sexta-feira, 3 de maio de 2024

OS VERSOS DA RESISTÊNCIA NO TEMPO DA DITADURA (Gilberto Cardoso dos Santos)

A Ditadura Militar no Brasil, que começou com o golpe de 31 de março de 1964, durou 21 anos. Este período foi marcado por prisões arbitrárias, torturas, assassinatos e desaparecimentos de opositores, praticados por funcionários a serviço do Estado brasileiro.

O Ponto de Memória Estação do Cordel promoveu um concurso de poemas a respeito do tema. Como em 2024 completamos sessenta anos desse fatídico acontecimento, 60 cordéis foram escolhidos para compor a antologia Ditadura Nunca Mais. O meu obteve a 12ª colocação.




OS VERSOS DA RESISTÊNCIA NO TEMPO DA DITADURA

(Gilberto Cardoso dos Santos)


No ano 64,

O gigante adormecido

Despertou acorrentado

Pelo golpe instituído.

A jovem democracia

Viu, naquela covardia,

Seu futuro destruído.

 

Os poderosos cortaram

As asas da liberdade,

Mas os jovens protestaram

Contra aquela insanidade,

Sofreram perseguição.

Na terrível repressão,

Houve muita atrocidade.

 

A todos que padeciam,

Os artistas deram voz

E, no poder estatal,

Tiveram cruel algoz.

Muitos foram exilados

E alguns deles torturados

Da maneira mais feroz.

 

Jornalistas corajosos

Também sofreram pressão.

Militantes sucumbiram

À ideológica opressão.

Apesar da violência,

Espantosa resistência

Se viu em toda a nação.

 

Qual ostras que fazem pérolas

Ao enfrentar parasitas,

Os artistas nos brindaram

Com composições bonitas.

Por sua arte atuante,

Tiveram papel brilhante

Contra as repressões malditas.

 

Graças ao poder da música,

Da prosa e da poesia,

Como Fênix, das cinzas,

Reergueu-se a democracia.

Naquela injusta disputa,

A parte frágil na luta

Teve que ter ousadia.

 

Foram muitos os estragos

E efeitos colaterais

Que atravancaram por décadas

Os avanços sociais.

Precisamos refletir

Dia a dia e repetir:

Ditadura Nunca Mais!


Meus livros, adquiríveis pelo 84 999017248, pelo gcarsantos@gmail.com ou 

por @gcarsantos (Instagram)



VEJA TAMBÉM: 

1º lugar no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/versos-licoes-e-reveses-dos-ecos-da.html


2º Lugar no concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/a-arte-amordacada-edson-de-paiva.html


3º lugar no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/ditadura-nunca-mais-cordel-premiado.html


Poema que obteve a 4ª colocação no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/dos-rincoes-aos-litorais-ditadura-nunca.html


7º lugar: Do Golpe às Diretas Já - Marciano Medeiros

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/do-golpe-as-diretas-ja-cordel-de.html


1964 - Cordel de Edcarlos Medeiros

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/1964-cordel-de-edcarlos-medeiros.html


Cordel EM GRAVES E AGUDOS TONS - de Romildo Alves

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/em-graves-e-agudos-tons-romildo-alves.html


"DEMOCRACIA, PRESENTE!" - De Manoel Cavalcante

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/democracia-presente-manoel-cavalcante.html

 

quarta-feira, 1 de maio de 2024

PRINCESA DO TRAIRI - composição de Camilo Dantas e Hélio Crisanto



Parabenizamos ao poeta Hélio Crisanto e ao maestro Camilo Dantas pela canção PRINCESA DO TRAIRI, cujos versos e melodia bem representam o grande amor deles e dos demais trairienses por Santa Cruz. 

