quarta-feira, 31 de julho de 2019

CORDEL A Flor da Mangueira Rosa de João Gomes Sobrinho – Xexéu



A Flor da Mangueira Rosa

João Gomes Sobrinho – Xexéu

Lajes meu berço querido,
Abençoado torrão,
Que me deu inspiração,
Pra tudo quanto escrevi,
Agradeço o grande mestre,
La do céu ter me ensinado,
Fazer poema inspirado,
Da terra onde nasci.

Quem vier nas Lajes vê,
A lagoa e o serrote,
Que eu fiz o primeiro mote,
Com nove anos de idade,
Naquela mangueira rosa,
Foi a minha academia,
Nela aprendi poesia,
Na maior tranquilidade.

Aquela mangueira ali,
Representa um drama infindo,
O monumento mais lindo,
Que deste solo se ergueu,
Era no quintal da casa,
Que eu brincava diário,
Hoje demonstra o cenário,
Onde um poeta nasceu.

Foi nessa mangueira onde,
Andei meus primeiros passos,
Quando saia dos braços,
De quem mais me deu carinho
A morte levou mamãe,
Pra onde quem vai não vem,
Fez eu chorar sem ninguém,
Na sombra dela sozinho.

Foi ali que eu vi abelhas,
Fazendo festa nas flores,
Passarinhos cantadores,
Saudando o nascer do dia,
O sabiá modulando,
No verde céu do arvoredo,
Como quem conta um segredo,
Num quadro de poesia.

Papai cantava comigo,
Na sombra dessa mangueira
A moda da jardineira,
E outra que dizia assim,
Enquanto vida eu tiver,
Por mim serás relembrada,
Moreninha bem-amada,
Pra que fugiste de mim,

O romance da princesa,
Do reino da pedra fina,
O de Alonso e Marina
E da cigana feiticeira,
Mistérios dos três anéis,
E a lâmpada de Aladim,
Papai cantava pra mim,
Na sombra dessa mangueira.

Essa mangueira foi palco,
De amor e poesia,
Na sombra dela eu relia,
Cartas de frases amorosa,
Cantei igual um xexéu,
Na mata verde do sonho,
Agora choro tristonho,
Revendo a mangueira rosa.

Foi o tempo esse malvado,
Quem destruiu meus amores,
Despetalou todas flores,
Do meu pé de amor prefeito,
Só não destruiu ainda,
Pra minha felicidade,
Esse jardim de saudade,
Que tem plantado em meu peito!

É esta saudade infinita,
De quem jamais esqueci,
Faz eu declamar aqui,
Sentindo a brisa cheirosa,
Trazer o cheiro suave,
Das primaveras de outrora
Recordo beijando agora,
A Flor da Mangueira Rosa!

