quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

CADÊ AS LUZES DO NATAL DE SANTA CRUZ? - Marcos Cavalcanti

 

                    Chegou dezembro. Estamos às vésperas do Natal. O comércio renova suas mercadorias e anunciam promoções a torto e a direito. Nas vitrines, o vermelho, o branco e o prateado vestem os impassíveis manequins. Nas fachadas dos prédios comerciais microluzes piscam capitalizando olhares já capitalizados. No recôndito dos lares os adornos natalinos assumem lugares de destaque para lembrar uma das mais simbólicas datas da cristandade. 
                    Em tempos pretéritos estampei na capa do jornal Memorial Santacruzense, o seguinte título: Santa Cruz, Cidade Luz! Era no tempo da administração de um doutor. Tempo em que na praça Cel. Ezequiel Mergelino se montava um presépio iluminado, para o qual os pais se dirigiam felizes levando as suas crianças para fotografá-las ao lado de um Papai Noel magrinho, contratado por Zé Retratista. Tempos depois, a Casa de Cultura Popular ganhou pelo esforço de muita gente, um presépio em tamanho natural, e este serviu de cenário para muitos outros clics e admiração. As crianças subiam sorridentes no burrinho e na vaquinha e os adultos tocavam com reverência o menininho da manjedoura. Paradoxo dos paradoxos, obra de um crente e de um ateu que deixando de lado as suas convicções mais íntimas, entendiam com respeito o que significava aquela realização para a grande maioria dos cidadãos santacruzenses. Passados mais alguns anos, o presépio foi esquecido e finalmente lançado nos monturos de lixo da cidade. Todavia, não faz parte do lixo da história, pois está registrado em fotografias e nas nossas lembranças o bem que fez a Santa Cruz, não só por sua beleza estética e valor cultural de que era dotado, mas sobretudo pelo caráter prático e solidário de sua idealização, pois através dele conseguimos que as populações de Santa Cruz, Lajes Pintadas e Campo Redondo doassem dezenas de brinquedos para melhorar o acervo da brinquedoteca do Hospital Universitário Ana Bezerra.
                   É quase Natal na turística Cidade Santuário, de modo que como cidadão, julgo ser lícito perguntar: Onde estão as luzes do Natal, pagas com os nossos impostos? Queimaram todas? Onde foram depositados os anjos que de trombetas em punho anunciaram o Natal e o Ano Novo do ano passado? Bateram asas? Onde estão as centenas de metros de mangueiras de luzinhas que contornavam o Teatro Municipal, o Pinguinho de Gente, os arcos da Vila de Todos, metade da frente da igreja Matriz e os troncos das árvores? Não é hora, senhora prefeita, de pendurá-los? Não é hora de acender a nossa Cidade Luz? Não é hora de incrementar ainda mais a ornamentação?
                  É hora sim de enfeitar as nossas praças, dando ao povo aquilo que ele espera e que já estava acostumado a ver, reforçando na prática o que diz o nosso recém eleito Hino Municipal, cujo estribilho canta assim: Terra pujante e gloriosa, salve! salve! Santa Cruz, tua força, TUA LUZ, tua glória, a todos seus filhos conduz.”. A cidade turística, que tradicionalmente se iluminava no dia 30 de Novembro, para marcar com brilho o dia de seu aniversário, não pode se atrasar, não pode se apagar.
                  Já não tivemos carnaval, já não vimos o brilho do tradicional Festival de Quadrilhas, não podemos ficar na escuridão neste Natal. Bastam os dias sombrios de violência que nos afligiram durante o ano inteiro. Queremos luz, queremos paz, queremos o colorido piscante, pulsante que nos empresta alguma autoestima; queremos o canto festivo que alimenta o nosso ser sensível. Pagãos, cristãos, crentes ou ateus, somos todos demasiadamente humanos e esperançosos de que dias melhores hão de vir para a nossa querida cidade de Santa Cruz, pois se de dia já “quase” não falta água, que no Natal e Ano Novo, de noite não falte LUZ.
                                                                                                               Marcos Cavalcanti

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