Graças aos recursos da Lei Paulo Gustavo,  foi produzido um belo clipe, disponível a todos no link:

https://youtu.be/K5rwMjJoF9M?si=yVqslL1_WcVNuhOe


PRINCESA DO TRAIRI


Aqui não é o céu mas tem um paraíso

Tem o sorriso de um povo acolhedor

Tem o reisado de Antônio da ladeira

Tem poesia na feira com viola e cantador

O santuário recebendo o ano inteiro

A visita do romeiro com a sua devoção

Nossa quermesse animando o mês de maio

Onde nela eu me distraio curtindo cada atração

As caminhadas no parque da Borborema

Cheirando a flor de jurema num passeio sem igual

Nosso passado como é bom a gente tê-lo

Guardado com muito zelo no nosso Museu Rural


Ó Santa Cruz terra tão bonita

Onde a mão de Santa Rita

Nos cobre de proteção

Quem te visita sempre quer voltar aqui

Princesa do Trairi, musa da minha canção (Refrão)


Composição: Camilo Dantas e Hélio Crisanto

Produção Musical: Elton Guedes

Produção visual: Felipe Santos

Participação especial: Diego Cassiano (Acordeon)


PREFEITURA DE SANTA CRUZ

LEI PAULO GUSTAVO

MINISTÉRIO DO TURISMO

GOVERNO FEDERAL

MARCIANO MEDEIROS: Bicampeão no Festival Vamos Fazer Poesia



Parabenizamos ao poeta santo-antoniense Marciano Medeiros por se tornar bicampeão no XI Festival Vamos Fazer Poesia 


Da redação  

O festival já ocorre há 11 anos e é promovido pelo poeta e jornalista Iranildo Marques, natural de Serra Talhada (PE). Trata-se do maior festival de poesia de bancada do mundo. Marciano Medeiros sagrou-se campeão pela primeira vez em 2018 e agora em 2024 conquistou o bicampeonato. O festival ocorreu entre 27 e 28 de abril. Geralmente São disponibilizados quatro motes para que as pessoas concorrentes glosem, em seguida os poemas são analisados por uma comissão julgadora, que este ano foi composta pelos poetas: Diomedes Mariano, Meca Moreno e Jorge Macedo. O evento já virou uma marca registrada e além das competições, os poetas e poetisas de várias regiões do Brasil, aproveitam os dois dias da grande festa da cultura nordestina, para se confraternizarem. Marciano Medeiros receberá 300 exemplares de um livro de sua autoria, como premiação. 


Eis as estrofes vencedoras de Marciano Medeiros:

               

Batalhões de deprimidos 

Nos divãs em consultórios 

Narram desgostos notórios 

Dos dramas não resolvidos 

Destes seres desvalidos 

Que caminham tristemente 

Quem perde o farol da mente 

Diz com rosto amargurado 

A depressão tem tirado 

Os sonhos de muita gente!

     

       

No baú das memórias quando achei 

Lindas cartas de antigas namoradas

Nas veredas da mente as madrugadas

Desfilaram lembranças que guardei 

Entre as marchas das cenas garimpei 

Outras fases num sonho colorido 

Pelo trem da saudade conduzido 

Vi meus rastros do tempo de inocente

O passado me trouxe novamente 

Pra lembrar tudo quanto foi vivido. 



Na leitura de frases contundentes 

Vi que as feras do aborto são brutais 

Cospem fogo nas redes sociais  

Contra os sonhos dos fetos inocentes 

Digo aos monstros de berros inclementes 

Ninguém pode extinguir minha esperança 

De rasgar a bandeira da matança 

Estampada com sangue no brasão 

Em defesa da vida eu digo não 

Ao aborto cruel de uma criança!



Guarde a rosa do amor no pensamento

Plante um lindo jardim de caridade

Seja calmo vassalo da bondade

Pra colher o fraterno sentimento  

Fuja sempre das garras do tormento 

Pois no corpo de gente ressentida 

Quem abrir por vingança uma ferida 

Grande taça de pranto vai beber 

Entre o bem e a maldade é bom saber 

Que a colheita na frente é garantida.

 

Classificação do XI Festival Vamos Fazer Poesia:


01. Marciano Medeiros (RN) 

02. Luiz Gonzaga Maia (CE) 

03. Zema Luz (AL)

04. Andrade Lima (PE) 

05. Valbam Lopes (PB)

06. Roberto Gomes (PE)

07. Adalberto Santos (PB) 

08. Normando Cordeiro (PB)

09. Francisco Rufino (RN) 

10. Rosane Vilaronga (BA) 

11. Rena Bezerra (PB)  

12. Izaías Moura (PE)

13. Charles Sant’Ana (AL) 

14. Adeilza Pereira (PE) 

15. Maria Farias (PE)

16. Salomé Pires (SC)  

17. Edionaldo Souza (BA) 

18. Troya D'Souza (RN)

19. Núbia Frutuoso (RN) 

20. Marcos Antônio Campos (RN)

terça-feira, 30 de abril de 2024

FRAGMENTOS

 


FRAGMENTOS 


Um dedo polegar encosta no outro enquanto o cursor pisca parado há meia hora. A barriga sobe embalada por um respirar silencioso na cama quente feita de palha. A angústia se apodera dele. Frases curtas ajudam a descer mais um degrau na página que vai se enchendo de abre boca sonolento. É prosa ou poesia? Finge que não escuta a ironia. 