DIA DO ORGASMO: 31 DE JULHO


terça-feira, 30 de julho de 2019

MEMÓRIAS DE UMA LEITORA - Juciana Soares



Era meio-dia e, como sempre, eu estava esperando ansiosamente, meu pai voltar do trabalho. Sabe aquela história de que para a menina o pai é o primeiro amor? Pois foi assim, meu pai era meu herói, embora, quando o tempo foi passando, percebi que seria meu bandido também! Enfim, essas são memórias sobre leitura, então, vamos direto ao ponto!
        Meu pai chegou do trabalho com um presente para mim, era uma caixa de papelão cheia de lindos livros com histórias de princesas... Nunca irei esquecer a emoção de receber aqueles livros tão coloridos, apesar de meu pai ter sido o herói que me apresentou ao fascínio dos livros e, ao mesmo tempo, o bandido que nunca leu nenhuma história pra mim.
        No entanto, depois de ter vivido muitos dissabores em minha relação pai e filha, mesmo meu pai tendo me dado a alcunha de “a trabalhosa”, não posso cometer a ingratidão de não reconhecer, tudo o que sou devo a meus pais.
Hoje, sei que a formação de um leitor depende muito de os pais lerem para seus filhos, então agradeço, porque apesar de ele não ser um leitor, e não ter dedicado seu tempo para ler para mim, papai teve a sensibilidade de me oferecer livros.
Posso não ter tido o privilégio de ter pais cultos e amorosos que liam para inspirar meus sonhos antes de dormir, mas a vida me compensou, sou caçula e cresci vendo minhas duas irmãs lendo Agatha Christie e Sidney Sheldon.
Desse modo, não herdei apenas roupas que elas não queriam mais, mas também esses livros, por mais que fosse difícil esperar que elas perdessem o interesse neles também. E como era difícil esperar para tê-los em minhas mãos!
Mesmo tendo sido enganada, inúmeras vezes, pela rainha e pelo rei do romance policial e nunca ter tido o prazer de descobrir o mistério, esse contato com a literatura universal foi muito engrandecedor para meu desenvolvimento enquanto leitora, o que me deu fôlego para adentrar por leituras cada vez mais profundas.
Portanto, minhas experiências enquanto leitora comprovam que o homem é um ser social e está sujeito à influência do meio. Mais que isso, parafraseando Pierre Bourdieu: “o hábito de ler pode ser construído socialmente desde a família”. Sendo assim, sou imensamente grata a minha por ter cumprido seu papel.


sábado, 27 de julho de 2019

MEMÓRIAS DE UM LEITOR – Jailson Lucena


         

MEMÓRIAS DE UM LEITOR – Jailson Lucena


          Sou filho de um contador de histórias e de uma apaixonada por uma boa narrativa. Me entendi por gente ouvindo meu pai contar histórias reais ou inventadas praticamente todas as noites da hora do jantar até o momento em que íamos dormir. Já a minha mãe não perdia uma radionovela todas as tardes. Parava tudo que estava fazendo e ai de nós (eu e meu irmão mais novo) se fôssemos incomodá-la. Acho que talvez seja por isso que pai e mãe se davam tão bem, compartilhavam uma sintonia quase perfeita, desfrutavam uma afinidade grandiosa. Tudo isso por causa das histórias que ele contava.
           Herdei o gosto dos dois. É por isso também que as narrativas, primeiro as orais e depois as escritas, acabaram influenciando tanto minha vida. Uns versos que traduzem bem essa minha condição estão na primeira estrofe de Mundo grande, de Carlos Drummond de Andrade:

“Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
Por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho
cruamente nas livrarias:
preciso de todos.”

            Preciso me contar para suportar o peso da minha vida e da minha história, para só assim compreendê-la,  ressignificá-la. Compartilho esse fardo com aqueles que encontro pelo caminho. Não sei escrever livros, como Drummond, por isso tento me traduzir em palavras para minhas analistas, para os meus amigos e, às vezes, até para os meus alunos. Estou sempre me contando, abrindo meu coração.

[...]

Meu primeiro contato com o universo da leitura não posso precisar. Imagino que tenha sido vendo meu pai e minha mãe tentando decifrar as anotações que o bodegueiro fazia em pequenas folhas avulsas onde eram anotadas as poucas contas da nossa família. No entanto, só vim descobrir realmente que aqueles risquinhos no papel poderiam se transformar em fantásticas histórias quando, em um domingo, na casa da minha vó, uma tia da cidade, ao olhar para “livrinhos pequenos”, enchia aquele alpendre de palavras bonitas que narravam as mais fascinantes aventuras que eu jamais ouvira falar.
            A partir daí, todos os pedaços de papel que vinham na feira, embrulhando alguma mercadoria, passaram a ser objetos de minhas “leituras”. Em voz alta, eu fingia ler histórias sobre o universo em que eu vivia ou sobre outros, imaginários, melhores e mais bonitos. Embora desconhecesse determinados mecanismos de funcionamento da língua escrita, eu já apresentava algum nível de letramento, conforme afirma Soares:

