigada, Gilberto!
ResponderExcluirAgradeça a Jules Laforgue. Parabéns !!
ResponderExcluirVerdade! O texto dele é uma delícia, apesar do Spleen!
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