Opa! Acordou do cochilo. Lá está o serviço para ser feito. Lembra-se do pesadelo do cão preso na boca do outro. São lembranças que pouco modificam a forma de pensar ateniense. O que diria Sócrates ao ver a disputa animal? Prossegue por séculos essa peleja sem que precise ser ensinada. A luta é tão natural quanto o sexo. Será que é pré-requisito para que um possa exercer o outro? É fácil fazer perguntas. Quem as faz já sabe a metade. Parou!


A escuridão no silêncio da noite não deixa sons soltos. O próprio ouvido escuta as células ciliadas se acalmando. Muito barulho há produzido pelo bombear do sangue. A acústica corporal é perfeita, salvo quando no exterior. 


Todos agora somos nativos do globo. Onde você quer chegar com essas divagações? Não há onde chegar. Tudo é dinâmico no corredor do trem-tempo. Uns mais rápidos, outros nem tanto. A ilusão de fazer filhos para serem engolidos pela morte do mesmo jeito que você será embalsamado  numa caixa fechada por pregos, enfeitada com desenhos talhados, e, do outro lado do vidro, você indiferente aos pesares que desfilam nos olhos enxugados por véu preto. 


Volta a bater na tecla da inutilidade de se viver. Por que será que é crime estimular o suicídio? O estado não sobrevive sem o exército de desgraçados trabalhando para manter os doutores em seus gabinetes. Os sem-teto servem de exemplo para acalmar os insatisfeitos. Prefere viver na escravidão branca ou ao relento?


Acorde para colocar a canga de trabalhador! Vá para a greve fazer de conta que o aumento salarial vale alguma coisa, a não ser sua capacidade de devolver o dinheiro mais vultoso para o fabricante assim como a água corre para o mar. Ele precisa também fazer seu pequeno Estado em forma de associação, condomínio... afinal de contas é preciso barrar alguém no exercício do poder. São formas de agir fragmentados que o ajudam a esquecer o quão inútil é. Se assim é, escrever torna-se também, e, consequentemente, a leitura acompanha esse mesmo padrão.


Você não está se preocupando em montar uma sequência lógica da narrativa. Não precisa, tudo vai para o lixo. O lixão dos humanos recebe o nome de cemitério. Garrafas pets vazias de ideias desmanchando-se e entregando à natureza tudo que dela foi roubado. Minerais, água, sorrisos, choros tudo tudo vai ser devolvido com juros em forma de dor. Isso está ficando tenebroso. É para ser assim mesmo. Não adianta mascarar a realidade com selfies ensaiadas por sorrisos retocados. Isto aqui chama-se realidade. A alegria, qualquer que seja ela, é puríssima ilusão. A criança sapeca de hoje vai estar amanhã com a cabeça raspada pelo câncer. Não se iluda, imbecil. Sua vaidade também vai presa no sepulcro como qualquer simplicidade. Seu conhecimento ou habilidade no dizer, nada valem diante da morte. Viva ela!


Heraldo Lins Marinho Dantas 

Natal/RN, 30.04.2024 - 05h23.

domingo, 28 de abril de 2024

A CAATINGA NORDESTINA PRECISA SER PRESERVADA - Hélio Crisanto



 A CAATINGA NORDESTINA 


Quando o machado feroz

Extermina a baraúna

Mata também a graúna

Que cala triste sem voz

A plantação de avelós

Já foi metade arrancada

E está sendo dizimada

Vítima da mão assassina

“A caatinga nordestina

Precisa ser preservada”


A ganância compulsiva

Aniquila a nossa flora

E o nosso bioma chora

Sem nenhuma alternativa

Canta triste a patativa

Emudecendo a toada

Numa aroeira queimada

Chora um galo de campina

“A caatinga nordestina

Precisa ser preservada”