[...] a criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança é ainda ‘analfabeta’, porque não aprendeu a ler e a escrever, mas já penetrou no mundo do letramento, já é, de certa forma, letrada. (SOARES, 2014, p. 24)

            Vendo aquela minha empolgação, meu pai me matriculou em uma escola muito distante do sítio em que morávamos. Frequentei apenas três meses por causa da distância, mas foi o tempo suficiente para eu me alfabetizar. No ano seguinte voltei à escola. Era o ano de 1983, eu tinha oito anos e, naquela escola rural com as classes multisseriadas, que funcionava numa casa de fazenda, um universo se abria aos meus olhos, muito além daquelas duas serras e daquela estrada que limitavam o horizonte na frente da minha pequena casa.
            Como eu já sabia ler um pouco, comecei a explorar os quartos escuros da casa da minha vó onde deixara de funcionar há alguns anos uma escola. Lá, eu ia encontrando, misturados com muita poeira, cartazes do MOBRAL e pedaços de revistas e livros antigos. Tudo eu lia, porém, me intrigava bastante o fato de eu ler muitas palavras, mas não saber o que a maioria delas significava. Em casa, as dúvidas também continuavam, pois eu não entendia muito o que queriam dizer os rótulos dos produtos, principalmente as caixas de fósforos ARGOS, minha leitura diária. Descobri, mais de vinte anos depois, que Argos é o nome do cachorro de Ulisses, personagem da Odisséia. Já a expressão latina “hoc signo vinces in”, que tem na logomarca do produto, desconheço o significado até hoje. E foi assim que eu comecei a ampliar o meu entendimento do mundo e da vida, oscilando entre a clareza das palavras simples e o mistério das que remetem a mundos jamais imaginados por mim. E assim também tem sido até hoje: ora as palavras me revelam parte dos mistérios da vida, ora elas apontam para segredos profundos, que me deixam ainda mais confuso. O encantamento que eu tinha pela palavra escrita era inerente a minha personalidade em formação. O que não sabia era o impacto que o aprofundamento no conhecimento dessa tecnologia ia me causar nos aspectos emocional, espiritual, profissional e financeiro ao longo da minha vida, pois, segundo Soares:

Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter uma outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar de nível ou classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua relação com os outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente.” (Idem, p. 37)


            O menino inseguro, medroso, sensível e chorão, que eu era, agora encontrava um terreno onde podia caminhar com segurança, quase senhor de si. A escola era esse lugar, sobretudo porque eu tinha uma companheira e aliada: a minha professora Memem. Baixinha, afetuosa e competente no que fazia, ela reconhecia, valorizava e incentivava os meus progressos com as letras. Tratava todos os alunos com carinho e eu, perto dela, me sentia especial, pois ela não levava em conta o fato de eu ser um dos alunos mais humildes da escola. Na segunda série, às vezes, ela já dividia comigo a lição dos meus colegas da alfabetização ou da primeira série. De todos os professores, com os quais eu me identifiquei, talvez seja com ela que eu me pareço mais.
            Os livros nessa escola, eram poucos e os textos simples, direcionados para alunos de escola rural com conteúdos sobre higiene, cultura e trabalho. Nessa época, a minha diversão era decorar poemas populares que uma prima possuía em um caderninho. A minha bisavó sabia-os de cor, declamava-os para essa minha prima que os anotava em seu caderno e depois me emprestava. Por causa da métrica simples e do conteúdo dramático, lá estava eu com eles na cabeça. E, no caminho da escola, declamava-os em voz alta para meu irmão mais novo enquanto brincávamos ou corríamos com medo de raposas ou de assombrações.
            Em 1985, minha professora casou-se e nos abandonou. No mesmo ano, como eu não me identificava com a nova professora, fui expulso da escola por mau comportamento. Passei um ano sem estudar e, por causa disso, meu pai decidiu morar em outro sítio para que eu e meu irmão estudássemos.
            O que mais me chamava a atenção na nova escola era o livro didático, que trazia um conteúdo básico de quarta série, o que supria as minhas curiosidades. Lá tinha alguns livros infanto-juvenis. Entre eles eu li “As aventuras de Robinson Crusoé”, de Daniel Defoe, e fiquei dias e dias imaginando um final diferente para a história ou sonhando encontrar uma ilha deserta para viver nela as aventuras do personagem-herói.
[...]
Tive a honra de estudar com grandes mestres como o professor Marcos Agra, com quem aprendi muito, sobretudo sobre a gramática da Língua Portuguesa, minha maior deficiência. As disciplinas de Literatura me levaram aos clássicos universais que até então eu desconhecia. Influenciado pelos professores e por alguns colegas, passei a desfrutar do universo de Kafka, Sthendal, Balzac, Tolstói, Dostoiévski e tantos outros.

