quinta-feira, 26 de outubro de 2017

BRIGA ENTRE POETAS


EU SOU COBRA ENRODILHADA,
NAS VEREDAS DA POESIA
Mote: Lucélia Santos


Sou forte nesse terreno
Desafio qualquer mote
Se brincar eu dou o bote
Pra destilar meu veneno
Se o poeta for pequeno
Me dá logo uma agonia
Jogo um balde de água fria
Costuro e faço buchada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Hoje nem mesmo meu primo 
Escapa de levar peia
O boto em minha cadeia
Sem promover qualquer mimo
Vou lhe mostrar como rimo
Com grande categoria
Desde agora o cancão pia
Segure minha lapada:
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Marciano Medeiros


Traga o poeta Gilberto
Marciano, Zé Ferreira
Pode vir a reca inteira
Que aqui já tô esperto
Se tiver vate por perto
Venha mais sem heresia
Não cante pornografia
Nem faça rima quebrada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Vejo um bando de preá
Correndo desesperado
Me vendo de bote armado
No tronco do jatobá.
Pode vir um caçuá
De poeta sem valia,
Com sua rima vazia
E estrofe esconchavada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Chame o poeta Adriano
Também Francisco das Chagas
Vamos preencher as vagas
Do espaço cordeliano
Aqui já tracei meu plano
Te espero com alegria
Vamos encher a bacia
A turma esta convidada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Meu cordel tem a beleza
Do rosto de Mona Lisa
Traz a cadência da brisa
Tocando na natureza
Procuro mostrar nobreza
Mesmo em gigante porfia
Paro a noite e paro o dia
Ilumino a madrugada:
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Marciano Medeiros


Meu verso tem a sonora
Do canto das juritis
Com gorjeios tão sutis
Cantando ao nascer da aurora
Canto a fauna, canto a flora
Com Deus ando em sintonia
Meu versejar tem magia
Minha verve abençoada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Trago um canhão de repente
Carrego grande arsenal
A minha bomba letal
É forte pra toda gente
Tenho estilo diferente
Sou ducha com água fria
Virei mestre em pontaria
Perfurando barricada:
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Marciano Medeiros


Para entrar nesse repente
Convido o vate Jadinho
Um poeta passarinho
Que encanta a alma da gente
Valdeilson outro batente
Que vive na terra fria
Mas não esquece a magia
Da sua terra encantada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Para poeta insolente
Que quer ser o que não é
Que trata os outros com o pé
Eu sou pior que serpente
Se não morrer de repente
Fica em paralisia
Morre por asfixia
Como uma presa enlaçada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Aqui nesse meu estado
Venci muitos festivais
Não tenho medo jamais
Por isso sou afamado
Lourival foi açoitado
Vila nova é minha cria
Do Rio Grande a Bahia
A minha arte é falada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Sou um matuto do mato
Criado com rapadura
Defendendo minha Cultura
Sou ligeiro feito um gato
Bebi água do regato
Na manhesença do dia
E ouvi a melodia
Que cantava a passarada
EU SOU COBRA ENRODILHADA
NAS VEREDAS DA POESIA.
Jadson Lima


Todo poeta se cala
Quando escuta o meu baião
Dimas, xudu e cancão
Penaram na minha sala
Meu repente é feito bala
Promovendo artilharia
Não erra na pontaria
Como arma engatilhada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Sou apenas um rabisco
No meio desses poetas
Mas atinjo minhas metas
Pois sou cria de Francisco
Minha luz é um corisco
Que de versos irradia
Não gosto de correria
Sou poeta de bancada
EU SOU COBRA ENRODILHADA
NAS VEREDAS DA POESIA.
Jadson Lima


Quando quero improvisar
Faço que nem Zé limeira
Mesmo falando besteira
Minha rima é de assustar
Versejo em todo lugar
Me assubo na ventania
No véu da pilogamia
Como cuscuz com coalhada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


O sibilar do meu verso
Quebra cerviz de poeta
Ao pó aponta uma seta
No qual ele finda imerso
Meu terreno é adverso
Não existe garantia,
Não vê a luz doutro dia
Quem passa na minha estrada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Deixo aqui o meu abraço
Pra essa gente plebéia
Que encantaram a plateia
No verso sem embaraço
Aqui bateu o cansaço
Vou voltar pra freguesia
Adeus até outro dia
Minha rede estar armada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Eu sou veneno letal,
Coceira braba de urtiga,
Sou o queima da bixiga,
O câncer já terminal,
Sou a guerra mundial,
O medo que lhe arrepia,
Sou a fome ao meio dia,
Despacho de encruzilhada...
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Adriano Bezerra-RN


Acordei extasiado
Com cantar do passarinho,
Para ouvir o burburinho
Do poeta envenenado,
Que na noite foi picado
E perdeu a sintonia
Pra glosar com maestria
Essa divisa expressada;
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas(vias) da poesia.
Francisco Queiroz-Natal


Sou o bote de Jadinho
A peçonha de Crisanto
De Adriano herdei um tanto
De cascavel em seu ninho.
Sou espreita no caminho
De um poeta à revelia
Sou mil volts de enguia
Sou mesmo o fim da picada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Eu me chamo jararaca
Surucucu do repente
Tenho presa de serpente
Mata e fere quando ataca
Qualquer poeta malaca
Quando me ver tem fobia
Tem no couro uma alergia
E a boca fica aleijada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Hélio Crisanto