Se a mata for destruída

Falta a flor pra jandaíra

Falta o néctar pra cupira

Pro bicho não tem comida

Azulão não tem guarida

Bate logo em revoada

A catingueira cortada

Bota lágrimas de resina

“A caatinga nordestina

Precisa ser preservada”


Lamentar é o que nos resta

Perante todo o extermínio

E o homem segue o fascínio

De destruir a floresta

A natureza contesta

Cada planta incendiada

Cada imburana ceifada

Cada galho que declina

“A caatinga nordestina

Precisa ser preservada”


Hélio Crisanto, do livro Uma lua, um café e um batente




sábado, 27 de abril de 2024

NATAL - Nelson Almeida

 



NATAL


Tardes de sol,
Rede e anzol,
Pescador ao mar.
Azul no céu,
E sob o chapéu,
O nosso olhar.
Ginga, cocada,
Noite, seresta.
Agita a Festa
De Santos Reis.
Passa das seis,
E a ponta desponta
Negra, brejeira,
Onde a estrangeira
Encontra seu bem.

Nelson Almeida. Natal, 27/04/24. 11:36.



Todas as reaçõ

quarta-feira, 24 de abril de 2024

TENEBROSO CASTELLO - Cordel de Fonzim de Anagé












Parabenizamos ao inspirado poeta baiano Fonzim de Anagé pelo décimo lugar no concurso Ditadura Nunca Mais, promovido pelo Ponto de Memória Estação do Cordel. Seu poema fará parte da antologia que será publicada pela Estação, relativa aos 60 anos do estabelecimento da ditadura no Brasil.  


TENEBROSO CASTELLO 


"Bananada de goiaba

Goiabada de marmelo"

E depois da marmelada 

Golpe no verde e amarelo. 

Fez-se a cartilha do crime

E o Brasil foi ao regime

De um tenebroso  Castello.


E era um Castello Branco 

Cheio de salas escuras,

Mil e novecentos rífles,

Ferros para queimaduras.

Mais sessenta e quatro muros

Envolto em porões escuros

De se praticar torturas.


Um quadro feio exibindo 

Numa enorme cristaleira

Militares linha dura 

Com as cores da bandeira. 

E um cálice de tortura 

Com sangue, dor e amargura 

Para a nação brasileira. 


Numa saleta secreta

Via-se alguns generais

Discutindo as estratégias 

De atos institucionais. 

E lá fora a repressão 

Dando à população 

Sumiços pra nunca mais!


Com diversas marretadas

E pancadas de martelo 

A população com garra

Repudiava o flagelo. 

Canções de protesto e luta

Foram contra a força bruta

Até ruir o Castello.


E uma nova construção 

Foi surgindo lentamente.

Comprovando que o Brasil

É sangue e suor da gente.

Abaixo a intolerância

E viva-se a militância 

De quem constrói diferente. 


Foi se então a longa noite 

De tantos crimes brutais, 

Mordaça em toda a imprensa 

E abusos de generais.

Temendo um novo comando

Seguiremos propagando,

Ditadura nunca mais!


Autor: Fonzim de Anagé  

Anagé - Bahia

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VEJA TAMBÉM: 

1º lugar no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/versos-licoes-e-reveses-dos-ecos-da.html


2º Lugar no concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/a-arte-amordacada-edson-de-paiva.html


3º lugar no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/ditadura-nunca-mais-cordel-premiado.html


Poema que obteve a 4ª colocação no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/dos-rincoes-aos-litorais-ditadura-nunca.html


7º lugar: Do Golpe às Diretas Já - Marciano Medeiros

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/do-golpe-as-diretas-ja-cordel-de.html


1964 - Cordel de Edcarlos Medeiros

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/1964-cordel-de-edcarlos-medeiros.html


Cordel EM GRAVES E AGUDOS TONS - de Romildo Alves

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/em-graves-e-agudos-tons-romildo-alves.html


"DEMOCRACIA, PRESENTE!" - De Manoel Cavalcante

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/democracia-presente-manoel-cavalcante.html


terça-feira, 23 de abril de 2024

CORDEL DO HORÁRIO NOBRE DA LEITURA NA ESCOLA - José Acaci

 


CORDEL DO HORÁRIO NOBRE DA LEITURA NA ESCOLA

PORTARIA 760/22.10.2022
Autor: José Acaci

Eu não sou advogado,
não sou juiz, nem bedel,
mas recebi um convite
para botar no papel
um texto cheio de leis
para mostrar pra vocês
no formato de cordel.