domingo, 21 de julho de 2019

POEMAS EM DEFESA DO NORDESTE



O Leão do Norte e Seu Rugido

Vocês tão ligado? 
Que o que nois chama de “Nordeste”
Na real foi inventado?
Porque tu, paulista, não se considera
Sudestino?
Mineiro, carioca tem Identidade própria. 
Mas é tudo a mesma merda
Esses tal de nordestino?
Só pra começo de conversa
Nordeste tem nove Estados diferentes 
Nem vem dizer que não sabia
Sul e sudeste tem IDH foda
Mas não tem aula de geografia?
De onde venho a gente diz
Oxe, eita carai, misericórdia, minha fia
É pra ter um ataque ator de novela
Quando imita nosso sotaque
É que pra vocês nois é caricatura
Num interessa de onde venho
Me chamam de paraíba
Me respeita, boy
Sou da terra de Capiba
Mestre Vitalino, Paulo Freire, Manuel Bandeira.
Brega, frevo, coco de roda, maracatu, cultura
popular pulsante, Ilha de Itamaracá, Luiz
Gonzaga, lá do Exu, Pernambuco
Só dá tu.
Só dá o sabor da morena tropicana, peço
Mais Felipe Santana dançando ciranda na praia
Do Janga.
Boa Viagem, Várzea, Boa vista
Beberibe que acomodou painho, Aurora para
Acomodar artista.
Olinda, teu sol, teu mar faz vibrar meu coração.
Dá gosto tomar uma cerveja antes do almoço
Para ficar pensando melhor.
Meu peito é Manguebeat pulsando Chico Science,
Karina Buhr, Siba e Mombojó.
Respeita a capitania que foi explorada desde
o início para arrancar cana-de-açucar.
Respeita a capitania de Zumbi dos Palmares,
Símbolo da negra luta.
Passei não só pra dar um cheiro, mas pra ser bem direta, depois de muito castelar num verso de Miró da Muribeca.
Respeita o Nordeste todinho.
As mina guerreira, as mina poeta.
E quando for imitar sotaque de pernambucano, não,
Não esqueça:
Esse é o povo mais guerreiro e vaidoso...
Em linha reta.