Tu gosta de pegar cobra.
Tu gosta muito que eu sei.
Tu é um fora-da-lei
Querendo fazer manobra
Mas comigo tu se dobra
Feito pano de rudia.
Tu pensa que a papa é fria,
Finda de boca queimada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Sou o canto do campina
Zunindo de manhãzinha,
O berro da bezerrinha
Quatro horas da matina,
Sou a luz da lamparina
Em noite negra e sombria,
Sou o agricultor que cria
Seus filhos com uma enxada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Adriano Bezerra


Melhor deixar de pantim
Senão tu vai se lascar.
Puxe a faca pra brigar
Venha pra cima de mim.
Hoje tu come capim
Feito jumenta vadia.
Vai acabar a porfia
Com a cueca cagada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Poeta, se tem coragem
Venha você até cá.
Fala assim só porque tá
Uns três dias de viagem.
Eu acho uma sacanagem
Ficar com tanta ousadia.
Saiba que essa valentia
Eu tiro em menos de nada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
Adriano Bezerra


Tu és um pó de xerém
Na poeira do terreiro
E eu sou Pinto do Monteiro
Te bico e cisco também.
Tu não vales um vintém,
Bem que minha mãe dizia.
No mundo da cantoria
Tu és viola quebrada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Entre os cobras do cordel
Muçurana é o meu nome
Aquele que mata e come
Jararaca e cascavel.
Sou venenoso e cruel
Contra quem me desafia
E minha verve esguia
De bote já vive armada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Tu és um vaso cheinho
E eu pus a mão na descarga.
Pra mim tu és fava amarga
Cuspida pelo vizinho.
Sou um Xexéu no teu ninho,
Tu és o ralo da pia
És bicho de montaria
E eu te esporo na estrada.
Sou serpente enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Pinto tu és de monturo
Daquele do mais fuleiro
Nunca jamais de Monteiro
Isso aí eu te asseguro.
Es um ciscador pé duro
Que só bica milacria
O seu verso é micharia
Conte aí sua piada...
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Poetinha salafrário
Se achando cordelista
Quer dá uma de artista
Mas não passa de um otário.
Escutei o comentário
Que o que você escrevia
Era a maior porcaria
Que não prestava pra nada...
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Eu não sou o que não sou
Como vocês querem ser
Boto vocês pra comer
Tudo que o gato cagou.
Todo mundo se calou
Vendo minha valentia.
Gente que no pau gemia
hoje geme na paulada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


O grupo tá meio morno
Mas quero brigar de fato
Eu sei que morro mas mato
Bem meia dúzia de corno
Que tiver no meu entorno
Prepare a artilharia
Quem tem medo de agonia
Saia fora da jogada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Te chamam José Ferreira,
Mas teu nome tá errado.
Pra mim és um Zé ferrado,
Um Zé sem eira nem beira.
Um gusano na caveira,
Merda na microscopia
Um pavio em agonia
Na lamparina apagada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Meu nome não tá errado
É mesmo José Ferreira
Provam pai, mãe e parteira,
Meu registro e batizado.
Já você foi abortado
Sua mãe não o queria
Não tem genealogia
Sua história não é nada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Tu sabe aquela jumenta
Que vaga dentro do mato?
Pois tu és o carrapato
Que à bichinha atormenta!
Tu és miolo de venta,
Tosse na pneumonia
Tuba em desarmonia
Com a orquestra afinada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Você comigo entra em guerra
Porém é só pra perder
Seu verso e seu proceder
Não valem o que o gato enterra
Se calado ainda erra
Falando é anomalia
Você não tem serventia
Nem pra bojo de privada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Zé Ferreira)


Chega desse lenga-lenga
Que mais parece um mugido,
Cheiro de suor fedido
No sovaco de uma quenga.
A tua estrofe é capenga,
Cadela velha vadia.
Mau hálito e hipocrisia
Tens na boca mal lavada.
Eu sou cobra enroscada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Tu quer dá uma de brabo
De cobra surucucu
Mas vejo um tejuaçu
Se defendendo com o rabo
E ainda fica pabo
Arrotando valentia
Mas lá na pederastia
Tu és a bambi assustada
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia
(Zé Ferreira)


Tu és ruga de culhão,
Ovo podre que gorou,
Camisinha que furou
Na hora da relação.
Um pano velho de chão,
A remela do vigia,
Essa tua homofobia
É viadês disfarçada.
Eu sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Todo mundo foi embora
Viu que briga não convém
E eu vou embora também
Senão a coisa piora.
Ouço sirene lá fora.
A polícia se anuncia
Vem por um fim na orgia,
De estrofes alucinadas
Das cobras enrodilhadas
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)


Estás correto Gilberto
Fugir dessa encruzilhada,
Levastes tanta porrada
Que te deixou mais esperto,
Tomastes o caminho certo,
Usando a sabedoria,
Corra, siga noutra via,
Pra não levar mais picada;
Essa cobra enrodilhada
Envenenou a poesia!
(Francisco Queiroz)


Eu apanhei, mas bati
Ao menos esperneei
Uns murros certeiros dei,
E a perna de uns dois mordi.
No rosto de outro cuspi,
E vi que um deles gemia.
Pensaram que eu era jia,
Se deram mal na caçada,
Pois sou cobra enrodilhada
Nas veredas da poesia.
(Gilberto Cardoso PB RN)

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