Pensei em não aceitar
achando não ter suporte,
porém quando li o texto
tão importante e tão forte,
agradeci pela glória,
pois é um marco na história
do Rio Grande do Norte.

O Secretário De Estado
de Educação e Cultura,
do Esporte e do Lazer,
valorizando a leitura
assinou a portaria
que é de grande valia
à nossa literatura.

A portaria que eu falo
É um-cinco-oito-três (1583)
Que é de vinte dois de junho
De dois mil e vinte e três
Um grandioso projeto
Que com carinho e afeto
Eu vou mostrar pra vocês.

O governo do estado
considerando a estrutura
das leis e dispositivos
da nossa magistratura
assinou a portaria
que é uma grande horaria
ao saber e à leitura.

Essa nova portaria
vai ajustar as bitolas,
incentivando a leitura,
dando pontapés nas bolas.
Vale mais que ouro e cobre,
trata-se do Horário Nobre
da Leitura nas Escolas.

Visando contribuir
com o desenvolvimento
da leitura literária
e incentivar o fomento
à nossa literatura,
a mediação de leitura
é o principal argumento.

Essa portaria diz
que Escolas Estaduais
do Rio Grande do Norte
mudem conceitos gerais,
incentivando o saber,
pra quem não lê, passe a ler,
e quem já lê, leia mais.

Determina que as escolas
escolham semanalmente
um momento da leitura
para plantar a semente
em toda a comunidade
com luz, com seriedade,
e de forma consciente.

Que o incentivo à leitura
ganhe notoriedade
e que esse Horário Nobre
seja uma realidade
simultânea e coletiva,
atuante, forte e viva
em toda a comunidade.

O parágrafo segundo
do seu artigo primeiro
diz que todas as escolas
devem ter no seu roteiro
metas e planejamentos
pra todos os segmentos
da escola, por inteiro.

Todos os turnos da escola,
níveis e modalidades,
devem sentir-se incluídas
nos planos e atividades
que sejam oferecidas
partilhadas e vividas
nas suas comunidades.

O projeto de leitura
deve, portanto, integrar
a proposta pedagógica
com o dever de incentivar;
e deve ter na estrutura
o incentivo à leitura
na Matriz Curricular.

É o incentivo à leitura
mostrado de forma tal
que faça parte de uma
carga horária semanal,
com garra e força e sem tédio
nas aulas do ensino médio
e ensino fundamental.

É importante lembrar
o que diz a portaria:
diz que todas as escolas
devem ter autonomia
pra organizar os cenários
e definir os horários,
combinando horas e dias.

De modo que o Horário Nobre
passe a ser uma prática
que aconteça de forma
regular e sistemática,
melhorando a aprendizagem
e trazendo uma mensagem
social e democrática.

A tarefa deve ser
de toda a comunidade,
de todos os professores
que estão em atividade,
e, organizando a lógica,
a equipe pedagógica
tem responsabilidade.

Em cada biblioteca
o trabalho do regente
tem um papel importante
no cultivo da semente
do incentivo à leitura;
do amor à literatura,
e do saber consciente.

O cronograma do horário
deve ser predefinido
pela escola, e divulgado
pra ficar bem conhecido;
sem causar debilidades
das demais atividades
que se tiver definido.

Para que os estudantes
tenham oportunidade
da leitura literária
em sua diversidade:
contos, crônicas e poemas
textos dramáticos e temas
de bastante qualidade.

Também texto jornalístico,
letras de música e cordel,
além de charges e tiras
complementando o papel,
dentro das faixas etárias,
com ações lúdicas e várias
de um valoroso painel.

O governo do estado
atuou nesse cenário
investindo num projeto
democrático e solidário.
E os livros que a gente ama
vêm através do programa
RN literário.

Os livros utilizados
já foram adquiridos
nas várias feiras de livros,
por muitos já conhecidos.
Já foram comprados antes,
estão em nossas estantes
e só precisam ser lidos.