Bell Puã

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 AQUI NÃO 

Eu falo mainha, painho, titio
Eu ando de chinela, eu tempero o Brasil
Meu T nao é mudo e so falo o que deve
Eu ja nao tenho mais medo do mundo 
Eu tenho uma raiz que me rege
Eu sou da paz e lhe recebo la em casa, mas se eu ficar brava aí minha vista logo embaça porque sou parente de Lampião e num aceito conversa torta
Um povo arroxado nao tem quem aguente 
O fraco da gente é só cuscuz e farofa
Sempre vai ter quem se deixa levar pelas as arezias e ilusões dos salvadores dessa Pátria dos Barões
Deixe que tá! 
Ser capitão do mato é uma saída dos covardes, eles só esquecem que igualdade é a única e verdadeira verdade 
A gente nao volta mais pra senzala, nem pra cozinha, nem pro armário e eu
BERRO BEM ALTO QUE É PRA VOCÊ ME OUVIR
FASCISTA, SANGUE RUIM, CABA DE PÊA SE SAIA, PEGA O BECO DAQUI!
Eu dou nó em pingo d'água, eu belisco azulejo, eu tiro leite de pedra e pra fome e seca eu não deito.
Meu coração emocionado que só me obriga dizer:NÃO TEM NADA NESSE MUNDO QUE EU NÃO POSSA FAZER!
Eu nao quero ser rica e eu lhe digo novamente: Eu quero beber, eu quero comer, eu quero ter casa pra morar e paz pra minha gente! 
MEU POVO É FORTE, MEU SOTAQUE É LINDO, NÃO MEXA COMIGO QUE EU SOU NORDESTINA!


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Sou Arlindo Tadeu Hagen,
um camarada de sorte.
Nasci em Minas Gerais
mas tenho um chamego forte
com todos os municípios
da "Paraiba do Norte"

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EITA POVO ATREVIDO!

Eita povo atrevido
É o povo nordestino
É homem, mulher, menino
Nos enchendo de orgulho
Se afirmam sem barulho
Enaltecendo a nação
Veja Luís, Rei do Baião
O escritor Jorge Amado
Eita! Torrão abençoado
Pra ter gente de expressão

Luís da Câmara Cascudo
Historiador com vez e voz
Veja Rachel de Queiroz
Nossa escritora mais Famosa
Castro Alves, Rui Barbosa
Engrandeceram a Nação
O Padre Cícero Romão
Que elevou nossa Fé
Patativa do Assaré
Virgulino, o Lampião

Rico em musicalidade
O nordestino deita e rola
Fizeram e fazem escola
Na música ele se agiganta
Dança, batuca e canta
Cresce, voa e levita
Ousa, caminha, acredita
O nordestino é um instrumento
E quando chega o momento
Rasga o peito e a alma grita

Dominguinhos, Sivuca
Quem houve se apaixona
Vira amante da sanfona
Torna-se ouvinte exigente
Ver o mundo diferente
Da música vira parceiro
Um viva à Jackson do Pandeiro
E a sua musicalidade
O nordestino é na verdade
Um orgulho brasileiro

Rico em ritmos vários
Transpira sempre poesia
Segue na noite e no dia
Levando a vida a cantar
Vive a solfejar
Sempre uma nova canção
No litoral, no sertão
Ou num terreiro de macumba
É no compasso do Zabumba
Que bate o seu coração

Mão de obra propulsora
Do nosso desenvolvimento
Desde o descobrimento
Ele se fez presente
Sua história é comovente
Por isso “Cabra da Peste”
Seja no Sul ou Sudeste
Sempre forte e viril
Que seria do Brasil
Se não existisse o Nordeste.

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 NORDESTINOS, SIM, SENHOR, POR QUE, NÃO?


Nordestino com orgulho,

amor e consciência.
A ponto de nós compreendermos,
o ruim que vem de longe.

Nordeste só nos orgulha,
lisonjeia e presenteia
o país com grandes nomes,
a saber: João Gilberto,
Gilberto Gil, Zé Ramalho,
Djavan, Gal Costa,
Luis Gonzaga dentre tantos outros.

Nordestino com orgulho, sim,
e de tantos nomes literários: José Lins do Rego,
Gracilano Ramos, Raquel de Queiroz,
Jorge Amado e José de alencar.

Só eles já valem
para não sermos discriminados,
pelo contrário exaltados,
enaltecidos, queridos
e tecidos por uma nação,
que tem identidade e
marca próprias!

Eis como somos grandes,
efervescentes e emergentes
na histórica e cultura brasileira,
notadamente, pela resistência política,
cultural e o folclore produzidos
que, um simples presidente leigo,
não é capaz de destruir o presente
e o passado, que foram lapidados,
por homens fortes!

