A você
Não falo pelo o poeta em si,
Mas sim nas angústias de seus versos.
E sinto por aqueles que o guardou para si.
Será mesmo que se faz necessário uma lágrima para cada poema,
Ou é lá, naquele verso, que encontramos a dor de todo poeta?
Verso por verso, o poeta transpassa a sua identidade,
E como um todo a própria história.
Com toda a transparência consegue sentir até o que não o pertence,
Observando histórias e dando vida, a cada uma, em sua poesia
Tornando-se assim uma incógnita ao escrever.
Fernanda Cândido
terça-feira, 16 de outubro de 2018
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
SUPER-SADIO - Heraldo Lins
SUPER-SADIO
Heraldo Lins – 15,10.2018 -Natal/RN
Na idade adulta, muito trabalhador. Hora marcada para cada trabalho que se propunha a fazer. Estava sempre a pensar no próximo compromisso. Agenda na cabeça. Não esquecia nada. Oito filhos para criar imprimia-lhe um ritmo acelerado em busca do sustento de domingo a domingo. A única festa era trazer refrigerantes para a ninhada que saltitava de alegria ao vê-lo apontar na esquina. Ao chegar à casa havia briga dos menores disputando o colo. Cada um tinha seu tempo para passar com ele e contar-lhe como foi a semana. Se havia denúncia de alguma travessura, com paciência mostrava-lhes o caminho correto a seguir. Para àqueles descendentes ali estava o super-herói. Músculos caracterizando homem familiarizado com o trabalho braçal.
Denunciado, certa vez foi preso. A inveja o levou à prisão. Não conseguiram prendê-lo por muito tempo. A verdade veio à tona e o soltaram duas horas depois. No dia seguinte Judas passou em frente à sua casa e o cumprimentou. O mesmo respondeu “BOM DIA” como se nada houvesse acontecido. Homem sem rancor. Foi ensinado que o ódio é contra quem carrega.
Seu objetivo era manter todos estudando tendo o que comer. Mesmo sem saber ler fluentemente, admirava quem sabia. Trouxe todos para a cidade. Lá prosperou. Comprou um sítio e uma casa. Algumas cabeças de gado faziam-lhe a felicidade. De casa para o trabalho. Paciente, ouvia a todos. Seu filho caçula fora assassinado. Tiro na nuca. Meteu-se com coisa ruim. Não derramou uma lágrima. Cada um segue o seu caminho.
- Por falta de conselho não foi, apenas murmurou.
Os dias foram passando. Aglomeraram-se em semanas, meses, anos, décadas empurrando-o para a velhice. Vendo os netos gritando hoje dentro de casa para ele é o seu divertimento. Às vezes se refugia no seu quarto, mas os menores vão perguntar-lhe: _ Vovô! Já tá dormindo?
Mas quem pensa que os compromissos acabaram, ficou enganado. Hoje ainda visita o sítio.Olha os animais. Dá ordens, mas sua preocupação maior está voltada para os dezesseis comprimidos diários que tem que ingerir. Na sua maioria são horários diferentes. Sua atenção está voltada para não esquecê-los. Quando esquece um deles o marcapasso dá sinais de que não está bombeando o sangue. Se esquecer outro as dores na coluna voltam. Se não tomar àquele a infecção urinária invade o sistema. Anda com bastante dificuldade. Mas se perguntarem o que sente, ele diz:
- nada... “tô bonzim”.
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
TRÊS MARTELADAS DE AMIZADE (Gilberto Cardoso dos Santos – gcarsantos@gmail.com)
TRÊS MARTELADAS DE AMIZADE
(Gilberto Cardoso dos Santos – gcarsantos@gmail.com)
Ao baixar a poeira deste pleito,
Tão repleto de ideias divergentes,
Procuremos ser mais resilientes,
Acalmemos a bomba em nosso peito.
Hora é de esquecer o desrespeito,
O assédio, o insulto, a invasão;
De buscar, cultivar e dar perdão;
De expurgar tudo que nos desconforta.
Amizade é o martelo que abre a porta
Emperrada por causa da eleição.
Hora é de fazer o desbloqueio;
De brincar com quem antes se brincava;
De sonhar com quem antes se sonhava,
Mesmo vendo um futuro muito feio;
De abraçar-se com o outro sem receio
E sentir-se na mesma condição.
Não cultive a intriga, a divisão
E nem mire o irmão de cara torta.
Amizade é o martelo que abre a porta
Emperrada por causa da eleição.
Diz o povo que o que não tem remédio
Por si mesmo já está remediado.
Vamos ver a colheita, o resultado,
Se há firmeza na base deste prédio.
Ao findar a paixão, chegar o tédio,
Esperar o retorno da razão.
Muitas perdas, talvez, amputação...
Por enquanto, porém, “Inês é morta”.
Amizade é o martelo que abre a porta
Emperrada por causa da eleição.
Texto inspirado em
TRÊS MARTELOS DE AMIZADE
Antônio Francisco - Poeta cordelista
Pra nós sermos amigos de verdade,
Precisamos amar e querer bem;
Repartir nosso pão pela metade;
Dividir nossos sonhos com alguém;
Plantar uma semente de amizade
No jardim onde nasce a solidão
E dizer no ouvido do ermitão:
Plante um pé de amizade em sua horta!
Amizade é a chave que abre a porta
Do castelo onde mora o coração.
Dê uma volta no carro da amizade,
Puxe 80 km de amor!
Se desvie da estrada do rancor;
Dê banguela descendo a humildade;
Acenda os faróis da caridade;
Ilumine a estrada do irmão;
Baixe o vidro da porta e dê com a mão,
Esse gesto é tão simples mais conforta.
Amizade é a chave que abre a porta
Do castelo onde mora o coração.
Se afaste do caos da vaidade;
Nunca pise na beira desse abismo
Nem se mele com a lama do egoísmo;
Beba água da fonte da verdade...
Só assim entraremos na cidade
Batizada com o nome de Sião.
Vamos todos, amigos, dar a mão!
Uma amizade sincera ninguém corta.
Amizade é a chave que abre a porta
Do castelo onde mora o coração.
terça-feira, 9 de outubro de 2018
AS TUAS PALAVRAS
As tuas palavras
Nelson Almeida
Natal, 6 de outubro de 2018
Meu coração trilha caminhos desconhecidos
Navegas em águas profundas
Sem saber que a todo instante
O amor corteja a dor e o desatino
E mesmo sem perceber
A minha alma implora teus afagos
Deseja tuas palavras
Doces e meras palavras.
Nelson Almeida
Natal, 6 de outubro de 2018
Meu coração trilha caminhos desconhecidos
Navegas em águas profundas
Sem saber que a todo instante
O amor corteja a dor e o desatino
E mesmo sem perceber
A minha alma implora teus afagos
Deseja tuas palavras
Doces e meras palavras.
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