É importante lembrar
que nas ações regulares
deverão ter escritores
de todos os patamares,
mas em todas as manobras
devem ter algumas obras
dos autores potiguares.

Entre as possibilidades
de incentivo à leitura
o horário nobre deve
propiciar abertura
de espaço a mediadores,
escritores e atores
do cabedal da cultura.

Intervenções literárias
aproximando leitores,
trazendo para as escolas
os artistas e autores,
poetas de qualidade
para que a comunidade
reconheça seus valores.

O projeto de leitura
não deve ter a função
de dar ponto ou de dar nota
ou ser avaliação,
E deve ter na essência
que leitura e paciência
ajudam na educação.

Para vermos nas escolas
palestras de escritores,
apresentações de artistas;
debates inspiradores,
valorizando a cultura,
incentivando a leitura,
vivendo nossos valores.

Tomara, meu deus, tomara,
que essa bela portaria
resulte em belos saraus
de música e de poesia.
E termino agradecendo
Pelo convite e dizendo:
adeus, até outro dia.


domingo, 21 de abril de 2024

DITADURA, NEM PENSAR - Cordel de Chico de Iaiá

Felicitamos ao ótimo cordelista potiguar e santo-antoniense Chico de Iaiá pela boa colocação no concurso promovido pelo Ponto de Memória Estação do Cordel. Seu poema foi escolhido para fazer parte da antologia DITADURA NUNCA MAIS.













DITADURA, NEM PENSAR.

Chico de Iaiá


Um País esclarecido

Tem um povo à sua altura.

Não padece de conflitos

Nem precisa de censura.

Diferente dos que são

Dominados pela mão

Da megera DITADURA.


Ela mata a esperança

E persegue a liberdade.

Assassina o livre-arbítrio,

Tira da sociedade

Os direitos que são dela

E depois impõe a ela

Todo grau de crueldade.


Eu exponho como exemplo

No BRASIL o retrocesso.

Quando a elite brasileira

E a CASERNA com sucesso

Impuseram a DITADURA,

Causando uma ruptura

No Senado e no Congresso.


Este golpe trouxe ao povo

Vários tipos de mazelas.

Muitos foram sequestrados

Outros pra detrás das celas.

Pessoas executadas;

Outras tantas exiladas,

Sem as suas parentelas.


Foi no ano sessenta e quatro

Do século recém passado

Que a barbárie teve início

Por período prolongado.

Durou mais de vinte anos

E na mão desses insanos

O povão foi massacrado.


Chegando em oitenta e cinco (1985)

Após anos de tortura,

O povão criou coragem

E mudou sua postura.

Jovens de caras pintadas,

Muitas faixas estampadas,

Com: ABAIXO A DITADURA.


Graças a esse movimento

De coragem e ousadia,

Conquistamos com suor

A nossa DEMOCRACIA.

Então vim pra relembrar:

DITADURA, nem pensar,

Pois é uma anomalia.


Natal/RN



Veja também:

"DEMOCRACIA, PRESENTE!" - De Manoel Cavalcante

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/democracia-presente-manoel-cavalcante.html


1º lugar no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/versos-licoes-e-reveses-dos-ecos-da.html


2º Lugar no concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/a-arte-amordacada-edson-de-paiva.html


3º lugar no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/ditadura-nunca-mais-cordel-premiado.html


Poema que obteve a 4ª colocação no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/dos-rincoes-aos-litorais-ditadura-nunca.html


7º lugar: Do Golpe às Diretas Já - Marciano Medeiros

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/do-golpe-as-diretas-ja-cordel-de.html


10º Lugar: Tenebroso Castello - Fonzim de Anagé

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/tenebroso-castello-cordel-de-fonzim-de.html


1964 - Cordel de Edcarlos Medeiros

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/1964-cordel-de-edcarlos-medeiros.html


Cordel EM GRAVES E AGUDOS TONS - de Romildo Alves

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/em-graves-e-agudos-tons-romildo-alves.html



sábado, 20 de abril de 2024

A PERSISTÊNCIA SUPERA QUALQUER PERCURSO DA VIDA - Hélio Crisanto

 



1964 - Cordel de Edcarlos Medeiros














Parabenizamos ao inspírado poeta potiguar e caicoense Edcarlos Medeiros pela boa colocação obtida no concurso promovido pelo Ponto de Memória Estação do Cordel. Seu texto foi escolhido para compor a antologia "Ditadura Nunca Mais".