Assim sai de sua ignorância
e conheça a nossa história,
pois quando a "Sua Excelência"
conseguir fazer isso,
ficará, tremendamente,
envergonhado e sem norte!

Acaso, já ouviu falar em Luis Gonzaga,
Romero Brito, Câmara Cascudo,
Luís Inácio da Silva, pois uma simples
perseguição política, deste último,
não apagará o brilho
de quem fez história!

Vem, Presidente,
conhecer o Nordeste,
o berço do Brasil,
com as belezas das praias de Iracema,CE,
Ponte Negra, RN, Porto de Galinhas, PE,
além da arquitetura do Farol da Barra, BA,
Elevador Lacerda, BA, o Theatro José de Alencar, CE,
o ponto natural Moro do Careca,RN.

Portanto, só alguém daqui
é capaz de defender,
enaltecer e mostrar para o país, Brasíl,
que, aqui, também, é nosso!

Assim é uma região plural, diversificada,
porém está agraciada por:
culturas, pessoas, artes,
literatura e identidade próprias,
por conseguinte quem é a "Sua Excelência"
para falar mal do que não sabe?

Dessa forma, somos um povo forte
que, poucos gritos, vindos:
do "Sul, Sudeste,
Centro Oeste ou Norte"
não atrapalham a quem,
já nasceu, para ser histórico
grande, forte!.

Aqui, não se fala em cortar direitos,
portar armas, nem tão pouco
em discriminação de pobres.
Apenas, em resistência,
crescimento, identidade
e amor ao próximo,

Nordeste, a nossa casa,
o nosso norte!

Parte do Brasil: inteligente
e forte!

Manoel Guilherme de Freitas, São Francisco do Oeste, RN

terça-feira, 16 de julho de 2019

TAPERA - Hélio Crisanto



TAPERA Toda tapera esquecida Nos confins desse sertão Deixa um rastro de saudade A lembrança de um pagão Que sucumbiu sem defesa Vítima de inanição Quem sabe dessa tapera Saiu um grande doutor Um renomado juiz Um conhecido cantor Porque entre os pedregulhos Também germina uma flor Morcegos, ratos, corujas... Dormem pelos seus escombros O fantasma da pobreza Seu dono levou nos ombros Antro de vidas passadas Onde dorme os “malassombros” Quem morou nesse casebre Muita precisão passou Talvez por necessidade Varias vezes jejuou Sem ter o pão da família Olhou pro céu e chorou

sábado, 13 de julho de 2019

CAUSOS DE FAMÍLIA - Gilberto Cardoso dos Santos




CAUSOS DE FAMÍLIA - Gilberto Cardoso dos Santos

Você ouviu a mais nova
Pérola do presidente?
Não é lá tão preciosa
- De nióbio certamente
Jair, que não dá sossego
Com os cabides de emprego
Nomeia mais um parente.

É um mico atrás do outro
O Messias não dá trégua
A ganância é sem limite
Maior do que qualquer régua
Ele não vê empecilho
Assim vai botar o filho
Na Embaixada da égua.

O filho é mestre em hambúrguer
E de açaí também manja
Dudu diz que é bom de língua
No verbo To Be esbanja
Tem vasta incapacidade
Mas sua especialidade
É com suco de laranja.

No colo do Tio Sam
Encontra firme agasalho
Vai dizer YES a Trump
O mais sublime paspalho
Sem falar na alegria
De cursar filosofia
Com Olavo de Carvalho.

Dizem que o Itamaraty
Está sendo aparelhado
Só quem crê na Terra Plana
Está sendo convocado
O aquecimento Global
Já não perturba o curral
Um Carvalho abriga o gado.

