José Camelo de Melo Resende nasceu no dia 20 de abril de 1885, em Pilõezinhos, na
época distrito de Guarabira, Estado da Paraíba. Faleceu em 28 de outubro de 1964,
na cidade de Rio Tinto, no mesmo Estado. Estudou por pouco tempo. Não podendo
continuar com os estudos, tornou-se carpinteiro e marceneiro.
A poesia passou a ser uma saída para sua inteligência e imaginação fértil. Começou a
escrever folhetos (estórias rimadas) no início dos anos 20, versejando numa linguagem
perfeita, com precisão na métrica e rima que o distinguia da maioria dos poetas
populares (cordelistas) do seu tempo.
Depois de algum tempo como poeta de bancada, fez-se cantador, compensando seu
pouco talento na arte de improvisar ao som da viola com uma certa esperteza: decora
romances que ele mesmo escreve, criando tramas ou adaptando-as das histórias que
corriam de boca em boca pelas cidades brejeiras.
José Camelo escreveu várias histórias (ou estórias) romanceadas ou rimadas como se
chama. Porém, a que mais lhe rendeu fama e ganhos financeiros foi com
"O Romance do Pavão Misterioso", que até hoje é considerado o maior clássico da
literatura de cordel, o mais vendido em todos os tempos, foi escrito por José Camelo no final
dos anos 20, e não por João Melquíades Ferreira da Silva, que roubou a história e
a publicou como se fosse de sua autoria, isto posto pelo fato de José Camelo ter se
envolvido em uma certa confusão e ter que fugir para o vizinho Estado do Rio Grande
do Norte, não havendo tempo para publicar seu romance.
O “Romance” trata-se de uma narrativa feita nos moldes tradicionais: tem 32 páginas,
em versos de sete sílabas ou redondilhas maiores, e sua temática diz respeito a uma
história (aventura) de amor e heroísmo.
O enredo do Romance do Pavão Misterioso é a aventura de um rapaz, chamado
Evangelista, que ao contemplar a beleza de Creuza, donzela que era mantida
prisioneira pelo conde seu pai, sente-se tomado por forte desejo: tirar a moça do
sobrado do conde tomá-la com sua mulher. Evangelista foge com Creuza, ajudado por
um pássaro gigante que ele manda construir, na verdade era o Pavão Misterioso.
A beleza proibida da donzela desperta em Evangelista a vontade de possuí-la; a moça
passa a ser objeto de desejo do rapaz, cujas ações visam á satisfação da carência
gerada pelo desejo. O sucesso da demanda pelo apaixonado restabelece o equilíbrio
quebrado pela vontade de posse do objeto.
Como em muitas narrativas populares rimadas, no folheto Romance do Pavão
Misterioso, o herói vem de um país estrangeiro e sua história passa-se também numa
região distante daquela do leitor. O Evangelista do folheto vem da Turquia e sua
aventura tem a Grécia como palco.
Alguns heróis populares pertencem a camadas sociais elevadas ou adquirem riqueza
e poder no decorrer da narrativa; diferenciando-se do cotidiano do homem comum
que lhes presta admiração. Evangelista do romance é um rico herdeiro de um “viúvo
capitalista”.
"Residia na Turquia/um viúvo capitalista,/pai de dois filhos solteiros/o mais velho João Batista,/então o filho mais moço/se chama Evangelista."
A história do Pavão Misterioso já inspirou peças de teatro, canções, novela televisiva
e filmes de animação. E ficou conhecida na música imortalizada pelo cantor e
compositor cearense Ednardo, belíssima canção.
José Camelo de Melo Resende escreveu várias histórias ou romances não menos
famosos que o Pavão Misterioso, narrando grandes aventuras, por exemplo: Armando
e Rosa conhecidos como Coco Verde e Melancia; Entre o Amor e a Espada; história de
Joãozinho e Mariquinha; o Monstro do Rio Negro e Pedrinho e Juliana entre outras.
Dessa forma podemos afirmar que José Camelo de Melo Resende foi um grande narrador
de histórias populares do Nordeste brasileiro. Vale a pena ler suas histórias, de forma
que o leitor possa ter mais conhecimentos sobre a nossa rica e tão desvalorizada
cultura popular, sabendo-se que a região Nordeste foi e continua sendo o maior
celeiro de poesia rimada, cantada ao som da viola, a nossa cantoria de violeiros como
chamamos.
Irani Medeiros - Poeta/escritor e pesquisador da cultura popular.
minha mãe me contava a historia dos tres cavalos,ñ sei se é a mesma que vina sua biografia,escrevi ela no meu blog.
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