 

1964


Quando os ímãs da central 

Vibraram sons de igualdade 

Uma elite grotesca 

Espumando crueldade 

Iniciou a vigília 

No disfarce de família 

Com Deus pela liberdade 


O tumor da vaidade 

Foi acumulando pus 

Inflamado no discurso 

Que pregava nova luz 

Logo a ala carniceira

Colocou nossa bandeira 

Hasteada em uma cruz 


Ao egoísmo fez jus

A estúpida militância

Na sanha pelo poder 

Cadeira posta em vacância 

Aflorando os tons soturnos

Dos truculentos coturnos

Imersos pela arrogância


Começa a tosca alternância

Das cenas de um triste enredo

Castelo, Arthur e Emílio

Com Ernesto e Figueiredo

O fascismo em pleno cio

Germina um clima sombrio

Que se alimenta de medo  


A Lei se torna brinquedo 

Promulgam Atos escusos

Exílio, tortura e morte

Nas vias dos vis abusos 

Censura editando os temas 

Só receitas e poemas 

São amplamente difusos


Vinte e um anos confusos 

Sequelando na memória 

No eixo de um pau de arara 

Conduzido pela escória 

Ópio da alienação 

Entorpecendo a nação 

Tornando absurdo em glória


Recorte infame da história

Um drama que nunca jaz

Nas insígnias estreladas

Camuflando ânsia mordaz 

Que esse passado de sangue 

Não se torne um bumerangue

Ditadura nunca mais.


Veja também:

"DEMOCRACIA, PRESENTE!" - De Manoel Cavalcante

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/democracia-presente-manoel-cavalcante.html


1º lugar no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/versos-licoes-e-reveses-dos-ecos-da.html


2º Lugar no concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/a-arte-amordacada-edson-de-paiva.html


3º lugar no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/ditadura-nunca-mais-cordel-premiado.html


7º lugar: Do Golpe às Diretas Já - Marciano Medeiros

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/do-golpe-as-diretas-ja-cordel-de.html


Poema que obteve a 4ª colocação no  Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/dos-rincoes-aos-litorais-ditadura-nunca.html

quinta-feira, 18 de abril de 2024

GOLPE DE URUBU (Poema sobre o morto levado ao banco)

 




GOLPE DE URUBU


Um morto fazendo empréstimo 

A primeira vez que vi

Postaram, eu assisti

Toda aquela presepada

Érika toda preparada

Mandou tio Paulo assinar

O defunto sem piscar

Permanecia calado


Na cadeira bem sentado

Sem pressa nem aperreio

A caneta pelo meio

Sem escrever e nem borrar

Tio Paulo a desbotar 

Já ficando endurecido 

Lá no céu tinha alarido

Dos anjos em alvoroço.


Chupa logo esse caroço 

Gritavam pelo terreiro 

Parecia até vespeiro

Disputando a alma ingrata 

Apostando ouro e prata

Satanás disse ele desce

São Pedro disse confesse

Pra que eu possa perdoar.


Satanás disse vem cá 

Que seu lugar é aqui

Vamos logo dividir 

Esses dezessete mil

Isso é coisa do Brasil

Amanhã ninguém recorda

São Pedro jogou a corda

Puxando ele pro céu.


Satanás sempre cruel

Acorrentou-o pelo pé 

A mídia gritou olé 

Tem assunto pra semana

No banco não tem banana

A polícia foi chamada

A mulher toda arrumada 

Pegava na mão do morto.


O pescoço já bem torto

Apontando pro inferno.

Lá fora com muito inverno

São Pedro jogando água 

Érika já com muita mágoa

O dinheiro não saía 

Satanás ali sorria

Esse aqui já tá no papo.


Apareceu mais um fato

De um homem dando entrevista 

Minha senhora tá na vista

Que esse idoso já morreu

O pé chega fedeu

Arrastando pelo chão 

E quem quiser saber mais 

Procure a televisão. 


Heraldo Lins Marinho Dantas 

Natal/RN, 18.04.2024 - 09:14