Papai vai sentir saudades
Do pralamentar suspeito
É hora de desmamar
Quem não quer largar o peito
Numa expressão mais exata
Chamam de diplomamata
Fere o estado de direito.

É o governo da família
Posta em primeiro lugar
Jair, que casou 3 vezes
Às famílias quer honrar
Pastor Silas deu o tom
Fora um vigoroso AMOON
Não vi o gado berrar.

O choro "dos vermelhinhos"
É encarado com cinismo
Os absurdos do Mito
Aplaudem com otimismo
Tudo ele pode fazer
Nepotismo?  pode ser!
Não pode é o neopetismo.


(Gilberto Cardoso Dos Santos)
Santa Cruz, 14.07.2014



Gilberto Cardoso Dos Santos

gcarsantos@gmail.com

quinta-feira, 11 de julho de 2019

PROBLEMAS NO PARQUE GATOECOLÓGICO



PROBLEMAS NO PARQUE GATOECOLÓGICO 

(autor: Gilberto Cardoso dos Santos)

Pense num balaio de gato
No parque de caminhada
Tem mais gato ali que gente
Cuja energia é roubada
Leio em letras garrafais
"Não pode entrar com animais"
Em uma placa da entrada.

Às vezes tenho receio
De frequentar o local
Pois vez por outra com raiva
Me chamaram de animal
Sou para a Filosofia
E conforme a Biologia
Animal racional.

Mas o animal humano
Na irracionalidade
Tentando fazer o bem
Cria uma calamidade
Peca, por sua atitude
Contra quem busca a saúde
Ou caminhar à vontade

Mas ninguém entra com os gatos
Pois lá dentro já estão
Crescem e se multiplicam
Sem nenhuma restrição
Os ratos já se acabaram
feito tigres eles ficaram
Na parca vegetação.

Do sol quente se protegem
Na sombra dos matagais
De dia ficam na pista
De noite miam demais
Aos vizinhos causam horror
Pois gemem fazendo amor
Causando inveja  aos casais.

Passa uma mulher casada
Caminha alegre e faceira
"Olha que gatinho lindo"
Fala para a companheira
Ricardo fica se achando
E o povo acaba pensando
Que  é uma mulher chifreira.

Sempre há um bom franciscano
Que à tarde lhes traz comida
Por isso,  os gatos com fome
Se reúnem na descida
Quem caminha tem receio
De passar naquele meio
E levar uma mordida.

Se sofrer uma dentada
Pesada será a cruz
De ter a vacina grátis
Sua chance se reduz
Muitos foram, não acharam
Pois os gatunos tiraram
Vários recursos do SUS.

Eu ando pisando em ovos
No meio da gataria
E a presença dos bichanos
Até me beneficia
Quando passa uma mulata
Digo alto: "Olha que gata"
E a mulher nem desconfia.

Alguns desejam matá-los
Algum veneno  botar
Mas sabem que com a Justiça
Poderão se complicar
Sempre tem alguém filmando
 também ficam pensando
Nos sete anos de azar.

Mesmo comendo um pernil
Não gosto de ver maus tratos
Todo bicho necessita
De cuidados mais exatos
Com o mais devido respeito
Algo precisa ser feito
Nada tenho contra os gatos.

Quem Tem culpa, eu? Você
Que aos bichanos alimenta?
Muita gente só  caminha
Com o problema não esquenta
Se quer de fato ajudar
Tente pra casa levar
Uns 20, 30 ou 40.

Dá vontade de escrever
Alguns versos fesceninos
Sobre as xaninhas que fogem
Das carícias dos meninos
Vez por outra um caminhante
Suporta a dor lancinante
Dos caninos dos felinos.

Fica aqui o meu protesto
Num cordel bem humorado
Sugiro aos legisladores
Que o nome seja mudado.
Não de Parque Ecológico
Mas de Parque Gatológico
Deveria ser chamado.

Gilberto Cardoso Dos Santos
Santa Cruz, 11 de Julho de 2019