segunda-feira, 22 de novembro de 2021

HELLO BRASIL - Heraldo Lins



HELLO BRASIL

 A tecnologia facilita conversas de forma quase tão interessantes quanto presencial. Acho que o afastamento social veio para ficar, e não adianta acabar com os Lockdowns nem com as máscaras: os apertos de mãos jamais voltarão. Os abraços, somente os das relações amorosas, e as reuniões continuarão estilo live. 

Aos poucos a língua inglesa está se estabelecendo. Há pouco tempo quase ninguém sabia o que era Podcast, home office etc. etc. Mais uma pandemia, e falaremos inglês fluentemente. Acredito que o vírus apareceu exatamente para que a cultura americana se estabelecesse de forma definitiva. É bem mais fácil dizer meme do que popularização de uma informação. Estamos nos acostumando tanto com os termos estrangeiros que se prefere tomar vacina Pfizer a CoronaVac. 

Isto cedo ou tarde iria acontecer, e muito mais está por vir. Não só a linguagem será substituída, mas o bumba meu boi dará lugar ao Halloween, se é que já não foi. O Dia das Bruxas está tendo um destaque maior do que o mamulengo. Nem todos sabem quem é João Redondo muito menos Quitéria. É mais lucrativo vender fantasia de assombração, pedir guloseimas nas portas do que assistir Baltazar numa briga de foice. 

Essa homogeneidade do estrangeirismo no nosso país está se estabelecendo de mansinho através dos filmes, programas para computador, aplicativos, até a pessoa que dispõe de um vale em dinheiro ou serviço diz que possui um Voucher.

Mesmo eu sendo um representante da cultura popular, vejo que estamos perdendo feio para a concorrência. Os meios tecnológicos estão anos luz à frente, priorizando suas criações. O que é de domínio público está ficando abandonado. O fato é que, o domínio público, por si só já diz que qualquer um pode se apropriar sem uma sistematização lucrativa, essa, acredito, ser a base maior de alavancar conteúdos autorais. Não é à toa que muitos canais estão gravando os próprios filmes.  

Também concordo que há um pouco de descuido por parte de quem faz a cultura popular, por não produzir conteúdos novos a cada hora. Este é o ritmo que o consumidor de entretenimento exige. A máquina cinematográfica está veemente, principalmente, com programas de computador que geram cenários novos a cada segundo. Além de serem mais perfeitos e conseguirem um resultado mais verossímil, o colorido é tratado por especialistas, os temas são ambientados pelos algoritmos que não cansam nem reclamam, apenas criam. 

O exemplo mais recente é o filme: “A família Addams“. Neste filme o cenário colorido e diversificado encanta pela riqueza de detalhes. O expectador é levado a sentir um bem-estar duradouro que "traspassa" a noite de sono. No outro dia as imagens surrealistas executaram seu papel de transformar o cinéfilo em um consumidor “doido” para assistir o próximo lançamento. 

É uma concorrência desleal. O supercomputador contra o homem sem recursos que em seu pedaço de terra entra em ostracismo cultural e vai amansar burro brabo, a única coisa que o supercomputador não faz, por enquanto.  


Heraldo Lins Marinho Dantas

Natal/RN, 09/11/2021 – 23:03



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